Vladimir Putin visitará a Coreia do Norte pela primeira vez em 24 anos, voltando-se para Kim Jong-un enquanto enfrenta um isolamento crescente no cenário mundial devido à invasão da Ucrânia.
Pyongyang teria fornecido à Rússia milhões de projéteis de artilharia vitais para a sua guerra na Ucrânia desde setembro, quando Putin e Kim Jong-un se encontraram pela última vez no extremo leste da Rússia.
Durante essa reunião, o líder norte-coreano convidou Putin para fazer a sua primeira visita a Pyongyang desde Julho de 2000. O Kremlin anunciou agora que o presidente russo aceitará a sua oferta numa viagem de dois dias com início na terça-feira.
O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul alertou que a visita não deve resultar em mais cooperação militar entre Pyongyang e Moscou, o que viola as resoluções da ONU, depois que o vice-ministro das Relações Exteriores sul-coreano, Kim Hong-kyun, realizou um telefonema de emergência com seu homólogo norte-americano, Kurt Campbell, na sexta-feira.
Mas Moscou disse que desenvolverá as relações da maneira que escolher e que nenhum país lhe dirá o que fazer, muito menos os Estados Unidos.
A Rússia e a Coreia do Norte poderiam assinar um acordo de parceria durante a visita, que incluiria questões de segurança, disse a agência de notícias estatal russa RIA, citando um assessor do Kremlin.
“A lista de países dispostos a receber Putin é mais curta do que nunca, mas para Kim Jong Un, esta visita é uma vitória”, disse à Reuters Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha de Seul.
“A cimeira não só melhora o estatuto da Coreia do Norte entre os países que se opõem à ordem internacional liderada pelos EUA, como também ajuda a reforçar a legitimidade interna de Kim.”
A Rússia tem feito de tudo para divulgar o renascimento da sua relação com a Coreia do Norte desde o início da guerra na Ucrânia, causando alarme entre os Estados Unidos e os seus aliados na Europa e na Ásia.
Washington afirma que a Coreia do Norte forneceu armas à Rússia para ajudá-la a combater na Ucrânia, embora Pyongyang tenha negado repetidamente isso.
As Nações Unidas impuseram uma série de sanções desde que Pyongyang realizou o seu primeiro teste nuclear em 2006, mas os especialistas dizem que continuou o desenvolvimento de armas nucleares e a produção de materiais nucleares cindíveis.
A Rússia afirmou que as potências mundiais precisam de uma nova abordagem à Coreia do Norte, acusando os Estados Unidos e os seus aliados de tentarem “estrangular” o Estado recluso.
No que foi amplamente visto como um ponto de viragem no regime de sanções internacionais contra a Coreia do Norte, a Rússia vetou a renovação anual de um painel de peritos que monitoriza a aplicação das sanções nucleares. A China – cuja relação com a Rússia também se intensificou nos últimos anos – absteve-se.
Uma relação com Moscovo também traz “resultados imediatos e tangíveis” em termos de cooperação económica, militar e agrícola e de comércio que os dois países não têm desde a década de 1990, disse Jenny Town, do programa 38 Norte, com sede nos EUA.
Reportagem adicional da Reuters
Vladimir Putin tem enfrentado fortes tensões internacionais desde a invasão da Ucrânia, resultando em um crescente isolamento por parte das potências ocidentais. Nesse contexto, a aproximação com líderes de países que também enfrentam sanções e ostracismo global, como é o caso de Kim Jong-un da Coreia do Norte, se torna uma opção estratégica para o líder russo. Esta visita de Putin à Coreia do Norte é particularmente significativa, pois marca a primeira vez que ele visita Pyongyang em 24 anos. Esse evento não só sublinha as tentativas da Rússia de tecer novas alianças, mas também destaca a importância de tais relações para ambos os países frente às sanções internacionais e crises econômicas.
De acordo com várias fontes, incluindo agências de inteligência, a Coreia do Norte teria fornecido à Rússia grandes quantidades de projéteis de artilharia desde setembro, o que foi crucial para sustentar as operações militares russas na Ucrânia. Este período coincide com o último encontro entre Putin e Kim Jong-un no extremo leste da Rússia. Durante essa reunião, Kim extendou um convite formal para Putin visitar Pyongyang, convite que o Kremlin recentemente aceitou, anunciando uma visita de dois dias a partir de uma terça-feira próxima.
O anúncio deste encontro gerou uma onda de preocupação especialmente nas nações vizinhas e aliadas dos Estados Unidos, como a Coreia do Sul. O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul prontamente emitiu alertas de que esta visita poderia resultar em um aumento na cooperação militar entre Pyongyang e Moscou, o que violaria resoluções existentes da ONU. Em uma demonstração de coordenação e preocupação, o vice-ministro das Relações Exteriores sul-coreano, Kim Hong-kyun, manteve um telefonema de emergência com seu homólogo norte-americano, Kurt Campbell, enfatizando a gravidade da situação.
No entanto, em resposta a essas preocupações, Moscou deixou claro que conduzirá suas relações bilaterais conforme julgar apropriado, proclamando que nenhum outro país, e especialmente os Estados Unidos, têm a autoridade de ditar sua política externa. Isso sublinha a postura desafiadora da Rússia em relação às sanções e pressões internacionais.
Além das questões militares, parece provável que um novo acordo de parceria possa ser assinado durante a visita de Putin, abrangendo não apenas tópicos de segurança, mas também outras áreas de cooperação. Essa informação foi divulgada por um assessor do Kremlin através da agência de notícias estatal russa RIA. Este possível acordo adicionaria uma nova camada de profundidade ao relacionamento já complexo e estratégico entre os dois países.
