Se Emma Hayes tivesse feito um Jurgen Klopp, talvez a preparação para a final da Liga dos Campeões Feminina deste fim de semana tivesse sido um pouco diferente, mas não muito.
Durante a despedida do técnico do Liverpool em Anfield, Klopp pegou o microfone e gritou o nome de seu sucessor, Arne Slot, antes que o holandês fosse oficialmente confirmado pelo clube. Hayes e Chelsea não podiam se dar ao luxo de fazer o mesmo, depois de ganhar o quinto título consecutivo da Super League Feminina em Old Trafford, mas se ela tivesse feito isso, não teria sido uma surpresa saber quem a substituiria em Stamford Bridge.
Sonia Bompastor e Lyon podem estar gratos por isso, mesmo que o futuro de Bompastor continue a ser o segredo mais mal guardado em Bilbao antes da final da Liga dos Campeões em San Mames. O Chelsea não quis atrapalhar os preparativos do clube francês antes de defrontar o campeão Barcelona, mas Bompastor deverá partir, independentemente de o Lyon recuperar o título europeu. Após 12 anos de Hayes, Bompastor será confirmado como o próximo técnico do Chelsea após o fim de semana.
Bompastor, de 43 anos, pode sair em alta, já tendo levado o Lyon a três títulos consecutivos da Divisão 1 Feminina e à Liga dos Campeões Feminina desde que assumiu o comando em 2021. Isso pelo menos reflete a ambição do Chelsea de sustentar o sucesso que Hayes trouxe. Pode parecer impossível substituir o que o Chelsea perdeu, com Hayes sendo uma figura de proa tão transformacional e carismática, mas aproximar-se de uma superpotência europeia e tirar partido de um dos melhores é um sinal de onde o Chelsea quer estar.
Certamente, sendo a única treinadora mulher a vencer a Liga dos Campeões Feminina nos últimos 15 anos, derrotando o Barcelona na final de 2022, o Chelsea acredita que Bompastor pode ajudar o clube a dar o próximo passo na Europa. Um contra-argumento é que Bompastor teria mais a provar. O domínio do Lyon precedeu seu período no comando, conquistando cinco dos oito títulos da Liga dos Campeões Femininos, seu recorde, entre 2016 e 2020. Bompastor herdou um dos times mais fortes do futebol feminino.
E, no entanto, as raízes de Bompastor no Lyon são mais profundas, como a primeira mulher a vencer a Liga dos Campeões como jogadora e como treinadora. Tendo feito 156 partidas pela seleção francesa, Bompastor foi capitão do Lyon na conquista dos títulos da Liga dos Campeões em 2011 e 2012. Como ex-lateral e meio-campista, Bompastor foi abençoado com uma “varinha de pé esquerdo”, disse Hayes antes da Liga dos Campeões do Chelsea. quartas-de-final com o Lyon no ano passado.
Bompastor passou a ser treinador após sua aposentadoria, trabalhando na academia do Lyon até Jean-Luc Vasseur ser demitido e o rival Paris Saint-Germain se tornar campeão da França pela primeira vez em 2021. Desde que assumiu o comando e trabalhou ao lado da assistente Camille Abily, ex-jogadora da França e do Lyon, Bompastor reafirmou a posição dominante do clube. O Lyon venceu o campeonato por nove pontos nesta temporada e está invicto na Europa.
A recuperação do Lyon frente ao PSG nas meias-finais, depois de perder por 2-0 em casa na primeira mão, foi o momento mais marcante da campanha. O Lyon não entrou em pânico e Bompastor orientou a recuperação. Marca o segundo encontro em três temporadas contra o Barcelona. Se o Lyon vencer, ela se tornará a primeira mulher a vencer a Liga dos Campeões Feminina duas vezes.
O Chelsea, porém, parece já estar convencido. É significativo que Hayes seja substituída por outra mulher, visto que o técnico que está saindo do Chelsea falou longamente sobre a falta de treinadoras na Inglaterra e sobre os níveis de elite do futebol. Tudo acontece num momento em que o Barcelona, cujo atual treinador Jonatan Giraldez também irá deixar o clube após a final de Bilbao, pondera nomear a primeira mulher treinadora na história do clube.
Por enquanto, o Chelsea está preparado para esperar um pouco mais – Hayes disse anteriormente que era “injusto” discutir a sua substituição antes de ingressar nos Estados Unidos. Lyon e Bompastor estão totalmente focados em conquistar o nono recorde da Liga dos Campeões Feminina. Quanto ao que vem a seguir, tudo poderá ser confirmado logo depois.