A Suprema Corte do México votou na segunda-feira para anular duas reformas da lei eleitoral favorecidas pelo presidente Andrés Manuel López Obrador porque o Congresso as apressou para uma votação sem debate, ou mesmo tempo para lê-las.
A votação de 9 a 2 ameaça o hábito de López Obrador de exigir que os legisladores aprovem projetos de lei que muitas vezes receberam apenas algumas horas ou mesmo minutos antes, muitas vezes tarde da noite ou nas primeiras horas da manhã.
O ministro Jorge Pardo disse sobre uma das leis aprovadas no ano passado que “não houve nem três horas entre o envio do projeto (ao Congresso) e a votação”.
A Constituição exige que o Congresso considere e debata quaisquer leis que aprove. Em um caso, os ministros argumentaram que mudanças foram feitas no texto de um dos projetos de lei sem avisar os legisladores antes de votá-lo.
As leis derrubadas na segunda-feira envolviam regras eleitorais que limitavam a atividade partidária de políticos que ocupam cargos públicos. López Obrador procurou afrouxar os limites sobre o que os funcionários públicos podem dizer sobre as disputas eleitorais ou como podem usar a publicidade do governo.
O gabinete do presidente acusou a mais alta corte do país de extrapolação de seus poderes. No domingo – aparentemente antecipando a decisão – o escritório alegou que a votação “violaria a separação de poderes” ao anular o poder legislativo.
O ministro argumentou que o Poder Legislativo deve seguir suas próprias regras.
López Obrador tem altos índices de aprovação, e seu partido Morena e seus aliados controlam as maiorias nas duas casas do Congresso. Mas como o presidente não tem a maioria de dois terços necessária para mudar a Constituição, muitas vezes ele recorreu à imposição de mudanças legais – algumas das quais violam a Constituição – por meio da legislatura.
A decisão da Suprema Corte parece levantar a possibilidade de que leis aprovadas mais recentemente também possam ser derrubadas, porque elas também foram aprovadas pelo Congresso.
Por exemplo, no final de abril, o Senado do México aprovou 18 leis, incluindo grandes mudanças nas leis de mineração, em poucas horas sem debate. A oposição ocupou a sede normal do Senado para protestar contra a falta de debate sobre as medidas, então os senadores morena e aliados se reuniram em uma câmara alternativa e aprovaram lei após lei depois da meia-noite.
O tribunal já derrubou algumas das leis favorecidas pelo presidente.
Em abril, a Suprema Corte decidiu que a transferência do ano passado da recém-criada Guarda Nacional do controle civil para o militar era inconstitucional.
A grande maioria dos membros e da liderança da Guarda Nacional veio do exército mexicano, mas foi descrita na Constituição como uma força sob comando civil e colocada sob o controle do ministério civil de segurança pública.