Um alerta urgente foi emitido às autoridades de saúde e às empresas farmacêuticas para que colaborassem na disponibilização de um medicamento que pode prolongar a vida de milhares de mulheres com câncer de mama incurável. Especialistas do Breast Cancer Now enfatizaram que a vida das mulheres será significativamente comprometida com qualquer atraso adicional, pedindo a disponibilização do Enhertu o mais rápido possível para mulheres na Inglaterra com um tipo específico de câncer de mama.
Em março, foi anunciado que o tratamento foi restringido para uso generalizado no NHS para mulheres com câncer de mama secundário incurável com baixos níveis de HER2, devido a preocupações com o preço elevado. O Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados (Nice) declarou que o custo solicitado pelo NHS pelo trastuzumab deruxtecan – comercializado como Enhertu – era considerado muito alto em comparação com os benefícios que oferecia.
Uma petição assinada por um quarto de milhão de pessoas apelou por uma “solução urgente” para garantir que o tratamento fosse disponibilizado às mulheres com câncer de mama secundário o mais rapidamente possível. O Enhertu é o primeiro tratamento direcionado licenciado para pacientes com câncer de mama com baixo HER2 que não pode ser removido cirurgicamente ou que se espalhou para outras partes do corpo, também conhecido como câncer de mama metastático. O Breast Cancer Now afirmou que o medicamento pode fornecer às mulheres mais seis meses de vida.
Atualmente, as mulheres na Escócia com doença secundária incurável com baixo HER2 têm acesso ao medicamento, enquanto as demais no Reino Unido não têm. Se o Nice tivesse recomendado o tratamento, cerca de 1.000 pacientes por ano seriam elegíveis. A Baronesa Delyth Morgan, executiva-chefe do Breast Cancer Now, enfatizou a importância de uma pronta disponibilização do Enhertu, ressaltando que a vida das mulheres estaria em risco sem ele.
O projeto de orientação publicado pelo Nice em setembro indicou que não recomendaria o Enhertu para uso no NHS na Inglaterra devido a incertezas nas informações fornecidas pelo fabricante, solicitando mais detalhes. As negociações comerciais com as empresas farmacêuticas Daiichi Sankyo e AstraZeneca interromperam a avaliação em dezembro, e em março foi anunciado que as conversações haviam sido encerradas sem um acordo de preços estabelecido.
O Breast Cancer Now instou os líderes da saúde e as empresas farmacêuticas a aproveitarem a oportunidade apresentada pelo atraso na publicação das orientações finais do Nice para encontrar uma solução. As negociações entre as partes foram retomadas, mas um comunicado do NHS aos deputados da Comissão Parlamentar de Saúde indicou que a Daiichi Sankyo aumentou a proposta de preço do medicamento, o que complicou ainda mais a situação.
Tracy Pratt, uma enfermeira do NHS diagnosticada com câncer de mama secundário HER2 baixo, expressou sua angústia ao saber que o NHS rejeitou o uso do tratamento. Ela enfatizou que o Enhertu lhe daria mais tempo de qualidade para desfrutar da vida com sua família e amigos, viajar e continuar trabalhando como enfermeira, trazendo esperança para o futuro. A Daiichi Sankyo e a AstraZeneca manifestaram sua disposição em dialogar com o NHS England e o Nice para encontrar uma solução.
A pressão continua sobre as autoridades de saúde e as empresas farmacêuticas para agirem rapidamente e disponibilizarem o Enhertu para as mulheres que dependem desse tratamento para prolongar suas vidas. Atrasos na aprovação e disponibilização de medicamentos essenciais podem ter um impacto significativo na saúde e no bem-estar dos pacientes, destacando a necessidade de uma abordagem colaborativa e eficiente para garantir o acesso a terapias vitais. A prioridade deve ser sempre a saúde e o bem-estar das pessoas afetadas pelo câncer de mama e outras condições de saúde graves.