Deputados Apresentam PEC de Corte de Gastos com Perspectiva de Economia de R$ 1,1 Trilhão até 2031
Nesta quarta-feira (27), os deputados Pedro Paulo (PSDB-RJ), Júlio Lopes (PP-RJ) e Kim Kataguiri (União-SP) apresentaram uma proposta de Emenda Constitucional (PEC) com o objetivo de conter a expansão dos gastos previdenciários e assistenciais do governo. Com um cenário fiscal desafiador e a pressão sobre as contas públicas crescente, a proposta visa proporcionar uma economia acumulada de R$ 1,1 trilhão até 2031, refletindo a urgência de uma reestruturação fiscal no país.
O Que é a PEC e Qual Seu Impacto?
A proposta de emenda constitucional destina-se a conter a alta dos gastos públicos e a garantir a sustentabilidade das contas do Estado. Se aprovada, a PEC passará pelo crivo da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e requer o apoio de, pelo menos, 168 deputados para iniciar sua tramitação. Na defesa de sua proposta, os autores ressaltam que as medidas são necessárias para evitar problemas futuros, tais como dificuldades no pagamento de aposentadorias e pensões, e até mesmo a possibilidade do retorno da hiperinflação no Brasil.
Medidas Contidas na PEC
A PEC traz um conjunto de medidas impopulares que visam atacar as principais fontes de despesa do governo. Dentre as principais propostas estão:
- Suspensão dos aumentos reais do salário mínimo: Uma congelamento que afetaria diretamente a base da pirâmide salarial.
- Desvinculação dos benefícios previdenciários e assistenciais do salário mínimo: Esta medida poderia resultar em uma economia significativa nos próximos anos.
- Limitação dos “supersalários”: O projeto propõe um limite de 30% do subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para cálculos de salários de categorias específicas.
- Revisão dos critérios de inatividade dos militares: A proposta inclui uma análise crítica sobre as aposentadorias no setor militar.
- Corte de 10% nos subsídios tributários até 2031: Para contribuir com o orçamento, a proposta sugere uma revisão e redução dos subsídios que onerarão os cofres públicos.
Projeções de Economia e Sustentabilidade
Os dados apresentados pelos autores da PEC indicam que, apenas em 2026, o governo brasileiro poderia economizar R$ 69,4 bilhões através das medidas propostas. Contudo, o impacto total da PEC é ainda mais ambicioso: até 2035, a possibilidade de economia pode ultrapassar R$ 2 trilhões, considerando alterações em benefícios e a revisão dos supersalários.
A medida mais decisiva, segundo os autores, seria a desindexação dos benefícios previdenciários de acordo com o aumento real do salário mínimo, o que resultaria em uma economia estimada em R$ 485 bilhões entre 2026 e 2031.
Desafios do Cenário Político
Antes da PEC ser transformada em lei, ela enfrenta um gauntlet político que pode limitar seu avanço. Kim Kataguiri expressou suas preocupações sobre a obtenção das assinaturas necessárias nesta legislatura, especialmente diante da resistência do governo a cortes de despesas. “Ou a gente toma essa correção de rumos agora, ou em breve não teremos mais dinheiro para pagar a previdência”, pontuou Kataguiri.
Júlio Lopes alertou ainda que a partir de 2040, a população brasileira começará a diminuir, afetando ainda mais as finanças públicas. "Perdemos o bônus demográfico. Quanto mais adiar o debate, mais duro terá que ser o corte no futuro”, destaca Lopes.
A Opinião dos Autores da PEC
Pedro Paulo, vice-líder do governo na Câmara, argumentou que a PEC proporcionaria um nível de economia que “de largada” seria o dobro ou o triplo do que o pacote do Executivo pretende apresentar. Em uma analogia contundente, ele enfatiza que “o paciente está na UTI e o remédio é doloroso”, referindo-se ao custo político que as medidas poderão desencadear, mas ressaltando a necessidade premente das mesmas.
O projeto foi elaborado em colaboração com técnicos da Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, incluindo o ex-secretário-adjunto da Secretaria de Orçamento Federal, Paulo Bijos, que deixa claro seu envolvimento em uma proposta de grande enfoque sobre sustentabilidade fiscal.
Conclusão
A apresentação da PEC por deputados de diversos partidos ilustra um momento crítico na política brasileira, onde medidas impopulares podem ser vistas como necessárias pela classe política para impedir um colapso financeiro ainda maior. O país enfrenta um dilema em que a responsabilidade fiscal deve ser equilibrada com a necessidade de garantir direitos sociais, uma tarefa oscilante entre a aceitação pública e a real necessidade de ajuste nas contas.
As próximas semanas serão cruciais para a definição do futuro da PEC e de seu impacto potencial para a economia brasileira. Os debates que se seguirão certamente farão ecoar as vozes de cidadãos preocupados, economistas e líderes políticos que desejam uma solução viável para os desafios fiscais do país.
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