Analistas e observadores internacionais têm oferecido diversas perspectivas sobre o significado desta visita. Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha de Seul, sugere que esse encontro é muito mais do que uma simples reunião diplomática. Ele enfatiza que a cimeira eleva o status internacional da Coreia do Norte, posicionando-a contra a ordem internacional liderada pelos Estados Unidos e reforçando a legitimidade de Kim Jong-un internamente.
O renascimento dos laços entre Rússia e Coreia do Norte desde o início do conflito na Ucrânia é algo que tem gerado preocupação não apenas nos Estados Unidos, mas também entre seus aliados na Europa e na Ásia. De acordo com Washington, a Coreia do Norte tem fornecido armamentos à Rússia para apoiar suas operações na Ucrânia, embora Pyongyang tenha negado consistentemente essas alegações.
Desde a sua primeira explosão nuclear em 2006, a Coreia do Norte tem estado sob uma série de sanções impostas pelas Nações Unidas. Mesmo assim, especialistas afirmam que o regime norte-coreano continuou a desenvolver armas nucleares e a produzir materiais nucleares cindíveis. Essa persistência em desenvolver tal arsenal sublinha a complexidade e a resistência do regime às pressões internacionais.
A Rússia, por sua vez, tem argumentado que é necessária uma nova abordagem da comunidade internacional em relação à Coreia do Norte. Moscou acusa os Estados Unidos e seus aliados de tentarem “estrangular” o estado recluso, sugerindo que as sanções vigentes são injustas e ineficazes. Esta posição de Moscou foi claramente demonstrada quando a Rússia vetou a renovação anual de um painel de peritos que monitoram a aplicação das sanções nucleares contra Pyongyang. A China, um aliado próximo tanto da Rússia quanto da Coreia do Norte, optou por se abster nessa votação, marcando um momento visto por muitos como um ponto de viragem no regime de sanções internacionais contra a Coreia do Norte.
Além das questões geopolíticas e militares, a relação entre Moscou e Pyongyang também promete trazer benefícios econômicos imediatos e tangíveis. Jenny Town, do programa 38 Norte com sede nos EUA, aponta que essa parceria pode resultar em um aumento significativo na cooperação econômica, militar, agrícola e no comércio entre os dois países. Este tipo de colaboração não é visto desde a década de 1990, sugerindo um retorno a um tipo de relação que ambos os países experimentaram antes do colapso da União Soviética e das subsequentemente alteradas dinâmicas internacionais.
A decisão de Putin de aceitar o convite de Kim Jong-un e visitar a Coreia do Norte também tem implicações para a política interna de ambos os países. Para Putin, a construção e fortalecimento de alianças com outros estados reclusos e sancionados serve para contrariar as medidas punitivas e ostracismo impostos pelo Ocidente. Assim, ele sinaliza para sua própria população e para o mundo que a Rússia ainda tem amigos e aliados dispostos a cooperar e apoiar suas políticas.
Por outro lado, para Kim Jong-un, a visita de um líder mundial do calibre de Putin serve para consolidar sua posição interna e projetar uma imagem de força e legitimidade tanto para seu povo quanto para seus aliados e rivais internacionais. Isso poderia reforçar ainda mais sua posição, especialmente em um momento em que a Coreia do Norte continua sob intensa vigilância e pressão internacional devido ao seu programa de armas nucleares.
Essa visita de Putin à Coreia do Norte e sua retomada de relações estreitas com Kim Jong-un são emblemáticas das novas configurações de alianças no cenário geopolítico mundial. Em um mundo onde as tensões são cada vez mais multipolares, com blocos de poder emergindo contra a hegemonia ocidental tradicionalmente liderada pelos Estados Unidos, eventos como este são indicativos de como os estados reclusos e sancionados buscam novos amigos e alianças para garantir sua sobrevivência e prosperidade.
O impacto dessa visita pode ser sentido muito além das fronteiras de Rússia e Coreia do Norte, potencialmente influenciando as estratégias diplomáticas e militares de muitas outras nações. Seja o desenvolvimento de uma parceria formal ou a simples demonstração de solidariedade, o encontro entre Vladimir Putin e Kim Jong-un simboliza um realinhamento estratégico que poderá reconfigurar diversas relações bilaterais e multilaterais no futuro próximo.
Com as alianças ocidentais observando de perto e a eficácia das sanções internacionais sendo questionada, será crucial monitorar os desdobramentos desta visita e as subsequentes ações de ambos os países. O mundo assiste com interesse e preocupação, pois os resultados desta estreita colaboração têm potencial para moldar cenários geopolíticos e estratégicos em um futuro previsível.
À medida que observamos o desdobramento dessa visita histórica, é essencial prestar atenção não apenas aos comunicados oficiais, mas também às reações e contramedidas de outras nações que se sentem ameaçadas ou desafiadas por esse novo eixo de cooperação. As implicações para a segurança regional, a política nuclear e as estruturas econômicas globais são vastas e complexas.
Em suma, a visita de Vladimir Putin à Coreia do Norte simboliza muito mais do que uma simples visita diplomática; é uma jogada estratégica no complexo tabuleiro de xadrez internacional. Poderia sinalizar o início de um novo capítulo nas relações internacionais, onde novas alianças são forjadas e antigas rivalidades são aprofundadas. Apenas o tempo dirá como estes eventos se desenrolarão e quais serão as suas ramificações a longo prazo para a paz e a segurança global.