Uma investigação sobre os devastadores incêndios florestais em Maui revelou diversos problemas relacionados à preparação para emergências na ilha e à coordenação antes e durante as chamas que destruíram a paisagem. Em 8 de agosto de 2023, quatro incêndios florestais atingiram grande parte de Maui, resultando na morte de 101 pessoas e causando prejuízos de US$ 6 bilhões. Após a tragédia, surgiram questionamentos sobre o que deu errado e como os danos e as perdas de vidas causadas pelo incêndio poderiam ter sido evitados.
A nova investigação, um Relatório de 84 páginas produzido pela Western Fire Chiefs Association, busca responder a algumas dessas perguntas. O relatório apontou que algumas equipes de emergência do Corpo de Bombeiros de Maui utilizaram o aplicativo de mensagens WhatsApp para fornecer atualizações de situação, mas nem todos no departamento adotaram essa prática, conforme reportado pela CNN. Os investigadores também constataram que as rotas de evacuação na ilha estavam bloqueadas por obstáculos e que os procedimentos de evacuação foram prejudicados por problemas de comunicação.
A falta de preparação também contribuiu para o caos no dia em que os incêndios irromperam; de acordo com o relatório, após o Serviço Nacional de Meteorologia emitir um alerta de bandeira vermelha, houve um pré-posicionamento “mínimo” de equipes de emergência e equipamentos de combate a incêndios para lidar com possíveis incêndios florestais. Apesar de apontar as falhas operacionais ocorridas antes e durante os incêndios, o relatório reconhece os “recursos limitados da ilha” e o esforço das equipes de resposta em face da magnitude e escala dos incidentes.
Os investigadores destacaram que quase todos os funcionários e veículos controlados pelo Corpo de Bombeiros de Maui foram direcionados para auxiliar no combate aos incêndios florestais. O relatório ressaltou que o sistema de resposta a emergências não entrou em colapso, mas foi sobrecarregado pelas condições climáticas extremas e pelos incêndios, e elogiou os esforços dos funcionários em turno de 36 horas ou mais para conter as chamas e salvar vidas.
Além das conclusões, o relatório apresentou 111 recomendações para prevenir ou mitigar futuras catástrofes similares. Entre elas, estão sugestões para que os bombeiros trabalhem com as autoridades locais e estaduais para identificar as principais rotas de acesso e desenvolver planos de contingência para cenários de incêndio. Também foi recomendado que as autoridades desenvolvam um sistema de alerta de emergência multilíngue para informar os turistas sobre ameaças de incêndios florestais.
O relatório mencionou que o Corpo de Bombeiros de Maui já estava implementando mudanças institucionais em resposta aos incêndios florestais, como um programa de substituição da frota de veículos de serviço, e foi elogiado por isso. A investigação sobre a causa do incêndio em Lahaina ainda está em andamento no Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, conforme informou o chefe do Corpo de Bombeiros de Maui, Brad Ventura. O relatório foi divulgado antes do anúncio da procuradora-geral do Havaí, Anne Lopez, sobre as descobertas iniciais da investigação conduzida por seu escritório e pelo Fire Safety Research Institute. O relatório analisou um período de 72 horas que abrangeu o início dos incêndios até a fase de rescaldo do incidente.