Um magnata bilionário, descrito como o canadense Jeffrey Epstein, pode enfrentar responsabilidade por suas ações mesmo após sua morte, se for descongelado. Robert Miller, de 80 anos, está enfrentando acusações de tráfico de menores há décadas, com crimes que remontam à década de 1970. No entanto, há preocupações de que ele possa falecer antes de ser levado a julgamento, pois ele sofre de doença de Parkinson avançada e problemas cardíacos.
O processo de criónica, no qual uma pessoa é preservada através do congelamento após a declaração legal de morte, tem sido a escolha de Miller. Cerca de 500 indivíduos em todo o mundo passaram por esse processo desde 1967, aguardando o desenvolvimento da tecnologia necessária para sua ressurreição. Miller teria contribuído significantemente para uma instituição chamada Alcor Life Extension Institution no Arizona, que gerencia o processo de criónica a um custo considerável.
As acusações contra Miller emergiram em setembro do ano passado, após uma investigação conjunta da Enquête da Radio-Canada e da Canadian Broadcasting Company (CBC). Cerca de 50 mulheres alegam ter sido vítimas de abuso por parte de Miller, com relatos que remontam a 1977. Uma das supostas vítimas, conhecida como Carmen, afirmou ter sido agredida por ele aos 12 anos, mantendo o abuso em segredo com um pagamento em troca.
Miller nega veementemente todas as acusações e alega que sua ex-mulher, Margaret Antonier, está por trás das acusações por motivos financeiros. Após as acusações, ele renunciou ao cargo de presidente de sua empresa, citando problemas de saúde, incluindo disfunção erétil. No entanto, advogados dos acusadores de Miller afirmam que, se ele não for processado antes de sua morte, a criónica pode ser uma opção para garantir que seja responsabilizado.
A Alcor relata que as chances de uma pessoa ser reanimada com sucesso são maiores se houver uma equipe de prontidão um a sete dias antes de sua morte. Os advogados dos acusadores de Miller estão se esforçando para processá-lo antes de sua morte, considerando a complexidade do caso se fosse a tribunal após seu falecimento. A ressurreição bem-sucedida de uma pessoa em estado de preservação criogênica ainda não foi alcançada.
Neste contexto, a possibilidade de Miller passar pelo processo de criónica e ser descongelado após sua morte lança uma luz sobre questões éticas e legais envolvidas. Se ele for ressuscitado, como será o julgamento de seus crimes? Ele poderá ser responsabilizado da mesma forma que se estivesse vivo? Essas são questões que a sociedade e o sistema legal terão que enfrentar caso o processo de criónica de Miller seja concluído com sucesso.