A inteligência artificial (IA) está transformando a maneira como dispositivos domésticos comuns, como chaleiras e chuveiros elétricos, podem desempenhar um papel crucial na segurança e no bem-estar de pessoas idosas ou vulneráveis. Esses dispositivos conectados sem fio a medidores inteligentes ou convencionais agora têm a capacidade de monitorar o uso de eletrodomésticos de alta potência, como micro-ondas e máquinas de lavar, para identificar qualquer desvio no padrão de rotina que possa indicar a necessidade de assistência médica.
Ao usar aprendizado de máquina, esses dispositivos podem aprender os horários em que esses aparelhos são tipicamente utilizados e detectar qualquer comportamento anômalo que possa acender um alerta. Por exemplo, se uma pessoa geralmente ferve água para fazer chá às 8h e a chaleira não é acionada até as 9h, o sistema automaticamente envia uma mensagem de texto para o morador. Se não houver resposta, um alerta é enviado para contatos previamente indicados, como familiares, cuidadores, vizinhos ou serviços de resposta, para verificar o estado da pessoa.
Esse dispositivo alimentado por IA e IoT é parte de um projeto chamado Blackwood Homes Peoplehood, que atualmente está em fase de teste em 19 famílias em diferentes regiões. Stephen Milne, diretor de projetos estratégicos da Censis, um dos parceiros do projeto, explicou que a tecnologia visa aproveitar os dados energéticos para melhor informar a assistência social e apoiar um envelhecimento saudável. O sistema aprende o comportamento típico do indivíduo e detecta possíveis problemas, como quedas ou mudanças graduais na saúde ao longo do tempo.
Uma das principais vantagens desse dispositivo é o fato de que ele pode detectar cada item monitorado de forma individual, tornando mais fácil identificar qualquer desvio padrão. Além disso, sua operação passiva garante que seja quase imperceptível para o morador, garantindo a privacidade e a independência das pessoas atendidas. Com base nos resultados dos testes em andamento, a equipe por trás do projeto pretende avançar no desenvolvimento da tecnologia e levá-la a um estágio de produto comercial para atender a uma escala muito maior de usuários.
O aparelho conta com o apoio de um consórcio de parceiros que incluem Censis, Universidade de Edimburgo, Mydex CIC, Carebuilder e Blackwood Homes and Care. Com um algoritmo de processamento centralizado, os dados são analisados localmente na propriedade, garantindo segurança e privacidade aos usuários. Um exemplo prático do sucesso desse dispositivo foi a experiência de Evie, uma senhora de 80 anos que mora sozinha em Buckie.
No ano passado, Evie desmaiou em sua casa e ficou inconsciente. Como o dispositivo não detectou atividade dela na hora do jantar, um alerta foi gerado, acionando o envio de uma mensagem de texto e uma ligação automática para o contato de emergência. Graças a essa rápida ação, um vizinho pôde encontrar Evie e chamar uma ambulância, salvando-a de um grave problema de saúde. Evie creditou ao dispositivo o fato de ter recebido ajuda a tempo, evitando uma situação potencialmente fatal.
Essa história de sucesso reforça a importância da combinação de IA e IoT na melhoria da segurança e qualidade de vida de pessoas vulneráveis. Com avanços contínuos nessa área, é possível criar sistemas cada vez mais eficazes e discretos para monitorar o bem-estar das pessoas, garantindo uma assistência rápida e eficiente em situações de emergência. O potencial dessas tecnologias é promissor e pode revolucionar o cuidado com os mais vulneráveis em nossa sociedade.