Chuva em Fortaleza Expõe a Crise Estrutural nas Escolas Municipais: Alagamentos e Riscos Elétricos Preocupam Comunidade Escolar
As chuvas intensas de fevereiro em Fortaleza revelaram a alarmante situação estrutural das escolas municipais, levando a uma série de problemas que comprometem a segurança e a eficácia do ensino. Em meio a alagamentos, riscos de desabamento e até eletricidade exposta, a comunidade escolar se vê diante de uma realidade crítica que demanda atenção urgente. Este cenário foi amplamente discutido após as chuvas do dia 19 de fevereiro, quando educadores e sindicalistas compartilharam relatos contundentes sobre a deterioração das instalações.
A Realidade nas Escolas e Creches de Fortaleza
O Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sindiute) e professores da rede municipal apontam que os problemas estruturais são recorrentes e exacerbados pelas chuvas. No último dia 19, vídeos foram registrados mostrando funcionários e estudantes usando rodos para drenar a água que invadiu salas de aula. Crianças foram vistas brincando em poças d’água onde deveria haver um parquinho em uma creche, evidenciando uma situação inaceitável.
Denúncias e Desabamentos
Ana Paula Sancho, professora com 23 anos de experiência na rede municipal, relatou que as aulas foram suspensas no Centro de Educação Infantil (CEI) Darcy Ribeiro, localizado no bairro Vicente Pinzón. Ela descreveu a gravidade da situação:
“Tivemos alagamentos em vários pontos do CEI. Faltou energia e as paredes dão choque porque têm fios expostos com a água escorrendo.”
A professora destacou que, apesar de um projeto de requalificação que existe desde 2022, as obras nunca saíram do papel, resultando em perdas significativas de material pedagógico e a deterioração das condições de ensino.
A Voz dos Profissionais de Educação
Em uma série de comentários nas redes sociais, professores relataram experiências adversas enfrentadas nas escolas:
- "Dei aula em uma sala apertada, pois a quadra está encharcada."
- "Estava tomando banho dentro da minha sala, com meus alunos puxando água de dentro da sala devido ao alagamento."
A situação se agrava em várias escolas, como na Escola Municipal Prof. Manuel Eduardo Pinheiro Campos, na Sabiaguaba, onde o acesso à instituição é praticamente impossível devido à inundação nas proximidades do mangue.
Resposta da Secretaria Municipal da Educação
Em resposta às denúncias, a Secretaria Municipal da Educação (SME) informou que uma equipe técnica estava designada para verificar as condições ao redor das unidades escolares afetadas. A SME também garantiu que monitora situações que possam comprometer o funcionamento das escolas, na tentativa de assegurar a segurança da comunidade educativa.
Um Histórico de Negligência
Ana Cristina Guilherme, presidente do Sindiute, destacou que a situação exposta pelas chuvas é um reflexo de um "histórico de pobreza na educação pública" em Fortaleza. Esse histórico é agravado pela falta de inspeções prediais que garantam a segurança das escolas. Ela ressaltou que, enquanto qualquer prédio da cidade deve ter um laudo de inspeção, as escolas municipais não passam por essa mesma exigência.
“As telhas quebram, precisam ser repostas. Quando chega a quadra chuvosa, tudo isso se torna evidente, e essa não deve ser uma responsabilidade somente dos gestores escolares”, afirma Ana Cristina.
Com a presença de crianças e professores nessas estruturas comprometidas, ela pediu uma "operação especial de SOS às escolas" para proteger vidas e garantir um ambiente de aprendizagem seguro.
Medidas Emergenciais
A SME anunciou a criação do Comitê para Atendimento das Demandas da Quadra Chuvosa, que pretende planejar e executar ações preventivas e corretivas para minimizar os impactos das chuvas nas escolas. Este comitê atuará até o final de maio de 2025 e visa garantir a segurança das crianças e profissionais da educação.
Protocolo de Riscos e Intenções
Além da criação do comitê, a SME também planeja implementar um "Protocolo de Riscos e Intenções", que permitirá a identificação ágil das necessidades das escolas durante a quadra chuvosa. Com isso, espera-se atender às expectativas da comunidade escolar no que diz respeito à infraestrutura.
O Futuro da Educação em Fortaleza
A crise atual nas escolas de Fortaleza levanta questionamentos sobre o futuro da educação na cidade. A falta de investimentos e a negligência nas questões estruturais não apenas afetam as condições de aprendizado das crianças, mas também colocam em risco a integridade física de alunos e professores.
Caminhos para a Solução
Para que a situação das instituições de ensino se transforme, é necessário um comprometimento das autoridades públicas com a manutenção e adequação das instalações. Algumas medidas que podem ser consideradas incluem:
- Inspeções Regulares: Realizar inspeções periódicas em todas as escolas para avaliar a segurança e a integridade das estruturas físicas.
- Requalificação Urgente: Criar e implementar um planejamento a curto e longo prazo para a reforma das escolas mais afetadas.
- Apoio à Comunidade Escolar: Fomentar um diálogo constante com a comunidade escolar para entender suas necessidades e preocupações.
- Investimentos Sustentáveis: Garantir que os orçamentos destinados à educação sejam utilizados de maneira eficaz, priorizando as obras de infraestrutura.
Conclusão
As recentes chuvas em Fortaleza deixaram à vista um problema estruturante na educação pública: a precariedade das escolas municipais. A união entre a administração pública, os servidores da educação e a comunidade é vital para garantir um futuro onde a educação não seja mais afetada por questões estruturais, mas sim um espaço seguro e propício para o aprendizado. Mudanças efetivas são urgentes, e o tempo para agir é agora.
Agradecemos o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sindiute) e das instituições envolvidas na prestação dos dados para a elaboração deste artigo. Para mais informações sobre a educação em Fortaleza, visite o Portal G7 (g7.news).