Brasil empata com a Tunísia e expõe velhas fragilidades — apesar do brilho de Estêvão
Análise completa do amistoso que encerrou o ano da Seleção em 2025
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O último compromisso da Seleção Brasileira em 2025 terminou com um sabor agridoce. No empate por 1 a 1 contra a Tunísia, no Decathlon Stadium, em Lille (França), o time de Carlo Ancelotti oscilou mais uma vez entre lampejos individuais, falhas coletivas e sinais claros de que ainda há muito a ser ajustado antes da Copa do Mundo de 2026.
O jogo ficou marcado por dois momentos decisivos:
- o pênalti perdido por Lucas Paquetá, que poderia ter dado a vitória;
- o protagonismo cada vez maior de Estêvão, que aos 18 anos voltou a ser o nome mais lúcido da equipe.
Um teste que virou alerta
Mesmo diante de uma Tunísia fechada, disciplinada e apoiada por uma torcida intensa (que transformou o amistoso em clima de mata-mata), o Brasil mostrou dificuldades antigas:
- recomposição lenta;
- vulnerabilidade nos contra-ataques;
- laterais instáveis;
- dependência de talentos individuais para criar algo concreto.
A Tunísia, com três zagueiros e linhas compactas, fez aquilo que historicamente complica o Brasil: fechou espaços, explorou velocidade pelo lado e esperou o erro — que veio cedo.
⚽ O gol tunisiano
Aos 22 minutos, Wesley perdeu o domínio na lateral. A Tunísia acelerou com o veloz Abdi, que encontrou Mastouri livre para abrir o placar.
O lance expôs a desorganização defensiva brasileira e quase custou mais caro: Wesley escapou do segundo amarelo por milímetros.
Estêvão, mais uma vez, mudou o rumo
Quando o Brasil parecia perdido na criatividade, o VAR apontou um pênalti após toque no braço de Bronn.
Estêvão bateu com personalidade, sem hesitar, empatando o jogo ainda no primeiro tempo.
Mesmo jovem, ele assumiu o protagonismo que falta a jogadores mais experientes. Driblou, buscou jogo, se movimentou entre linhas e criou as melhores ações do Brasil.
Aos 18 anos, Estêvão joga como quem sabe que precisa ser referência — e está pronto para isso.
Segundo tempo: testes, lesões e a chance desperdiçada
Ancelotti voltou com Vitor Roque, buscando mais presença na área. A Tunísia endureceu ainda mais o jogo, congestionando o setor central e obrigando o Brasil a girar a bola de forma lenta e previsível.
Militão acabou deixando o campo machucado, abrindo caminho para Fabrício Bruno — que tenta reconstruir confiança após o erro contra o Japão.
No meio, Fabinho e Paquetá entraram para renovar energia e tentar acelerar a criação.
O pênalti que mudou a narrativa
Aos 25 do segundo tempo, Vitor Roque sofreu pênalti. Estêvão estava em campo, mas a ordem do banco foi clara:
Paquetá bateria.
A cobrança foi forte, para fora, e simbolizou bem o que tem sido este ciclo: decisões que não se pagam em campo.
Para completar, no último suspiro, Estêvão ainda acertou a trave — um detalhe que poderia reescrever o final de 2025.
Oito jogos com Ancelotti: qual é o saldo real?
O Brasil fecha o ano com o técnico italiano somando:
- 4 vitórias
- 2 empates
- 2 derrotas
Mais do que os números, fica o incômodo: o time ainda não encontrou uma identidade sólida.
Oscila demais. Depende demais de talentos isolados.
E quando o adversário fecha linhas, falta inventividade.
O amistoso cumpriu o papel de teste, mas também acendeu alertas que não podem ser ignorados.
O que vem pela frente
A Seleção só volta a campo em março de 2026, nos Estados Unidos, para enfrentar França e Croácia — os adversários mais fortes antes da convocação final para a Copa.
Esses dois confrontos serão cruciais para definir:
- quem merece lugar no Mundial,
- que estilo de jogo Ancelotti quer priorizar,
- e se a Seleção finalmente vai abandonar os vícios que a acompanham há anos.
Ficha técnica
Brasil 1 x 1 Tunísia
📍 Decathlon Arena, Lille (FRA)
🕒 18/11/2025 – 16h30 (Brasília)
Gols:
- Mastouri (TUN) – 22’/1ºT
- Estêvão (BRA) – 44’/1ºT
Brasil: Bento; Wesley (Danilo), Militão (Fabrício Bruno), Marquinhos e Caio Henrique; Casemiro (Fabinho), Bruno Guimarães (Paquetá); Rodrygo (Luiz Henrique), Estêvão, Matheus Cunha (Vitor Roque) e Vini Jr.
Téc.: Carlo Ancelotti
Tunísia: Dahmen; Meriah, Talbi e Bronn; Valery, Sassi, Skhiri, Hannibal (Chaouat) e Abdi (Ben Ouanes); Saad (Achouri) e Mastouri (Gharbi).
Téc.: Sami Trabelsi
Conclusão
O empate diante da Tunísia não derruba o trabalho de Ancelotti, mas reforça a urgência de evolução.
A Seleção tem talento, tem potencial, tem juventude — mas ainda não tem consistência.
E enquanto Estêvão sobe de patamar, o coletivo segue devendo.
Se o Brasil quiser sonhar alto na Copa de 2026, precisa deixar de tropeçar nos mesmos detalhes que custam resultados desde o ciclo passado.
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