A juíza do condado de Harris, Kelli Johnson, cuja súbita ausência de várias semanas do tribunal gerou preocupação e confusão, foi parada quando os policiais suspeitaram que ela dirigia embriagada durante um julgamento de assassinato de alto perfil.
Novas gravações daquela noite mostram como a juíza implorou aos policiais e disse-lhes que “poderia perder toda a minha carreira”.
A parada de 12 de abril – durante o julgamento do assassinato e antes de seu desaparecimento – ocorreu depois que os policiais a observaram dirigindo de forma imprudente, inclusive dirigindo no lado errado da estrada, comendo, olhando para o telefone, acelerando e fazendo uma mudança de faixa insegura, de acordo com imagens da câmera do corpo do Gabinete do Xerife do Condado de Harris obtidas por ABC13.
Parte do áudio da parada das 20h não pôde ser ouvida. Mas, o relatório observou que ficou claro quando Johnson disse “Eu sou um juiz” durante a parada.
Na filmagem, os policiais podem ser ouvidos discutindo como acreditam que ela poderia estar bebendo, e a policial parece mencionar sua posição na esperança de evitar a punição, segundo a ABC13.
Um segundo oficial chegou e eles decidiram submeter a juíza a um teste de sobriedade.
“Se eu fizer esse teste e você achar que não me saio bem, perco minha carreira e isso”, perguntou a juíza à deputada Sandy Mace. “Quero dizer, você pode chamar uma testemunha? Podemos ligar para Ben Katrib? Vou ligar para Sidney Miller. Xerife (Ed) Gonzalez. Isto é um grande negócio para mim.”
Um oficial supervisor, o sargento Collin McHugh, então intervém.
“Tudo o que fazemos é gravado naquela câmera. Esta câmera corporal. Tudo aqui. Não vamos ligar para o tenente Katrib e não vamos ligar para o xerife Gonzalez. Esta é uma investigação sobre um motorista deficiente”, diz McHugh.
“Eu poderia perder toda a minha carreira”, repete Johnson.
“E o problema é o seguinte, meritíssima, eu poderia perder toda a minha carreira se deixasse você usar sua posição de juíza para fazer isso”, diz McHugh.
“Não estou usando uma posição”, responde Johnson.
A juíza também alegou que ela não tinha bebido, mas sim uma longa semana depois de participar do julgamento de Brian Coulter, um homem considerado culpado de espancar o filho de 8 anos de sua namorada até a morte em 2020.
Os policiais finalmente concluíram que Johnson não havia mostrado sinais suficientes de deficiência em um teste de sobriedade para justificar uma prisão, e a libertaram com uma advertência por dirigir a 77 mph em uma zona de 65 mph.
“Ela provavelmente está bebendo, mas não ao nível disso”, disse um deputado na filmagem.
O Independente entrou em contato com Johnson para comentar.
Os funcionários do xerife defenderam suas ações.
“Os deputados usam discrição na emissão de citações”, disse um funcionário do departamento do xerife à ABC13. “Se não houver sinais suficientes para indicar deficiência, então uma prisão não seria uma ação apropriada”.
A juíza já foi notícia por ter se ausentado repentinamente por várias semanas do 178º Tribunal Distrital Criminal.
Funcionários anônimos do tribunal descreveram preocupações sobre o bem-estar mental da juíza, descrevendo-a como maníaca e “um perigo para si mesma e para a comunidade”.
Enquanto isso, um relatório do Departamento de Polícia de Houston descreveu uma visita à sua casa em 4 de maio, citando “perturbação/CIT”, este último uma abreviatura para intervenção em crises.
Clay Johnson, irmão da juíza, disse que as especulações sobre a ausência eram infundadas.
“Ela não está desaparecida, ela está de licença médica”, ele contou à Besta Diária. “Ela está em contato com a família e está tudo bem… e isso é tudo que posso dizer.”
A ausência de Johnson do tribunal ocorreu semanas depois de presidir o julgamento de Coulter.
“Este é provavelmente um dos fatos mais horríveis que já tive de testemunhar, ouvir e imaginar”, disse a juíza durante o julgamento, conforme relatado pelo New York Post.
A parada de Kelli Johnson por suspeita de embriaguez foi um evento marcante que trouxe à tona várias questões significativas, não apenas sobre sua conduta pessoal, mas também sobre como as autoridades lidam com figuras públicas. As gravações da noite em que ela foi parada pelos policiais mostram uma mulher visivelmente angustiada, preocupada com as repercussões profissionais do incidente. Ela implorou aos policiais, mencionando repetidamente sua posição como juíza e o impacto potencial em sua carreira se fosse levada sob custódia. Mesmo com a insistência dos policiais para que ela realizasse o teste de sobriedade, a juíza expressou seu temor de perder a carreira.
Esta situação levanta um debate interessante sobre a responsabilidade que figuras de autoridade pública devem manter, especialmente em situações que podem comprometer a segurança pública. A direção imprudente de Johnson, que envolveu o uso de celular enquanto dirigia, excesso de velocidade e mudança de faixas perigosamente, pôs em risco não apenas sua segurança, mas também a de outros motoristas na estrada. Mesmo que ela não apresentasse sinais suficientes para uma prisão por embriaguez, suas ações levantam preocupações sobre seu estado mental e físico durante o incidente.
