Gonorreia Resistente Avança no Reino Unido e Alerta para Crise Global
Dados divulgados pela Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido (UKHSA) revelam que, entre janeiro de 2024 e março de 2025, foram registrados 17 casos.
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Autoridades britânicas de saúde soaram um novo alerta sobre o aumento dos casos de gonorreia resistente a antibióticos. Essa infecção, que já é uma das mais comuns no mundo, agora preocupa médicos e especialistas por sua capacidade de evoluir para formas quase impossíveis de tratar. O avanço da resistência antimicrobiana pode transformar uma doença tratável em um desafio de saúde pública sem precedentes.
Entenda o que é a gonorreia
A gonorreia é uma infecção causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Ela é transmitida principalmente por meio de relações íntimas sem proteção e pode afetar diferentes partes do corpo, como os órgãos genitais, reto e garganta. Embora muitos casos sejam silenciosos, os sintomas mais comuns incluem:
- Em homens: secreção amarelada ou esverdeada, dor ao urinar e inflamação nos testículos;
- Em mulheres: dor pélvica, secreção anormal e sangramentos fora do ciclo menstrual.
A ausência de sintomas em boa parte dos casos dificulta o diagnóstico e permite a propagação silenciosa da doença.
Resistência preocupante: o antibiótico mais eficaz pode estar falhando
O tratamento mais utilizado contra a gonorreia atualmente é a ceftriaxona. No entanto, nos últimos anos, surgiram cepas que não respondem mais a esse antibiótico — e isso coloca o mundo em alerta.
Dados divulgados pela Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido (UKHSA) revelam que, entre janeiro de 2024 e março de 2025, foram registrados 17 casos de gonorreia resistente à ceftriaxona. Isso já supera os números dos dois anos anteriores combinados.
Mais preocupante ainda é o surgimento de 9 casos classificados como “extensivamente resistentes a medicamentos” (XDR), ou seja, casos que não respondem nem ao tratamento padrão nem às alternativas disponíveis.
Um problema que não é só do Reino Unido
A resistência à ceftriaxona foi detectada pela primeira vez no país em 2015. Desde então, foram confirmados 42 casos, muitos deles associados a viagens à região da Ásia-Pacífico — onde cepas mais resistentes circulam com frequência. No entanto, os casos locais estão aumentando, e isso indica uma possível disseminação autóctone da bactéria no território britânico.
Consequências graves quando a infecção não é tratada
A gonorreia não tratada pode gerar complicações sérias e permanentes, como:
- Doença inflamatória pélvica (DIP): que afeta até 1 em cada 5 mulheres infectadas, podendo levar à dor crônica e infertilidade;
- Infertilidade em homens: pela disseminação da infecção aos órgãos reprodutivos;
- Maior risco de infecção por HIV: devido à inflamação e ao comprometimento das defesas naturais.
A médica Katy Sinka, chefe da seção de ISTs da UKHSA, alertou: “A gonorreia está cada vez mais resistente, e isso pode tornar o tratamento inviável no futuro se não agirmos agora”.
Como se prevenir da gonorreia resistente
A prevenção continua sendo a estratégia mais eficaz. Veja as principais recomendações:
1. Uso consistente de preservativos
O preservativo continua sendo a barreira mais segura contra ISTs, inclusive a gonorreia. É essencial em qualquer relação com novo parceiro ou em situações de risco.
2. Testes regulares
Fazer testes com frequência, especialmente após relações desprotegidas, é fundamental para identificar e tratar precocemente a infecção — evitando transmissão e complicações.
3. Educação e informação
Campanhas educativas em escolas, comunidades e redes sociais são essenciais para conscientizar sobre sintomas, formas de contágio e tratamento disponível.
O papel das autoridades e o futuro da saúde pública
O aumento da gonorreia resistente exige uma resposta rápida e coordenada. O UKHSA vem recomendando:
- Revisão dos protocolos de tratamento;
- Investimento em novos antibióticos e alternativas terapêuticas;
- Ampla vigilância epidemiológica;
- Facilidade de acesso aos testes em todo o território nacional.
A longo prazo, especialistas defendem uma abordagem global, com cooperação entre países para rastrear cepas resistentes, desenvolver vacinas e fortalecer os sistemas de saúde frente à ameaça crescente da resistência antimicrobiana.
Conclusão: um alerta que precisa ser ouvido
O avanço da gonorreia resistente no Reino Unido é apenas a ponta de um iceberg que pode se espalhar rapidamente. Essa é uma realidade que exige conscientização, responsabilidade coletiva e compromisso governamental. Ignorar o problema pode custar caro.
Evitar o uso indiscriminado de antibióticos, realizar testes de rotina, buscar tratamento adequado e manter relações protegidas são atitudes simples que podem salvar vidas e conter o avanço dessa ameaça silenciosa.
Fique atento. Previna-se. Informe-se. Sua saúde — e a de todos — depende disso.
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