Médico Preso em Itabira - MG Acumula Denúncias: Pacientes Rompem o Silêncio
Casos contra o médico Danilo Costa ganham novas denúncias em Itabira. Entenda o perfil das acusações e os impactos para a segurança no atendimento médico.
Publicidade
O caso do mastologista Danilo Costa, preso em Itabira (MG), continua ganhando repercussão após o surgimento de novas acusações. Inicialmente detido por suspeita de conduta abusiva contra uma paciente em um hospital da cidade, o médico agora é alvo de pelo menos dez denúncias, feitas tanto por mulheres em tratamento quanto por funcionárias da unidade de saúde.
A gravidade das revelações levanta discussões urgentes sobre vulnerabilidade no atendimento médico e a necessidade de ambientes mais seguros para pacientes, especialmente em situações delicadas como o tratamento oncológico.
Como Tudo Começou: A Primeira Denúncia
Em janeiro de 2023, uma paciente oncológica relatou ter sido violentada durante uma consulta médica. O atendimento ocorreu no Hospital Nossa Senhora das Dores, onde Danilo atuava.
Segundo o depoimento, ele impediu a vítima de pedir socorro, cobrindo sua boca, e ao fim da consulta ainda lhe entregou uma receita, orientando que saísse discretamente por um corredor lateral. A denúncia marcou o início de um inquérito conduzido pela Polícia Civil e logo ganhou atenção pública.
Acusações se Multiplicam: O Medo Cede Espaço à Coragem
Com a divulgação do caso, outras mulheres começaram a relatar experiências semelhantes. De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), até o momento dez vítimas formalizaram acusações contra Danilo, incluindo pacientes e colaboradoras do hospital.
Entre os relatos:
- Comentários impróprios durante exames
- Toques sem justificativa técnica
- Atitudes constrangedoras no ambiente profissional
A promotora Marianna Michieletto da Silva, da 3ª Promotoria de Justiça de Itabira, destacou que os padrões de comportamento relatados indicam um modus operandi recorrente, o que fortalece os indícios de prática sistemática.
A Linha Tênue Entre Confiança e Abuso em Ambientes Médicos
A maioria das vítimas se encontrava em situações de fragilidade emocional e física, o que evidencia o grau de vulnerabilidade em consultórios e clínicas. Muitas mulheres relataram que demoraram a denunciar por medo de não serem acreditadas ou por vergonha, especialmente por estarem enfrentando tratamentos invasivos e complexos.
Fatores que Contribuíram para o Silêncio
- Desconfiança no sistema de justiça
- Condição de saúde debilitada
- Medo de retaliação ou exposição
- Pressão social e familiar
Esses elementos criam um ambiente onde o abuso prospera em silêncio, alimentado pela desigualdade de poder entre profissional e paciente.
Novos Casos: Ultrassons Irregulares e Condutas Incompatíveis
Um dos depoimentos recentes relata um exame de imagem em que o médico fez comentários sobre o corpo da paciente, ultrapassando os limites profissionais. Outro caso aponta condutas inadequadas com funcionárias, como obrigá-las a cumprimentá-lo com abraços desconfortáveis.
Esses episódios reforçam a necessidade de revisão dos protocolos internos de hospitais e clínicas, tanto na capacitação ética de profissionais quanto no incentivo à denúncia segura.
A Resposta da Justiça
Danilo Costa teve a prisão preventiva decretada, após a juíza responsável pela audiência de custódia negar o pedido de liberdade. A justificativa citou o risco à integridade de futuras pacientes, além da possibilidade de fuga.
A Polícia Civil tem até dez dias para concluir o inquérito e encaminhá-lo ao Ministério Público. Entre as possíveis acusações estão:
- Violação mediante fraude
- Abuso de poder profissional
- Comportamentos considerados antiéticos no exercício da medicina
A Defesa do Médico
O advogado Hermes Vilchez Guerrero, que representa Danilo Costa, afirmou que seu cliente nega todas as acusações e que a prisão é "precipitada". Alega também que o médico não tem intenção de deixar o país nem de retornar ao hospital onde trabalhava, já que está afastado formalmente.
A defesa sustenta o princípio da presunção de inocência, enfatizando que o médico deve responder em liberdade até que haja julgamento formal.
Delegacia da Mulher e Apoio às Denunciantes
A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) em Itabira está acompanhando os desdobramentos do caso. Equipes com formação específica para acolher denúncias delicadas estão disponíveis, tanto presencialmente quanto via canais anônimos como o Disque 100 e o Disque 181.
Esse suporte é essencial para garantir que mais vítimas sintam segurança em relatar condutas abusivas sem receio de julgamento ou exposição.
O Que Este Caso Representa para o Brasil
O episódio em Itabira expõe uma falha estrutural na proteção de pacientes, sobretudo mulheres em condição de vulnerabilidade. Ele também acende um alerta sobre a importância de revisar protocolos hospitalares, ampliar a escuta ativa das vítimas e fortalecer as estruturas de apuração imediata.
Considerações Finais
Casos como o de Danilo Costa não são isolados — e tampouco devem ser tratados com descaso. Eles expõem um problema de fundo: a cultura do silêncio diante de abusos cometidos por profissionais em posição de autoridade.
É dever da sociedade, das instituições e da Justiça garantir um ambiente onde vítimas não apenas se sintam ouvidas, mas amparadas com seriedade e respeito.
Enquanto as investigações avançam, cresce a expectativa de que a verdade venha à tona e que a segurança dos pacientes seja, finalmente, colocada como prioridade em todas as unidades de saúde do país.
Fontes:
- Ministério Público de Minas Gerais
- Fórum Brasileiro de Segurança Pública
- Portal Oficial da Polícia Civil de Minas Gerais
Publicidade