O presidente Joe Biden convidou o primeiro-ministro Naftali Bennett a Washington na próxima semana para discutir o Irã, bem como o relacionamento de Israel com os palestinos, disse a Casa Branca na quarta-feira.
A tão esperada visita ao novo primeiro-ministro de Israel acontecerá em 26 de agosto em meio a tensões com a República Islâmica e a frágil trégua de Israel com governantes militantes do Hamas em Gaza após uma guerra de 11 dias em maio.
A reunião vai “sublinhar o compromisso inabalável dos Estados Unidos com a segurança de Israel”, de acordo com a declaração da porta-voz presidencial Jen Psaki. Os líderes, disse ela, “discutirão questões críticas relacionadas à segurança regional e global, incluindo o Irã”.
Bennett, entretanto, descreveu a próxima reunião como importante. Seu escritório disse que Bennett e Biden “discutirão uma série de questões diplomáticas, econômicas e de segurança, especialmente o programa nuclear iraniano”.
O líder israelense não fez menção aos esforços de cessar-fogo com o Hamas – mesmo quando um mediador egípcio estava no país – ou às promessas dos Estados Unidos e de Israel de apoiar o rival do Hamas, o presidente palestino Mahmoud Abbas.
A reunião da próxima semana será a primeira entre o líder americano e israelense – e a primeira viagem diplomática de Bennett como primeiro-ministro – em um momento delicado para a segurança do Oriente Médio. Politicamente, os dois homens querem mostrar firmeza no comando de seus respectivos governos após a guerra Israel-Gaza e o colapso do governo do Afeganistão sob o comando de Biden.
As duas nações querem frear a conduta do Irã na região e seu programa nuclear. Mas eles divergem sobre a questão fundamental de restabelecer o acordo nuclear de 2015. O ex-presidente Donald Trump retirou a América desse acordo em 2018.
Biden fez campanha para restaurar o acordo, com mudanças para lidar com a conduta iraniana. Bennett e seu antecessor, Benjamin Netanyahu, se opõem veementemente ao acordo e prometeram que Israel agirá contra o Irã por conta própria, se necessário.
Para Bennett, fortalecer o relacionamento de Israel com seu forte aliado, os EUA, é especialmente importante porque ele lidera um governo de coalizão de oito partidos de todo o espectro político. Segundo o acordo de coalizão, Bennett, um dos fundadores do movimento israelense de assentamentos, deixará o cargo em 2023. O centrista Yair Lapid, agora ministro das Relações Exteriores de Israel, assumirá o cargo principal.
Para Biden, é uma chance de mudar de assunto desde a blitz do Taleban no Afeganistão e o colapso do governo apoiado pelos EUA depois de 20 anos.
Enquanto Bennett, que lidera um pequeno partido de linha dura que se opõe a grandes concessões aos palestinos, não fez menção aos palestinos, a Casa Branca o fez – um reflexo das preocupações com os direitos humanos dos palestinos entre alguns do partido de Biden.
“A visita também será uma oportunidade para os dois líderes discutirem os esforços para promover a paz, segurança e prosperidade para israelenses e palestinos e a importância de trabalhar por um futuro mais pacífico e seguro para a região”, disse a Casa Branca.
Não houve conversas substantivas entre Israel e o governo de Abbas em mais de uma década. Com as relações frias e os palestinos divididos entre governos rivais, as perspectivas de retomada das negociações parecem mínimas.
Mas Bennett indicou que gostaria de melhorar os laços e fortalecer a economia palestina. Esta semana, as autoridades israelenses adiaram uma reunião na qual centenas de novas casas em assentamentos na Cisjordânia seriam aprovadas. Não ficou claro se o atraso foi resultado da pressão americana.
A guerra de 11 dias entre Israel e os governantes militantes do Hamas infligiu pesados danos a Gaza. Cerca de 254 palestinos foram mortos, incluindo pelo menos 67 crianças e 39 mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Doze civis, incluindo duas crianças, foram mortos em Israel, junto com um soldado.