Um aspirante a capitalista de risco está envolvido em uma controvérsia jurídica após fazer uma “oferta falsa” para adquirir a empresa de satélites de Richard Branson. O caso, que chamou a atenção da Securities and Exchange Commission (SEC), está sendo levado aos tribunais.
Matthew Brown, residente da área de Dallas-Fort Worth e proprietário da empresa de gestão de investimentos Matthew Brown Companies LLC, supostamente enviou uma imagem fabricada de uma conta bancária em março de 2023. Essa imagem mostrava um saldo fictício de US$ 182 milhões, um valor que ele alegava possuir enquanto tentava comprar a Virgin Orbit, uma empresa que, à época, já havia cessado suas atividades e focava no lançamento de pequenos satélites em órbita. Na realidade, o saldo real da conta de Brown era inferior a US$ 1, conforme esclarecido no processo movido pela SEC.
De acordo com documentos judiciais, Brown iniciou o contato com a Virgin Orbit ao enviar uma mensagem não solicitada pelo LinkedIn ao CEO da empresa, Dan Hart, em março de 2023. Brown insinuou que poderia realizar uma compra de US$ 200 milhões. No mesmo dia, ele enviou outra mensagem pelo LinkedIn ao vice-presidente de relações com investidores da Virgin Orbit, e posteriormente encaminhou por e-mail uma captura de tela de sua suposta conta bancária, afirma a SEC.
A notícia sobre a potencial compra rapidamente se espalhou pela mídia, resultando em um aumento de 33,1% no valor das ações da Virgin Orbit. Consequentemente, Brown foi convidado a participar de um programa na CNBC para discutir o acordo. Durante a entrevista, Brown foi apresentado como conselheiro externo do governo do presidente Joe Biden em assuntos de energia e defesa.
O mandato cível movido pela SEC menciona que Brown alegou ter investido centenas de milhões de dólares de seu próprio capital, principalmente em empresas espaciais. No entanto, a realidade desses investimentos continua a ser questionada.
Durante sua participação na CNBC, Brown representou-se falsamente como um capitalista de risco experiente, afirmando ter investimentos em mais de 13 empresas espaciais. Ele fez declarações enganosas ao público investidor sobre a legitimidade da sua proposta de US$ 200 milhões, de acordo com o processo movido pela SEC.
Em uma tentativa subsequente, Brown tentou convencê-los a se comprometerem com uma “taxa de rescisão” caso o negócio não fosse fechado. No entanto, a Virgin Orbit não aceitou essa proposta e, no fim das contas, nenhum acordo foi firmado, segundo o processo.
A SEC está buscando levar o caso a julgamento civil perante um júri. Este tipo de caso serve como um lembrete da importância de meticulosas verificações de antecedentes e due diligence no mundo dos investimentos e aquisições empresariais.
A Virgin Orbit, que foi fundada em 2017, encerrou definitivamente suas operações em maio de 2023 após entrar com pedido de falência sob o Capítulo 11. Os ativos da empresa foram posteriormente vendidos a quatro diferentes licitantes vencedores.
Richard Branson, bilionário e fundador da empresa de satélites, possui um extenso histórico empresarial. Além da Virgin Orbit, ele também é cofundador do Virgin Group, um conglomerado que controla mais de 400 empresas, entre elas a Virgin Records e a Virgin Atlantic.
Em seu LinkedIn, Matthew Brown se descreve como acionista e consultor sênior da Partager, uma empresa de capital de risco focada no setor aeroespacial, além de ser mencionado como Sócio Geral e Sócio Executivo Sênior na Energent, LP, uma firma de gestão de investimentos com foco no clima.
Em uma declaração fornecida em nome de Brown e sua empresa, um porta-voz afirmou ao The Independent que o processo da SEC contém “erros flagrantes, invenções… e alegações tendenciosas que indubitavelmente favorecem o culpado, a administração da Virgin Orbit”.
“Em 2023, fomos abordados por um representante da Virgin Orbit para investir. Iniciamos conversas comerciais e, durante nossas avaliações, uma carta de intenções não vinculativa foi produzida pela Virgin Orbit. No entanto, durante a nossa devida diligência, decidimos não investir”, disseram eles.
O porta-voz também destacou que Brown e sua empresa “não chegarão a um acordo até que sejamos justificados pelo Estado de Direito”.
O caso está nos holofotes não apenas por suas repercussões financeiras, mas também devido às complexidades do mercado de investimentos e os padrões éticos que ele exige. A SEC busca garantir que atitudes fraudulentas não passem impunes, enviando uma mensagem clara à comunidade de investimento sobre a importância de práticas transparentes e verdadeiras.
Esse episódio ressalta a necessidade de as empresas verificarem minuciosamente os antecedentes de potenciais investidores. A due diligence – prática de averiguação prévia em processos de fusões e aquisições – é fundamental para evitar situações como essa, em que informações falsas podem desestabilizar empresas e enganar investidores.
A Virgin Orbit, empresa promissora no setor espacial, viu suas operações se encerrarem de forma abrupta. Fundada com o objetivo de lançar pequenos satélites em órbita, ela enfrentou desafios financeiros que culminaram no pedido de falência. Sua trajetória, apesar de curta, é ilustrativa dos riscos e dificuldades inerentes ao setor aeroespacial.
O conglomerado Virgin Group, sob a liderança de Richard Branson, sempre buscou inovações em diversas áreas. O encerramento da Virgin Orbit é apenas um dos muitos capítulos na longa história de empreendimentos e investimentos liderados por Branson.
Este caso serve não apenas como um alerta para a comunidade de investidores sobre os perigos de fraudes, mas também como um lembrete da importância da regulação e supervisão no mundo dos negócios. A SEC desempenha um papel crucial na manutenção da integridade dos mercados financeiros, assegurando que aqueles que tentam enganar o público e manipular o mercado sejam responsabilizados por suas ações.
À medida que o caso se desenrola, os olhos da indústria ficam atentos ao desenrolar dos eventos. Isso pode moldar futuras regulamentações e práticas no campo, enfatizando a necessidade de transparência e honestidade em todas as transações comerciais.
Brown, que se posicionou como um capitalista de risco influente e bem-sucedido, agora enfrenta um obstáculo significativo em sua carreira. Sua tentativa de adquirir a Virgin Orbit usando dados falsos é um evento que, sem dúvida, terá repercussões de longo prazo em sua reputação e perspectivas futuras no mundo dos investimentos.
Este incidente também destaca o potencial do uso inadequado das redes sociais e outras plataformas para negociações empresariais. Com a rápida disseminação da informação, notícias falsas ou incompletas podem ter um impacto significativo no mercado, afetando valores de ações e a confiança dos investidores.
Enquanto a SEC prepara o caso para ser apresentado a um júri, muitas perguntas permanecem. Quais serão as consequências para Brown e sua empresa? E como as práticas de verificação e transparência nas negociações comerciais evoluirão após este incidente? Essas são questões que possivelmente serão respondidas à medida que o caso prosseguir através do sistema judicial.
Em última análise, esta situação sublinha a importância de práticas éticas e transparentes no mundo dos negócios. Investidores e empresas em todo o mundo devem tirar lições do caso de Matthew Brown, entendendo que a confiança é fundamental para as operações de mercado e que a manipulação de informações é algo que será severamente punido.