Orçamento de Outono: O Impacto nas Frotas e o Futuro dos Veículos Elétricos no Reino Unido
Os operadores de frotas estão em um estado de expectativa cautelosa com relação ao Orçamento de Outono que será apresentado na quarta-feira, 30 de outubro, pelo novo governo trabalhista liderado por Rachel Reeves. As preocupações se concentram nas "decisões difíceis" que, segundo o chanceler, podem afetar diretamente os custos operacionais e influenciar a demanda por automóveis elétricos (EVs) nas empresas.
Cenário Financeiro do Reino Unido
Durante o verão, Rachel Reeves já havia alertado para a necessidade urgente de reformas fiscais para cobrir um déficit nas finanças públicas do Reino Unido estimado em 22 bilhões de libras. Essa situação é um reflexo de desafios econômicos mais amplos, que exigem medidas que possam equilibrar as contas do estado sem comprometer ainda mais o setor privado, especialmente o mercado automotivo.
A Visão de Peter Golding
Peter Golding, diretor administrativo da Fleetcheck, enfatizou a importância deste orçamento como uma oportunidade para o governo alinhar suas políticas em relação aos veículos elétricos. Ele destacou que um sinal claro em favor da eletrificação é essencial para incentivar as frotas a dar o passo decisivo rumo à mudança de suas operações para veículos mais sustentáveis.
Desafios aos Incentivos Fiscais
Golding também mencionou o recente corte do HMRC na Tarifa Elétrica Consultiva (AER), que é crucial para reembolsar motoristas em relação à cobrança de despesas elétricas. Apesar do aumento dos preços de energia registrado no início de outubro, um retrocesso nos incentivos fiscais para veículos híbridos plug-in (PHEVs) e elétricos seria considerado um erro. Ele argumenta que a eletrificação das frotas não deve ser considerada como um processo linear e que a continuidade do incentivo é vital, uma vez que muitas empresas ainda enfrentam barreiras como a falta de infraestrutura de carregamento.
A Necessidade de Acessibilidade
Golding acrescentou que o governo deve não apenas manter a baixa taxação sobre os carros de empresa, mas também garantir que a AER reflita de maneira apropriada os custos da eletricidade. Isso inclui assegurar um robusto financiamento para a instalação de carregadores em áreas públicas, facilitando assim a adoção de veículos elétricos por um maior número de motoristas.
Críticas aos Incentivos Fiscais
Embora os incentivos fiscais tenham promovido um aumento significativo na demanda por automóveis comerciais elétricos e programas de redução salarial desde 2020, eles também foram criticados por beneficiar desproporcionalmente as famílias de alta renda. Segundo a Resolução Foundation, um think tank britânico, 66% dos motoristas de automóveis de empresa ganham mais de £50.000 por ano, levantando a questão sobre a equidade desses benefícios.
O Mercado de Veículos Elétricos Usados
A Associação Britânica de Aluguer e Leasing de Veículos (BVRLA) tem defendido um maior apoio ao mercado de veículos elétricos usados, que enfrenta desafios devido à rápida depreciação. Essa depreciação acarreta custos mais altos de leasing para as empresas que temem a aquisição de novos veículos elétricos. Em seu mais recente Relatório de Perspectivas, a BVRLA apelou por subsídios, esquemas de desmantelamento e isenção de IVA para veículos elétricos usados, as quais são fundamentais para assegurar a acessibilidade no mercado.
Expectativas para Políticas Futuras
Ashley Tate, diretora-gerente da Allstar Chargepass UK, ressaltou a importância de previsões de pelo menos cinco anos sobre as políticas fiscais a serem adotadas. A incerteza em torno das datas para a eliminação gradual de carros não híbridos e a falta de clareza sobre as faixas fiscais para automóveis corporativos, que só devem ser finalizadas até abril de 2028, geram desafios consideráveis. Isso significa que decisões tomadas agora podem afetar até mesmo os contratos de locação que estão sendo firmados hoje.
Conclusão: Um Futuro Interconectado
Diante de um cenário econômico desafiador e de um forte desejo de transição para um futuro mais sustentável, a clareza nas políticas governamentais se torna crucial. A incapacidade de fornecer um ambiente estável para as frotas pode resultar em um retrocesso no progresso alcançado até agora na eletrificação do setor automotivo.
As deliberações e decisões que serão tomadas no Orçamento de Outono, portanto, não apenas moldarão o presente, mas também o futuro da mobilidade elétrica no Reino Unido. Para que essa transição ocorra de maneira eficaz, é fundamental que o governo nos próximos meses mantenha uma comunicação clara e sustente incentivos que possam fazer a diferença na adoção de tecnologias menos poluentes. As empresas dependem de decisões que garantam não apenas a viabilidade econômica, mas também a responsabilidade ambiental em suas operações diárias.