Uma startup sueca encontrou uma maneira inovadora de transformar resíduos da indústria florestal em bioplástico, que pode ser utilizado na fabricação de uma ampla gama de produtos, desde sacolas de compras até smartphones.
O material biológico utiliza lignina, um componente principal da madeira que normalmente é descartado e queimado em fábricas de papel e celulose. Um método desenvolvido pela Lignin Industries permite a transformação desse pó de lignina indesejado em um material biológico chamado Renol.
O Renol tem a mesma cor e cheiro da madeira, mas apresenta a versatilidade do plástico, oferecendo uma alternativa sustentável aos materiais fósseis que dominam atualmente a indústria do plástico.
“Estamos substituindo o petróleo como matéria-prima”, afirmou o Dr. Christopher Carrick, fundador da Lignin Industries em 2018 e atual diretor de tecnologia da startup.
“A diversidade do nosso material é o que o torna único. Normalmente, um material biológico seria adaptado para uma aplicação específica, mas o nosso pode ser utilizado em diversos tipos de plásticos, desde sacolas de compras até peças de carros.”
O presidente-executivo da Lignin Industries, Fredrik Malmfors, destacou: “Estamos vendo cada vez mais pessoas migrando para sacolas de papel. O papel é ótimo, nós gostamos de papel, mas estamos em uma posição intermediária entre o papel e o plástico. Assim, obtemos a compatibilidade climática do papel com a praticidade dos plásticos.”
Um dos principais desafios na criação de um produto comercializável foi eliminar o odor de ovo podre que vinha do processo químico de transformação da lignina em pó no termoplástico Renol.
Depois de cinco anos de desenvolvimento, a Lignin Industries descobriu como manter o aroma original da lignina, fazendo com que o material possua agora um cheiro de “madeira de floresta”. A empresa está agora comercializando seu bioplástico, tendo garantido um importante contrato com uma empresa no Reino Unido que produz plásticos para carregadores de veículos elétricos, bombas de calor e aspiradores de pó.
A descoberta do bioplástico ocorre em meio a uma crescente preocupação em relação aos fabricantes que produzem plásticos altamente poluentes.
Um estudo recente nos EUA descobriu a presença de microplásticos em todos os testículos humanos analisados, enquanto uma investigação separada na China os encontrou em coágulos sanguíneos no coração, cérebro e pernas.
No início deste mês, um projeto liderado pela Universidade de Leicester revelou que plásticos coloridos se degradam mais rapidamente do que os plásticos de cores mais neutras.
“Plásticos coloridos, como vermelho e verde, degradam-se e formam microplásticos com muita rapidez”, explicou a Dra. Sarah Key, da Escola de Química da Universidade de Leicester, responsável pela pesquisa.
“Para itens que são utilizados ao ar livre ou expostos à luz solar… [Os fabricantes devem] considerar evitar cores vibrantes para garantir a máxima durabilidade dos produtos.”
A Lignin Industries afirma que seu bioplástico marrom pode reduzir a quantidade de microplásticos e impulsionar a transição para práticas mais sustentáveis, sendo capaz de suprir mais de 50% da demanda global por plásticos com seu material Renol de carbono negativo.
“Existe uma grande necessidade de aumentar a reciclagem, mas também de promover o uso de materiais biológicos”, destacou o CEO da Lignin Industries, Fredrik Malmfors.
“Há uma quantidade significativa de lignina disponível. Apenas na Europa, são disponibilizadas pelo menos 100 milhões de toneladas de lignina anualmente. O grande benefício da biomassa é que ela absorve dióxido de carbono da atmosfera à medida que cresce. Isso significa que nosso material não apenas tem uma pegada de carbono neutra, mas também negativa – é fundamental quebrar a hegemonia dos materiais fósseis na indústria dos plásticos.”