Como uso IA para cuidar da minha mãe de 86 anos em casa

Como uso IA para cuidar da minha mãe de 86 anos em casa

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A Revolução do Monitoramento de Saúde na Assistência a Idosos

A tecnologia tem impactado diversos aspectos da vida cotidiana, e o cuidado de idosos não é diferente. À medida que a população mundial envelhece, novas soluções são necessárias para atender à crescente demanda por cuidados, especialmente para aqueles que sofrem de condições como a demência. Nesse contexto, sistemas de monitoramento remoto utilizando inteligência artificial têm emergido como uma solução promissora. Este artigo explora como esses sistemas estão transformando o cuidado domiciliar, com foco no caso de Heather White, uma idosa com demência vascular.

Tecnologia a Serviço do Cuidado Domiciliar

O Caso de Heather White

Heather White, 86 anos, vive com demência vascular e recebe ajuda de sua filha Rhona d'Arcy, que mora a três horas de distância. Com o custo elevado de cuidadores particulares e o desejo de Heather de permanecer em sua casa, a família decidiu implementar um sistema de monitoramento de saúde baseado em IA.

Este sistema não apenas acompanha a movimentação de Heather entre os cômodos, mas também monitora suas atividades diárias, como o uso do banheiro, da geladeira e da chaleira, além da temperatura da casa e o fluxo de visitantes. Graças a este monitoramento, Rhona recebe alertas em tempo real caso algo fora do normal aconteça, como se sua mãe se mantiver imóvel por longos períodos.

Funcionamento da Tecnologia

A tecnologia utilizada na casa de Heather se chama Lilli, um sistema que aprende com o comportamento de seus usuários, permitindo uma análise precisa do seu estado de saúde e atividades diárias. Quando atividades incomuns são detectadas, a IA envia uma notificação para Rhona, que então pode tomar as medidas necessárias — seja ligando para sua mãe ou contatando cuidadores locais.

Impactos Práticos e Econômicos

Benefícios Imediatos para Usuários e Familiares

Um dos principais benefícios desses sistemas é proporcionar paz de espírito para as famílias. Rhona, por exemplo, afirma que a capacidade de monitorar a rotina de sua mãe a faz sentir-se mais conectada, mesmo à distância. "Eu sei se ela teve uma noite difícil ou se está se sentindo um pouco para baixo. Isso me permite conversar com ela de uma forma mais envolvente," explica Rhona.

Para o sistema de saúde pública, a adoção de tecnologia de monitoramento remoto também traz benefícios econômicos consideráveis. O governo trabalhista do Reino Unido, por exemplo, está incentivando o uso dessas tecnologias com o "Better Care Fund", que destina bilhões de libras para ajudar localidades a manter pacientes em casa, reduzindo assim a demanda por cuidados hospitalares ou em lares.

Economia para o Sistema de Saúde

Diversos conselhos municipais estão utilizando sistemas de monitoramento remoto para gerenciar o retorno de pacientes aos lares. A experiência de Nottingham, que introduziu o sistema Lilli em 48 residências, é um exemplo. Com essa tecnologia, os pacientes puderam voltar para casa diretamente do hospital, economizando quase £54.000.

O Medway Council reportou economia semanal de cerca de £30.000, enquanto o Conselho do Borough comentou que a tecnologia permitiu reduzir em 25% os custos dos cuidados para seus pacientes. Os economistas estimam que, se amplamente adotada, a tecnologia de monitoramento remoto pode economizar até £1,2 bilhões ao NHS até 2035.

Desafios e Considerações Éticas

O Equilíbrio entre Tecnologia e Interação Humana

Apesar dos benefícios, a transição para o monitoramento tecnológico levanta preocupações legítimas. Especialistas alertam que, embora a tecnologia possa facilitar o cuidado, ela não deve substituir total ou parcialmente o contato humano. Simon Lord, chefe de inovação da Alzheimer’s Society, sublinha que, apesar da eficácia dos sistemas de monitoração, o contato humano é essencial para a saúde emocional dos idosos.

Além disso, o Dr. Henry Collingham, pesquisador da Universidade Northumbria, destaca que a dependência excessiva de sistemas tecnológicos pode levar à negligência de sinais subjetivos que um cuidador humano poderia detectar, como variações no humor ou comportamentos sociais.

A Importância do Monitoramento Equilibrado

Cuidadores e a comunidade de saúde concordam que o melhor cuidado é geralmente aquele que combina tecnologia com interações humanas, permitindo que as necessidades práticas e emocionais dos idosos sejam atendidas. As tecnologias de monitoramento precisam ser vistas não como substitutos, mas como ferramentas que podem auxiliar, libertando os cuidadores para focarem em interações mais significativas e individuais.

O Futuro do Cuidado de Idosos

Tendências e Inovações

À medida que a tecnologia avança, espera-se que o monitoramento de saúde se torne ainda mais sofisticado. Inovações como sensores de saúde vestíveis e aplicativos conectados que oferecem mais dados em tempo real estão gradualmente se tornando parte do cotidiano. Essas inovações não apenas ajudam a monitorar a saúde dos idosos, mas também permitem intervenções mais rápidas em casos de emergências.

O aumento na utilização de tecnologias de inteligência artificial nas casas também pode trazer uma nova dimensão de personalização no cuidado, onde as soluções podem ser adaptadas às necessidades específicas de cada idoso, melhorando a qualidade de vida e a autonomia.

A Conexão Necessária

Embora o mundo se mova em direção a uma maior digitalização, a necessidade de cuidado humano permanece inalterada. Para que essas tecnologias sejam verdadeiramente eficazes, elas devem ser integradas dentro de um sistema que valorize e priorize as interações humanas, assegurando que os idosos não se sintam isolados ou desamparados.

Conclusão

A implementação de sistemas de monitoramento baseados em IA representa uma mudança significativa na forma como cuidamos dos idosos, especialmente aqueles com condições como demência. Com a combinação certa de tecnologia e cuidado humano, é possível proporcionar apoio a idosos e suas famílias, garantindo que eles continuem a viver de maneira independente, digna e confortável.

Com um olhar atento aos desafios e um compromisso com a qualidade do cuidado, a sociedade pode avançar em direção a um futuro onde todos, independentemente da idade ou condição de saúde, tenham acesso a um cuidado que respeita tanto suas necessidades físicas quanto emocionais.

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