Além disso, o fato de mencionar suas conexões com autoridades como o Xerife Ed Gonzalez indica um potencial uso indevido de sua posição para resolver certos problemas, um comportamento que os policiais se recusaram a permitir. “E o problema é o seguinte, meritíssima, eu poderia perder toda a minha carreira se deixasse você usar sua posição de juíza para fazer isso”, disse o sargento McHugh quando Johnson tentou usar sua influência. Este momento particular destaca a importância de permanecer neutro e imparcial, independentemente da posição da pessoa envolvida.
A defesa do departamento do xerife de suas ações mostra a discrição com que a aplicação da lei deve operar. “Os deputados usam discrição na emissão de citações”, disse um funcionário do departamento do xerife à ABC13. “Se não houver sinais suficientes para indicar deficiência, então uma prisão não seria uma ação apropriada”. Isso abre uma discussão mais ampla sobre os critérios usados para decidir quando alguém deve ser detido ou simplesmente advertido.
A ausênciade Kelli Johnson do tribunal por várias semanas gerou ainda mais preocupações. A juíza já estava ausente repentinamente por várias semanas do 178º Tribunal Distrital Criminal. Representantes anônimos do tribunal expressaram preocupações sobre seu bem-estar mental, descrevendo-a como maníaca e “um perigo para si mesma e para a comunidade”. Esse tipo de caracterização é alarmante e sugere uma necessidade urgente de avaliar a saúde mental e emocional de figuras públicas, especialmente aquelas com responsabilidades judiciais. A visita da polícia à sua casa em 4 de maio, que resultou em um relatório de “perturbação/CIT”, demonstra que houve sinais de uma crise pessoal em andamento.
O irmão de Johnson, Clay Johnson, tentou acalmar as especulações em torno de seu desaparecimento. Ele afirmou que ela não estava desaparecida, mas sim em licença médica, permanecendo em contato com a família. “Ela não está desaparecida, ela está de licença médica”, ele reiterou. “Ela está em contato com a família e está tudo bem… e isso é tudo que posso dizer.”
O julgamento de Brian Coulter, presidido por Johnson, é um outro aspecto dessa história que merece atenção. O caso envolvia Coulter, culpado de espancar o filho de 8 anos de sua namorada até a morte, e foi descrito pela juíza como um dos fatos mais horríveis que já teve de testemunhar. Este componente do trabalho de Johnson obviamente adiciona uma intensa pressão emocional e mental sobre ela, o que poderia ter contribuído para seu comportamento errático posterior.
Um exame mais aprofundado das pressões e tensões enfrentadas por indivíduos em posições de alto estresse, como os juízes, pode oferecer uma visão das soluções potenciais. O que a situação de Johnson destaca é a necessidade de sistemas robustos de apoio para profissionais de alto nível que estão expostos a situações emocionalmente desgastantes como parte de suas funções diárias. Tais sistemas podem incluir acesso rápido e fácil a serviços de saúde mental, aconselhamento e períodos adequados de descanso entre casos particularmente desafiadores. Isso não apenas ajudaria no bem-estar dos indivíduos envolvidos, mas também garantiria que eles possam cumprir suas responsabilidades de forma eficaz e apropriada.
Outro tema que emerge desta história é a interseção entre a vida pública e privada de figuras judiciais. A conduta de Johnson fora do tribunal, especialmente em relação a dirigir de maneira arriscada, chama a atenção para a importância da responsabilidade pessoal e da imagem pública. É um lembrete de que indivíduos em posições de poder devem, em todos os momentos, proporcionar um exemplo de comportamento digno, refletindo a seriedade e a ética esperadas de sua função.
Mencionando novamente a discrição usada pelos policiais durante o incidente, observa-se que há uma linha tênue que deve ser mantida entre entender a posição da pessoa e aplicar a lei de maneira justa. O comentário do deputado na filmagem de que ela “provavelmente está bebendo, mas não ao nível disso” sugere uma avaliação cuidadosa do estado dela. No entanto, isso também levanta questões sobre quão eficazes são esses procedimentos e se há necessidade de uma revisão das políticas para lidar com tais situações, especialmente aquelas envolvendo figuras públicas.
Vale também a pena considerar o impacto deste episódio na percepção pública de Kelli Johnson e da justiça no condado de Harris. Quando um juiz, alguém encarregado de manter a lei e a ordem, está envolvido em um incidente de potencial embriaguez ao volante e, subsequente, um desaparecimento prolongado, isso pode minar a confiança pública no sistema judicial. As autoridades judiciais e de aplicação da lei precisam ser transparentes e responsáveis, demonstrando claramente que a justiça é aplicada igualmente a todos, independentemente de sua posição.
Finalmente, a cobertura dessa história pelos meios de comunicação, incluindo a ABC13 e The Daily Beast, é um exemplo de como o jornalismo desempenha um papel vital em levar ao conhecimento público essas questões complexas. A transparência e a disponibilidade de informações são cruciais para a responsabilidade pública. A investigação jornalística proporciona uma plataforma para que as questões sejam levantadas e discutidas, incentivando reformas e melhorias necessários nas instituições.
No total, a saga de Kelli Johnson não é simplesmente a história de um incidente de direção imprudente; é um estudo de caráter, pressão, responsabilidade e o estado frágil da saúde mental em posições de alta responsabilidade. Johnson é um ser humano que, apesar do prestígio e da obrigação de sua posição, revelou sua vulnerabilidade. A resposta adequada a essa situação pode ser formada por um equilíbrio de empatia e um reforço das normas que governam a conduta apropriada para figuras públicas.