Aumento da Fertilidade com Acupuntura: Mitos e Verdades

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Crescimento de Tratamentos Complementares na Fertilidade: O Que Dizem os Números?
O cenário atual da fertilidade no Reino Unido revela um panorama alarmante, segundo dados da Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana (HFEA). Com um aumento significativo no uso de tratamentos complementares e tecnologias emergentes, cerca de 40.000 pessoas por ano estão investindo em métodos que podem não ter eficácia comprovada para aumentar a chance de gravidez. Este artigo explora as implicações desses dados, os custos associados e o impacto na saúde dos pacientes.
A Realidade dos Pacientes em Busca de Fertilidade
Uma nova pesquisa da HFEA revelou que três quartos dos pacientes com problemas de fertilidade gastam dinheiro em acupuntura, suplementos e medicamentos cujos benefícios não estão cientificamente comprovados. Entre os 1.500 entrevistados, foi observado que aproximadamente 39% tomaram suplementos, como a coenzima Q10, um antioxidante que muitos acreditam melhorar a qualidade dos óvulos.
Essas alternativas, embora populares, levantam questões importantes sobre a comunicação e a transparência nas clínicas de fertilidade. Apenas 52% dos pacientes tiveram as informações sobre a eficácia desses tratamentos explicadas adequadamente, e apenas 37% foram informados sobre possíveis riscos.
Custos Elevados com Tratamentos Complementares
Os gastos com tratamentos de fertilidade já são significativos, e somam-se a despesas adicionais com métodos extras. Esses custos podem chegar a 1.500 libras esterlinas, com suplementos diários variando entre 25 e 30 libras. A contradição entre a busca por tratamentos eficazes e a propensão a investir em produtos sem garantias de sucesso torna-se evidente, levando à reflexão sobre a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa.
Tecnologias Emergentes e Suas Implicações
Entre os tratamentos complementares utilizados, a acupuntura é a opção mais comum, seguida por imagens e terapia nutricional. Notavelmente, o uso de testes genéticos pré-implantação para aneuploidia aumentou de 7% em 2021 para 13% em 2024, embora o HFEA tenha afirmado que as evidências de eficácia nesse contexto são insuficientes.
Essas tecnologias emergentes, embora promissoras, não substituem o aconselhamento médico adequado e a análise crítica das provas científicas. O aumento no uso de tais métodos exige um olhar atento sobre como as informações são transmitidas aos pacientes, para que as decisões sejam tomadas com base em dados concretos e não em promessas vazias.
Longas Esperas e Desigualdades no Acesso
A pesquisa da HFEA também traz à luz as longas esperas que os pacientes enfrentam, especialmente aqueles que buscam tratamentos pagos pelo NHS (Serviço Nacional de Saúde). Cerca de 53% dos pacientes que pagam de forma particular iniciaram o tratamento dentro de um ano, enquanto apenas 35% dos pacientes do NHS tiveram acesso semelhante.
A pesquisa aponta que a maioria dos pacientes começou o tratamento entre sete meses a um ano após consultar um clínico geral, com uma porcentagem significativa esperando mais de dois anos. Essa realidade destaca as desigualdades no acesso à saúde reprodutiva e a necessidade de melhorias na qualidade e na rapidez do atendimento.
Esperma e Óvulos de Doadores: Uma Questão de Escolha
Outra questão importante é a utilização de esperma de doadores. Aproximadamente um quarto dos pacientes recorreu a óvulos, esperma ou embriões de doadores. Destes, 51% optaram por doadores de fora do Reino Unido. As razões para essa escolha incluem a variedade de opções e a quantidade de informações disponíveis sobre os doadores estrangeiros.
A HFEA regulamenta que o esperma de doadores britânicos pode ser utilizado para criar até 10 famílias, mas essa limitação não se aplica a doações internacionais. Essa diferença de diretrizes pode influenciar a decisão de pacientes na hora de escolher um doador, refletindo um desejo não apenas por mais opções, mas também por maior personalização e informação.
A Perspectiva dos Especialistas
Julia Chain, presidente da HFEA, expressou preocupações sobre o fato de muitos pacientes ainda estarem utilizando complementos e tecnologias que carecem de evidências sólidas. Ela enfatiza a importância de que as clínicas ofereçam informações claras sobre a eficácia, riscos e custo dos tratamentos. "Estamos constantemente lembando as clínicas sobre suas responsabilidades em fornecer informações precisas e transparentes para os pacientes”.
Além disso, a HFEA identificou que o número total de ciclos de tratamento financiados pelo NHS está diminuindo, caindo para apenas 27% em 2022. Este dado evidencia a necessidade de um sistema de saúde mais coeso e acessível, que permita a todas as pessoas com dificuldades de fertilidade o acesso a tratamentos adequados e efetivos.
Conclusão
A atual realidade dos tratamentos de fertilidade no Reino Unido, marcada por investimentos em métodos complementares e tecnologias emergentes, carece de uma abordagem crítica e informada. É vital que pacientes sejam bem informados sobre a eficácia e os riscos associados a esses tratamentos, permitindo decisões mais conscientes.
O papel dos profissionais de saúde é crucial para guiar os pacientes nessa jornada, garantindo que a informação correta circule e que as desigualdades no acesso ao tratamento sejam abordadas. Com a crescente complexidade das questões de fertilidade, o diálogo entre pacientes, médicos e reguladores precisa ser fortalecido, em busca de um sistema de saúde que priorize a transparência e a equidade.
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Legenda: A pesquisa revela preocupações sobre o uso de tratamentos e técnicas não comprovadas na fertilidade (Fonte: domínio público)
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Este artigo busca fornecer uma visão abrangente sobre a situação atual da fertilidade, as opções de tratamento disponíveis e a necessidade crítica de um sistema de saúde mais acessível e informado. É fundamental que pacientes e profissionais de saúde trabalhem juntos para enfrentar os desafios e garantir o melhor atendimento possível para aqueles que aspiram construir uma família.
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