Glauber Braga vai registrar B.O. contra Hugo Motta após retirada à força da Mesa na Câmara
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Glauber Braga acusa Hugo Motta de ordenar ação da Polícia Legislativa e anuncia boletim de ocorrência após ser retirado à força da presidência da Câmara.
Na noite desta terça-feira (9/12), o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a cadeira da presidência da Câmara dos Deputados em protesto contra a decisão de pautar seu processo de cassação. Minutos depois, ele foi retirado à força por agentes da Polícia Legislativa, por ordem do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Logo após o episódio, Glauber afirmou que registrará um boletim de ocorrência contra Hugo Motta, responsabilizando-o diretamente pela ação executada.

As acusações de Braga
Glauber Braga afirma que a retirada forçada configura abuso de autoridade e violência institucional. Ele também denunciou que a imprensa presente no plenário foi sumariamente retirada e que a transmissão oficial foi cortada, medida que considera grave ataque à transparência dos trabalhos da Câmara.
O deputado disse estar se dirigindo à 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal para formalizar a queixa e solicitar exame de corpo de delito, uma etapa necessária para comprovar eventuais lesões físicas.
Braga descreveu a ação como “decidida por um desequilibrado” referindo-se a Hugo Motta e acusou o presidente da Câmara de agir com desproporcionalidade.

Contexto: O que motivou o protesto
O protesto ocorreu no momento em que Motta decidiu pautar o processo de cassação do mandato de Braga, sob acusação de quebra de decoro parlamentar por agressão a um militante do MBL, em 2024.
Para Braga, a inclusão de seu processo num “pacote de cassações” que também atinge outros deputados como Carla Zambelli e Delegado Ramagem representa uma ofensiva política. Ele chegou a declarar que a remoção violenta foi uma tentativa de intimidação.
De um lado, Hugo Motta afirmou que agiu para preservar a ordem e o funcionamento da Casa. Segundo ele, a ocupação da Mesa por Braga violou o regimento da Câmara e justificou a intervenção da Polícia Legislativa.
Do outro, Braga e parlamentares aliados criticam o que definem como uso de força desproporcional, censura à imprensa e desrespeito à democracia interna da Casa.
Deputadas da bancada do PSOL, como Sâmia Bonfim e Célia Xakriabá, também manifestaram a intenção de registrar queixas de agressão.
Durante o episódio, a transmissão da sessão pela TV Câmara foi abruptamente desligada e profissionais de imprensa foram proibidos de acompanhar a retirada de Braga. A decisão provocou protestos de jornalistas e críticas de entidades de defesa da liberdade de informação.
Investigação e pressão pública
Com o boletim de ocorrência, o caso poderá ser investigado pela Polícia Civil, com requisição de exame de corpo de delito, depoimentos e possíveis responsabilizações. A sociedade civil, partidos e imprensa devem exercer pressão por apuração rigorosa.
Também é possível que a disputa chegue ao Judiciário, se houver denúncias formais de abuso de autoridade, censura ou violação de direitos.

A retirada forçada do deputado Glauber Braga da presidência da Câmara da forma como ocorreu e a imediata resposta com registro de boletim de ocorrência abrem um novo capítulo de crise institucional. O episódio expõe tensões profundas envolvendo poder, legitimidade, democracia interna e controle do aparato legislativo.
A sensação é de instabilidade no Congresso e o risco de que o conflito atual reverbere nas próximas votações e na relação entre poderes.
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