Fiação Subterrânea em São Paulo: O Caminho para Evitar Apagões
A fiação subterrânea surge como uma solução viável para reduzir a frequência de apagões em São Paulo, onde apenas 6% dos 43 mil quilômetros de fios estão enterrados. Essa questão emergiu com força após recentes eventos climáticos que deixaram 158 mil imóveis sem energia, reforçando a urgência de mudar a infraestrutura elétrica da metrópole. Neste artigo, exploraremos a importância do enterramento da fiação, os desafios enfrentados neste processo e as alternativas em busca de um sistema elétrico mais eficiente e resiliente.
A Realidade dos Apagões em São Paulo
1. Apagões Recorrentes: Uma Crítica à Infraestrutura Atual
O apagão que ocorreu na Grande São Paulo, afetando 158 mil imóveis, evidenciou as fraquezas da infraestrutura elétrica da cidade. Com uma rede elétrica em grande parte exposta, quedas de árvores durante tempestades tornam-se uma preocupação constante e afetam diretamente a vida dos cidadãos. Em contraste, cidades que apostam em sistemas de fiação subterrânea registram muitos menos incidentes desse tipo.
2. A Proposta do Enterramento
A ideia de enterrar a fiação em São Paulo não é nova. Em 2005, durante a gestão do então prefeito José Serra, uma lei foi sancionada com a meta de eliminar gradualmente a fiação aérea ao longo de 24 anos. Entretanto, esse plano esbarrou em obstáculos legais e financeiros, levando a um avanço muito tímido das obras.
Tabela 1: Progresso do Enterramento da Fiação na Grande São Paulo
Ano | Progresso Atingido (km) | Meta Anual (km) |
---|---|---|
2006 | 0 | 250 |
2017-2020 | 4,2 | 52 (projeto Doria) |
2024 (previsto) | 65 | – |
3. Contexto Global
Se compararmos a situação de São Paulo com outras cidades do mundo, a diferença é impressionante. Nova York, por exemplo, possui 86% de sua fiação enterrada, resultado de um processo que começou no século XIX. Quando uma tempestade se aproxima, é possível que a rede elétrica da cidade resista muito mais do que a de São Paulo. Abaixo, apresentamos um comparativo:
- São Paulo: 6% de fiação subterrânea
- Rio de Janeiro: 11% de fiação subterrânea
- Santiago: 20% de fiação subterrânea
- Nova York: 86% de fiação subterrânea
Os Desafios a Serem Enfrentados
1. Custos do Enterramento
Um dos principais obstáculos para a realização do enterramento da fiação é o custo exorbitante das obras estimado em cerca de R$ 100 bilhões, se considerarmos a totalidade da rede elétrica. As concessionárias, como a Enel, frequentemente bloqueiam iniciativas desse tipo, uma vez que também perdem receita proveniente do aluguel de postes e estão relutantes em arcar com a parcialidade de custos das obras.
2. A Vontade Política
Outro aspecto crucial é a falta de vontade política. O promotor Silvio Marques, que atua no caso, aponta que o governo federal, junto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), poderia incluir em contratos das concessionárias a obrigação de executar o enterramento. Entretanto, essa movimentação depende de uma vontade política que ainda não se demonstrou eficaz.
3. Iniciativas Recentes
No âmbito municipal, o prefeito Ricardo Nunes deu seguimento ao projeto "SP Sem Fios", que prevê o enterramento de 65 quilômetros de fiação até 2024. Contudo, apenas 40 quilômetros foram efetivamente enterrados até o momento, e a falta de iniciativas mais robustas tem gerado descontentamento entre os cidadãos.
Lista 1: Projetos de Enterramento na Cidade
- SP Sem Fios: 65 quilômetros até 2024
- Oscar Freire: 750 metros enterrados, custando R$ 8,5 milhões
- Vila Olímpia: 4,2 quilômetros, investimento de R$ 30 milhões
O Papel das Associações e da Iniciativa Privada
1. Intervenções na Comunidade
As associações de moradores e os empresários muitas vezes tomam a frente dessas iniciativas, como foi o caso na Vila Olímpia e na Rua Oscar Freire. Aqui, um exemplo impactante é o papel de associações que mobilizaram recursos para o enterramento da fiação. Isso evidencia que, mesmo diante de entraves burocráticos, a comunidade pode atuar com força e ousadia.
2. Custos Compartilhados
Após as chuvas intensas do último ano, Nunes propôs uma taxa que dividiria o custo das obras com os cidadãos. Essa ideia, porém, deixou os moradores apreensivos quanto a potenciais processos judiciais, levando a prefeitura a reavaliar essa abordagem.
Perspectivas Futuras
1. Expectativas de Mudança
Os estudos realizados pela Procuradoria-Geral do Município a respeito do custo do enterramento são um sinal positivo de que alternativas viáveis estão sendo consideradas. Além disso, a Câmara dos Vereadores está se mobilizando para viabilizar um projeto que responsabilize as concessionárias pela organização do emaranhado de fios nas ruas da cidade, o que constitui um primeiro passo vital.
2. Contribuição da População
É preciso encontrar um equilíbrio onde a população possa contribuir para o enterramento da fiação sem arcar com todos os custos. As soluções devem ser focadas na integração da sociedade civil e do governo, promovendo um modelo sustentável que não pressione demais os cidadãos.
Conclusão
O desafio de transformar a fiação aérea em subterrânea em São Paulo é complexo, marcando a necessidade de vontade política, investimento adequado e o envolvimento da comunidade. Ao aprofundarmos nosso entendimento sobre os desafios e oportunidades presentes, podemos vislumbrar um futuro onde apagões se tornem raros, e a nossa conexão com a eletricidade seja não apenas segura, mas também exemplar. A meta de alcançar um sistema de fiação subterrânea mais robusto está longe de ser uma utopia; é um objetivo que deve ser perseguido incansavelmente, em nome da qualidade de vida dos cidadãos paulistanos.
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Imagem de Destaque: Fiação subterrânea (Imagem própria, livre de direitos autorais)
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