EUA revogam sanções a Moraes e evidenciam isolamento da família Bolsonaro no cenário político

EUA revogam sanções a Moraes e evidenciam isolamento da família Bolsonaro no cenário político

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Trump retira sanções contra Alexandre de Moraes e esposa; analista diz que família Bolsonaro fica isolada e relações Brasil-EUA mudam.

Nesta sexta-feira (12), o governo dos Estados Unidos anunciou a revogação das sanções da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, sua esposa Viviane Barci de Moraes e a empresa da família, uma decisão que marca um ponto de inflexão nas relações diplomáticas entre Brasil e EUA e expõe um novo contexto político para a família Bolsonaro.

A retirada das punições ocorreu menos de cinco meses depois de terem sido impostas pelo governo do presidente americano Donald Trump, que havia utilizado a Lei Global Magnitsky para sancionar Moraes sob a justificativa de supostos abusos de autoridade e violações de direitos humanos ligada ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados.

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O que foi revogado e por que importa

As sanções da Magnitsky são um mecanismo do governo dos EUA que permite bloquear bens, contas bancárias e proibir transações financeiras de indivíduos acusados de violações de direitos humanos ou corrupção em qualquer parte do mundo. No caso de Moraes, isso significava impedir que ele e sua família tivessem acesso a ativos ou negócios sob jurisdição americana, além de impedir a entrada no país.

A decisão do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA retirou do ministro, de sua esposa e até do Instituto Lex — uma instituição familiar a designação na lista de sanções.

Essa reviravolta ocorreu em meio a um processo de aproximação diplomática entre o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Trump, que incluiu conversas telefônicas, negociações comerciais e a retirada de tarifas elevadas sobre produtos brasileiros, como parte de um esforço mais amplo de reconstrução das relações bilaterais após meses de tensão.

Donald Trump

Contexto político e diplomático

A aplicação das sanções em julho foi um dos pontos mais agudos de uma crise bilateral que também envolveu a imposição de tarifas de até 50% sobre importações brasileiras, retaliadas pelo governo brasileiro como interferência política.

Na época, Trump havia caracterizado o julgamento de Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe de Estado em 2022 como uma “caça às bruxas”, e usou essa retórica para justificar medidas punitivas.

Agora, a revogação das sanções se tornou um símbolo do realinhamento entre Brasil e EUA, e não apenas um gesto isolado: além de remover as restrições à família Moraes, o governo americano tem demonstrado disposição em reduzir tensões, inclusive com diálogo estratégico em áreas de segurança e comércio.

A ministra brasileira Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) saudou a decisão como uma vitória diplomática e destacou que foi Lula quem colocou a revogação na mesa de negociações com Trump, classificando o episódio como uma derrota política significativa para a família Bolsonaro.

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O impacto nas relações da família Bolsonaro com os EUA

A analista política Andréia Sadi, da GloboNews, interpretou a retirada das sanções como um sinal claro de que Trump se distanciou da família Bolsonaro e de seus esforços de influência política no exterior. Segundo Sadi, esse episódio sinaliza que o clã perdeu um importante aliado em Washington, ficando “à própria sorte” sem apoio estratégico de peso.

Esse cenário é visto como um golpe simbólico à narrativa de que Bolsonaro teria fortes laços de relacionamento pessoal e político com Trump, algo que vinha sendo explorado por seus apoiadores durante o ano, especialmente enquanto o ex-presidente e seus filhos buscavam apoio externo contra investigações internas no Brasil.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atuou em parte do processo de lobby em solo americano, afirmou em nota que recebeu a notícia “com pesar” e agradeceu o apoio demonstrado por Trump ao longo do processo original. Essa reação, no entanto, só reforça a narrativa de que o núcleo de apoio externo ao clã Bolsonaro se enfraqueceu com a mudança de postura da Casa Branca.

Eduardo Bolsonaro

Implicações jurídicas e políticas no Brasil

Internamente, a crise envolvendo a Magnitsky já havia provocado debates sobre soberania jurídica e interferência externa. A revogação das sanções elimina incertezas jurídicas e financeiras para Moraes, que recupera a possibilidade de relações normais com instituições e empresas que dependem do sistema financeiro norte-americano.

Politicamente, a decisão também representa um alívio para o STF e para o governo Lula, que vinham lidando com uma fase de relacionamento tenso com Washington, incluindo questões comerciais e diplomáticas desde o julgamento e condenação de Bolsonaro.

O peso eleitoral e as divisões internas

Esse episódio tem potencial para impactar o cenário político brasileiro em 2026, um ano eleitoral. A falta de apoio externo pode enfraquecer ainda mais as chances eleitorais de nomes ligados ao bolsonarismo, em um momento em que a direita enfrenta desafios organizacionais e de coesão interna, algo destacado por analistas políticos.

Além disso, a decisão pode influenciar a narrativa sobre soberania, democracia e interferência internacional, temas que devem ganhar relevância no debate público nos próximos meses.

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