Greve de Entregadores: Mobilização Histórica Pede Melhores Taxas

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Greve Nacional de Entregadores: Mobilização e Demandas em SP
Na última segunda-feira (31), São Paulo viveu uma das maiores mobilizações de entregadores desde o #BrequeDosApps de 2020. Aproximadamente dois mil trabalhadores, organizados sob a bandeira do "Breque Nacional de 48 horas", realizaram uma motociata que se estendeu pela Avenida Paulista até a sede do iFood, em Osasco. O movimento, que se espalhou por cerca de 60 cidades, exigiu um aumento na taxa mínima de R$ 6,50 para R$ 10 por corrida. Este artigo busca explorar os desdobramentos dessa greve, as demandas dos entregadores e as respostas das plataformas digitais.
Contexto da Mobilização
Breque Nacional de 48 horas
O "Breque Nacional" é uma resposta à crescente insatisfação dos trabalhadores de aplicações que enfrentam a precarização do trabalho e a superexploração. O aumento solicitado na taxa mínima é uma das principais bandeiras, visto que muitos entregadores acreditam que o valor atual é insuficiente para cobrir os custos de vida e os riscos envolvidos na profissão.
Motivos da Greve:
- Aumento da taxa mínima de R$ 6,50 para R$ 10.
- Remuneração por quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50.
- Limitação do raio de entregas para bicicletas a 3 km.
- Pagamento integral das corridas mesmo quando agrupadas na mesma rota.
O Dia da Mobilização
Após horas de espera e sob chuva em Osasco, os trabalhadores não obtiveram uma resposta positiva do iFood. Eles se dividiram em grupos e foram em direção aos principais shoppings da cidade, prometendo paralisar as entregas durante o horário de jantar, estendendo as paralisações até a noite de terça-feira (1).
Reunião com o iFood
Uma comissão de nove entregadores foi recebida em uma reunião com João Sabino, diretor de Políticas Públicas da empresa, e Johnny Borges, diretor de Impacto Social. No entanto, a entrada dos grevistas na sede do iFood foi marcada por tensão e desacordos internos.
Dinâmica da Reunião
- A comissão de entregadores queria que a reunião ocorresse com a presença de um representante da empresa do lado de fora.
- Os grevistas foram escoltados pela Polícia Militar e não puderam registrar a conversa, o que levou a um debate acalorado entre os trabalhadores.
- Apesar das discussões, a resposta do iFood foi um "não" às demandas apresentadas.
Clamor por Dignidade e Segurança
Os entregadores relataram que a alta taxa de mortalidade entre motociclistas é um reflexo direto da precarização do trabalho. Em 2024, o número de mortos atingiu 483, aumento de 20% em relação ao ano anterior.
Declarações de Trabalhadores:
- André S. (19 anos): "O iFood coloca nossa vida em risco todo dia em troca de uma taxa mínima de R$ 6,50, isso é inadmissível."
- Diego Silva (20 anos): “Se a gente tivesse uma remuneração digna, não precisaria correr, nem trabalhar exaustos, mais de 12 horas por dia.”
Impacto e Repercussão da Mobilização
Apoio Popular
Os manifestantes receberam apoio da população durante o trajeto e contaram com doações de alimentos, como 300 marmitas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Faixas expostas durante o protesto denunciavam: "iFood, Rappi, 99 e Uber: parasitas promovedores da escravidão moderna".
Visibilidade na Mídia
O protesto gerou grande repercussão nas mídias sociais e coberturas pela imprensa, evidenciando a luta dos trabalhadores por melhores condições. A presença de notáveis políticos da câmara municipal e federal não foi suficiente para legitimar a manifestação naquele contexto, já que a maioria dos parlamentares não teve permissão para discursar.
A Resposta do iFood e do Setor
O iFood, através da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Abomitec), defendeu que a renda média dos entregadores cresceu 5% acima da inflação entre 2023 e 2024. Entretanto, essa afirmação foi questionada pelos grevistas, que argumentam que a realidade do dia a dia não reflete esses números.
Abertura ao Diálogo
Em nota, o iFood reconheceu a reunião e afirmou que retornará com respostas para as lideranças. Contudo, a falta de clareza nas negociações e a resistência em atender às demandas geram descontentamento entre os trabalhadores.
Conclusão: Um Futuro de Incertezas
A mobilização dos entregadores é um reflexo do crescente descontentamento em meio à crescente precarização do trabalho. Com a avassaladora força do movimento ocorrendo em diversas cidades e a determinação de seus integrantes, fica evidente que essa luta por dignidade e segurança no trabalho está longe de acabar. Os próximos dias serão cruciais para determinar se as plataformas digitais finalmente atenderão às demandas de seus trabalhadores ou se as mobilizações continuarão a se intensificar.
Esta greve, assim como outras que vieram antes, simboliza a luta contemporânea por direitos trabalhistas em um contexto de serviços digitais em expansão. A sociedade precisa reconhecer não apenas o valor dos serviços prestados, mas também a vida dos que os oferecem. Afinal, a luta por dignidade e justiça é uma luta de todos.
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