Ex-presidente Fernando Collor é preso em Maceió: pena em regime fechado

Ex-presidente Fernando Collor é preso em Maceió: pena em regime fechado
Ex-presidente Fernando Collor é preso em Maceió: pena em regime fechado

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Em um episódio que fecha um longo ciclo de investigações e batalhas judiciais, o ex-presidente Fernando Collor de Mello, 75 anos, foi preso na madrugada desta sexta-feira (25) em Maceió, capital de Alagoas. A prisão decorre da condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, resultando em uma pena de oito anos e dez meses de reclusão.

A defesa informou que Collor foi detido às 4h da manhã, enquanto se deslocava espontaneamente para Brasília, onde pretendia se apresentar às autoridades. No momento, o ex-presidente encontra-se sob custódia na Superintendência da Polícia Federal em Maceió.


Como chegamos até aqui: entenda o caso

A história que levou à prisão de Collor começou a ganhar forma ainda em 2015, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra o ex-presidente no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo a acusação, Collor teria recebido cerca de R$ 20 milhões em propinas para influenciar contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, em favor da Construtora UTC.

As evidências incluíram documentos encontrados no escritório do doleiro Alberto Youssef e diversos depoimentos de colaboradores premiados.

Apesar dos recursos apresentados, o STF considerou que a defesa apenas repetia argumentos já refutados anteriormente, caracterizando tentativa de protelar a execução da pena. Na última quinta-feira (24), o ministro Alexandre de Moraes rejeitou o segundo recurso da defesa e determinou a prisão imediata de Collor.


A tentativa de evitar a cadeia

Nos últimos movimentos judiciais, os advogados de Collor buscaram reduzir a pena referente ao crime de corrupção passiva, na esperança de que, com a redução, o crime pudesse prescrever. Se isso ocorresse, Collor cumpriria apenas a condenação por lavagem de dinheiro — quatro anos e seis meses.

Entretanto, o plenário do STF, por 6 votos a 4, manteve a condenação original, impossibilitando qualquer benefício imediato ao ex-presidente.


De símbolo anticorrupção a condenado por corrupção

A trajetória de Collor é repleta de contrastes e ironias históricas. Ele ganhou notoriedade nacional com um discurso inflamado contra a corrupção ao se eleger governador de Alagoas em 1986, e posteriormente como presidente da República em 1989, vencendo Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno.

Foi o primeiro presidente eleito por voto direto após o fim da ditadura militar (1964-1985), mas sua gestão federal foi curta: dois anos e nove meses depois da posse, foi afastado em meio a um turbilhão de escândalos, impulsionado por denúncias de tráfico de influência e corrupção reveladas pelo seu próprio irmão, Pedro Collor de Mello.

A histórica renúncia em 1992, feita para tentar evitar a cassação, não salvou sua carreira política — embora Collor tenha sido absolvido pelo STF em 1994 das acusações relativas ao período presidencial.

Ainda assim, ele reconstruiu parte de sua trajetória, elegendo-se senador por Alagoas entre 2007 e 2023. Em 2022, tentou voltar ao governo do estado, mas terminou em terceiro lugar na disputa.


Prisão de Collor e impacto político

A prisão de um ex-presidente, especialmente por corrupção comprovada em última instância, reacende debates sobre a accountability política no Brasil e o alcance das instituições na punição de figuras públicas de alta projeção.

Num país onde a impunidade muitas vezes marca casos envolvendo grandes nomes, a detenção de Collor é simbólica. Ela representa um desfecho para uma figura que personificou, em momentos distintos, tanto as esperanças de renovação quanto a decepção nacional.


Próximos passos

Fernando Collor deve ser transferido para Brasília para o cumprimento de sua pena em regime fechado. A defesa, apesar da derrota no Supremo, poderá ainda tentar pedir progressão de regime ou outros benefícios no futuro, mas dependerá do cumprimento de requisitos legais, como o cumprimento mínimo de pena.

O ex-presidente, agora oficialmente condenado e preso, vê sua carreira política encerrar-se com a marca definitiva da corrupção — um fim amargo para quem, no passado, prometeu ser o "caçador de marajás" que acabaria com os privilégios da elite política.

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