Controladora da Ben & Jerry reclama de Unilever por mudança de CEO

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A Crise na Ben & Jerry’s: A Demissão de David Stever e o Impacto no Ativismo Corporativo
Recentemente, o mundo dos negócios se agitou com a notícia de que David Stever, o então CEO da Ben & Jerry's, foi forçado a deixar seu cargo por decisão da Unilever, sua empresa-mãe. Essa saída surpreendente levanta questões sobre a autonomia da Ben & Jerry's e a natureza de suas operações sob a direção de uma corporação gigante. Exploremos a fundo essa polêmica e o contexto em que ela ocorre.
A História da Ben & Jerry's e sua Missão Ativista
Fundada em 1978, a Ben & Jerry's não é apenas uma marca de sorvetes; é uma empresa que se destaca por sua postura social e seu compromisso com a justiça. Desde sua origem, a Ben & Jerry's adota uma abordagem inovadora, alinhando sua missão de negócios a causas sociais relevantes, como a luta contra a crise climática, o apoio aos refugiados e a defesa dos direitos LGBTQ+.
Em 2000, a Unilever adquiriu a Ben & Jerry's, mas essa compra veio acompanhada de um acordo que estabeleceu um conselho independente. O objetivo desse conselho era proteger os valores e a missão da Ben & Jerry's, garantindo que a empresa continuasse a operar de maneira a atender suas pautas sociais e humanitárias.
A Demissão de David Stever: Motivos e Consequências
David Stever foi promovido a CEO em meados de 2023, após uma longa jornada na empresa que começou em 1988 como guia turístico na fábrica. Sua ascensão ao cargo de maior responsabilidade foi acompanhada de um compromisso renovado com os valores sociais da marca. Contudo, a recente decisão da Unilever de removê-lo do cargo gerou uma onda de críticas e levantou preocupações sobre a influência da gigante multinacional na Ben & Jerry's.
Segundo informações divulgadas pelo conselho independente, a Unilever teria tentado silenciar a missão ativista da marca e, com isso, violado o contrato de fusão que garantia a autonomia da Ben & Jerry's. O conselho alega que a Unilever fez ameaças ao pessoal da empresa, o que resultou na queda de Stever. O arquivamento do processo legal nos Estados Unidos destaca que a Unilever não apenas removeu o CEO sem consulta, mas também tentou pressionar o conselho independente a se afastar da decisão.
Impacto do Conflito sobre a Missão Social da Ben & Jerry's
A missão da Ben & Jerry's sempre foi mais do que simplesmente vender sorvete. A empresa se posicionou como um agente de mudança social e ambiental, buscando usar sua influência e recursos para promover causas justas. No entanto, a demissão de Stever levanta a questão: a Unilever está disposta a colocar essa missão em risco em nome de interesses corporativos?
Anuradha Mittal, presidente do conselho independente, declarou que David Stever avançou corajosamente a missão e os valores da empresa, contrastando com o que a Unilever gostaria que ele fizesse — supervisionar um possível desmantelamento da missão progressista da Ben & Jerry's.
A Reação do Mercado e o Futuro da Ben & Jerry's
Com a saída de Stever e as reações subsequentes, a Unilever enfrenta um momento de instabilidade. A empresa viu a recente demissão de seu próprio CEO, Hein Schumacher, e a nomeação de um novo CFO, Fernando Fernandez, indicando uma reestruturação interna. Enquanto isso, o conglomerado se prepara para uma série de mudanças nas operações de sua divisão de sorvetes.
As ações da Unilever apresentaram desempenho estável em 2025, mas caíram 15% no ano anterior. A pressão sobre a empresa para melhorar seu desempenho financeiro pode estar impactando suas decisões operacionais, incluindo a forma como gerencia suas marcas, como a Ben & Jerry's, que possuem um forte apelo social.
O Papel do Ativismo Corporativo
A situação da Ben & Jerry's destaca um ponto crítico sobre o ativismo corporativo e a responsabilidade das empresas em relação às questões sociais. Em um mundo cada vez mais conectado, os consumidores estão atentos à postura das empresas em relação a temas como justiça social, meio ambiente e direitos humanos. A capacidade de uma marca de defender suas crenças e valores enquanto opera sob a égide de um conglomerado pode ser vista como um teste de integridade e compromisso com sua missão.
O caso da Ben & Jerry's também traz à tona debates sobre a responsabilidade corporativa, desafiando outras marcas a considerar se estão realmente comprometidas com suas missões ou se estão, de fato, sob a influência de pressões externas que podem comprometer seus valores centrais.
Conclusão
A Ben & Jerry's é um exemplo emblemático de como o ativismo e a responsabilidade social podem ser incorporados no DNA de uma marca. No entanto, a recente demissão de David Stever ressalta os desafios que surgem quando uma empresa com uma forte missão social é adquirida por um gigante corporativo. A luta da Ben & Jerry's para manter sua autonomia e seus princípios em meio a pressões externas será observada de perto por consumidores e analistas nos próximos meses.
O futuro da marca depende de sua capacidade de navegar esse momento crítico, garantindo que suas operações continuem a refletir os valores que a tornaram uma das marcas de sorvete mais reconhecidas e respeitadas do mundo.
Fontes e Referências
As informações apresentadas neste artigo foram baseadas em reportagens de fontes confiáveis, incluindo a BBC e o Financial Times, que cobriram a situação em torno da demissão de David Stever e suas implicações para a Ben & Jerry's e a Unilever.

Legenda: Imagem representativa da Ben & Jerry's, utilizada sob licença de uso gratuito.
O acompanhamento dessa situação poderá oferecer insights valiosos sobre a interseção entre negócios, ativismo e a responsabilidade social das empresas, um tema cada vez mais relevante em nosso mundo contemporâneo.
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