Governo Amplia Prazo do Empréstimo Consignado para Aposentados: Implicações e Reações
Na quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025, o governo brasileiro anunciou uma mudança significativa na concessão de empréstimos consignados para aposentados e beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O prazo de pagamento dos empréstimos passou de 84 para 96 meses, uma mudança que promete impactar significativamente milhões de brasileiros. A decisão foi comunicada pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi, em uma coletiva de imprensa que contou com a presença do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
Entendendo o Empréstimo Consignado
O empréstimo consignado é uma modalidade de crédito que permite ao tomador financiar valores descontados diretamente na folha de pagamento ou aposentadorias. Essa forma de empréstimo é popular entre os aposentados, pois apresenta juros mais baixos e prazos mais flexíveis.
Tipos de Empréstimo Consignado
Com a nova política, a mudança de prazo se aplica a três tipos principais de operações:
- Empréstimo com desconto em folha para beneficiários do INSS
- Cartão de crédito consignado
- Cartão consignado de benefício
Razoabilidade da Nova Medida
Carlos Lupi defendeu a ampliação do prazo como uma medida que visa beneficiar os aposentados ao diluir o valor das parcelas mensais. Segundo ele, a intenção não é estimular o endividamento, mas facilitar o acesso a crédito de forma mais sustentável para os beneficiários do INSS. Vale ressaltar que, atualmente, cerca de 16 milhões de CPFs possuem empréstimos consignados ativos.
“A nossa intenção é essa: beneficiar quem está tomando empréstimo porque dilui mais a sua prestação”, afirmou Lupi, enfatizando que os aposentados ganham com uma redução na pressão financeira mensal.
Margens de Endividamento Mantidas
Apesar da alteração nos prazos, o governo não modificou as margens de endividamento que limitam o quanto os aposentados podem comprometer de sua renda com essas operações. Os limites permanecem:
- Até 35% do valor do benefício para empréstimos com desconto em folha.
- Até 5% para operações de cartão de crédito consignado.
- Até 5% para cartões consignados de benefício.
Essa estrutura visa garantir que os aposentados não ultrapassem um limite saudável de endividamento, evitando que a dívida se torne insustentável.
Teto de Juros e Críticas dos Bancos
O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) também deliberou sobre os juros do consignado, aprovando um aumento no teto de juros para financiamentos, que passou de 1,66% para 1,80% ao mês. Ao mesmo tempo, o teto para operações de cartão de crédito consignado e de benefício foram mantidos em 2,46% mensais.
A decisão gerou descontentamento entre as instituições financeiras. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) argumentou que a manutenção de taxas baixas não cobre os custos de captação e pediu que o limite fosse elevado para pelo menos 1,99% ao mês. Essa solicitação foi entendida como necessária para que os bancos tivessem um maior “apetite ao risco” no setor de empréstimos consignados.
Reação do Setor Financeiro
O setor bancário manifestou preocupações com a natureza da regulação vigente. Em dezembro de 2024, a Associação Brasileira de Bancos (Abbc) protocolou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF), contestando a autoridade do CNPS para estabelecer esses tetos de juros. Para a Abbc, a definição de juros deveria ser uma prerrogativa do Conselho Monetário Nacional, responsável por regular a política monetária do país.
Diante da insatisfação, Lupi assegurou que o governo busca criar uma “margem muito boa” para que os bancos possam operar lucrativamente, mesmo em um ambiente de controle de taxas.
Implicações Para os Aposentados
A extensão do prazo para pagamento dos empréstimos consignados significa que os aposentados podem ter um alívio financeiro em suas obrigações. Para muitos, isso pode representar a diferença entre a capacidade de sustentar seu padrão de vida ou ter que enfrentar dificuldades financeiras. A possibilidade de menores parcelas mensais pode facilitar o planejamento financeiro e reduzir a pressão sobre a renda dos aposentados, que muitas vezes já é deficitária.
Considerações Finais
A mudança no prazo de pagamento do empréstimo consignado promovida pelo governo aponta para um esforço em lidar com as necessidades financeiras de milhões de aposentados e pensionistas brasileiros. No entanto, a preocupação do setor financeiro e as críticas sobre a regulação dos juros mostram que há um delicado equilíbrio entre garantir acesso ao crédito e manter a saúde do sistema financeiro.
Ainda é cedo para avaliar o impacto real dessa medida, mas a discussão sobre o crédito consignado, seus limites e condições de acesso deve continuar a dominar o debate político e econômico no Brasil nos próximos meses. O diálogo entre governo, instituições financeiras e beneficiários será crucial para moldar o futuro do financiamento e da previdência no país. Com a situação econômica ainda frágil, entender essas dinâmicas poderá ser determinante para a estabilidade financeira de muitos brasileiros.