Big Techs Ficam de Fora de Audiência do Governo Lula: Diálogo e Regulação de Redes Sociais em Debate
As redes sociais estão em uma encruzilhada crucial, e o governo brasileiro tenta desenhar um novo caminho para a regulação e a moderação de conteúdos. No entanto, importantes plataformas digitais, conhecidas como "big techs", não compareceram à audiência pública promovida pelo governo Lula (PT) no último dia 22. O evento, que teve como objetivo discutir a política de moderação das redes sociais, deixou um espaço significativo para o diálogo, apesar das ausências notáveis.
A Audiência e a Ausência das Big Techs
Convites Não Aceitos
O governo convidou empresas como Alphabet (Google/YouTube), Discord, Kwai, LinkedIn, Meta (Facebook e Instagram), TikTok e X (ex-Twitter) para participar da audiência. Contudo, nenhuma delas compareceu. Jorge Messias, advogado-geral da União, abriu o encontro com a declaração de que o diálogo permanece aberto, mesmo diante do desinteresse expresso pelas plataformas.
Neste contexto, é importante destacar que Messias não viu nas ausências um bloqueio para futuras interações. Segundo ele, algumas dessas plataformas já entraram em contato, manifestando interesse em colaborar com o governo em questões futuras. Essa abordagem sinaliza a intenção do governo de manter um canal de comunicação aberto, independentemente das decisões das empresas.
Não Há Pré-Julgamento
Messias também fez questão de esclarecer que o governo não está pré-julgando nenhum dos serviços de redes sociais. "Temos interesse em dialogar com todas as plataformas. Reconhecemos a importância dessas plataformas nas vidas dos brasileiros", afirmou. A preocupação do governo, segundo Messias, gira em torno da proteção dos cidadãos e do combate a crimes diversos que proliferam nas redes sociais.
Objetivo da Audiência
A audiência pública busca reunir subsídios que serão levados ao Supremo Tribunal Federal (STF). O propósito é fornecer à corte um entendimento mais amplo do fenômeno da moderação de conteúdos nas redes sociais, bem como as responsabilidades que essas plataformas têm sobre os conteúdos veiculados por usuários. A discussão é especialmente relevante à luz do Marco Civil da Internet, que atualmente está sendo analisado pelo STF, relacionado à responsabilização das redes sociais.
A Importância do Marco Civil
Desde novembro do ano passado, o STF está analisando trechos do Marco Civil da Internet, depois que a discussão foi interrompida por um pedido de vista do ministro André Mendonça. Essa régua jurídica é fundamental para a regulação das redes, especialmente considerando os eventos recentes de desinformação e abuso das plataformas, que podem impactar significativamente a democracia e a vida pública.
Preocupações com a Desinformação e a Democracia
O Papel da Secom
O secretário-executivo da Secom (Secretaria de Comunicação), Tiago César, ressaltou a relevância do tema, afirmando que o governo está preocupado com uma possível escalada de ameaças ao sistema democrático. "Este é um momento de extrema relevância, tendo em vista que vemos uma escalada de ameaças ao sistema democrático, revisionismo histórico e desinformação", declarou. A mudança na liderança da Secom também reflete a urgência da questão, com Sidônio Palmeira assumindo o cargo e trazendo uma nova perspectiva ao debate.
O Impacto Geral das Mudanças de Políticas
Relevante mencionar que a audiência foi convocada, em parte, devido à resposta da Meta sobre mudanças em suas políticas de moderação. A empresa, especificamente, anunciou o encerramento de seu programa de checagem de fatos nos EUA, o que poderia impactar a forma como os conteúdos são geridos em outros países, incluindo o Brasil. As incertezas em torno de tais mudanças ignitam debates sobre a influência das decisões globais das big techs na moderação de conteúdos locais.
O que Vem a Seguir?
Discussões Futuras
Os temas a serem discutidos no futuro incluem, entre outros, como as plataformas se posicionarão frente a novas regras sobre discurso de ódio e quais serão as implicações dessas decisões no contexto brasileiro. A expectativa é que, mesmo com as ausências da audiência, as big techs mantenham um canal aberto de diálogo com o governo, especialmente após a manifestação de interesse de algumas plataformas.
Rumo à Colaboração
É fundamental que, tanto o governo como as big techs, compreendam a importância de uma colaboração mútua. A moderação de conteúdos e a responsabilidade social das plataformas não são apenas questões políticas, mas também éticas, já que envolvem a proteção do bem-estar da sociedade e a manutenção da ordem democrática.
Conclusão
A recusa das big techs em participar da audiência pública do governo Lula levanta importantes questões sobre a colaboração entre essas empresas e os entes governamentais. A ausência pode ser vista como uma oportunidade perdida para contribuir para o debate, mas também sinaliza a complexidade da relação entre a regulação governamental e a liberdade de expressão nas plataformas digitais.
O governo, por sua vez, permanece firme em sua posição de promover diálogo e buscar soluções que Protejam os direitos dos cidadãos e mantenham a ordem democrática. Para que esse objetivo seja almejado, é crucial que todos os envolvidos se sintam responsáveis e abertos ao diálogo.
Este artigo foi elaborado com base nas informações disponíveis até outubro de 2023 e busca refletir o cenário atual da regulação das redes sociais no Brasil.