Política Monetária nos EUA e Brasil: Efeitos no Câmbio
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A política monetária nos EUA e no Brasil é determinante para o comportamento do mercado cambial. Recentemente, o dólar à vista encerrou o pregão cotado a R$ 5,7445, conforme relatório da Ourominas. Enquanto o Federal Reserve (Fed) manteve os juros entre 4,25%–4,50%, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 14,75% ao ano. Neste artigo, você vai descobrir:
- Como as decisões do Fed e do Copom influenciam o dólar e o real
- Por que o carry trade voltou ao radar dos investidores
- Indicadores e discursos que podem movimentar o câmbio nos próximos dias
- O papel do ouro em cenários de incerteza
1. Decisão do Fed: estabilidade e cautela
O Fed seguiu as expectativas do mercado ao manter a taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano. Em sua coletiva, o presidente Jerome Powell destacou:
- Incertezas econômicas: desaceleração de alguns setores e riscos de desaceleração global.
- Efeitos das tarifas: as tarifas sobre importações podem pressionar preços e frear consumo, afetando também o emprego.
Essa postura “wait-and-see” — esperar por mais dados antes de agir — tende a reforçar o dólar no curto prazo, já que mantém o diferencial de juros em patamar elevado frente a outras economias. Além disso, a possibilidade de novas rodadas de tarifas pelos EUA pode gerar turbulência nos mercados de câmbio e de commodities (Federal Reserve).
2. Copom: nova alta, mas fim de ciclo à vista
No Brasil, o Copom surpreendeu poucos ao subir a Selic em 0,5 ponto percentual, alcançando 14,75% ao ano. O comunicado trouxe duas informações-chave:
- Nenhum sinal claro de novo aumento: o texto não sugeriu continuidade na curva de juros.
- Revisão de inflação para baixo em 2026: a projeção menor alivia a perspectiva de aperto adicional.
Esse movimento aumenta o prêmio de juros (carry) oferecido pelo Brasil, tornando o real atrativo para investidores que buscam rentabilidade em renda fixa. No entanto, a eventual paralisação do ciclo de alta pode enfraquecer o fluxo de capital, abrindo espaço para repiques do dólar.
3. Carry Trade em destaque
Com o diferencial entre a Selic e o Fed, o carry trade — estratégia que empresta em uma moeda de juros baixos (dólar) e investe em outra de juros altos (real) — volta a figurar como protagonista:
- Atrativos: rendimentos atrativos com risco cambial gerenciável.
- Cautelas: abalo por turbulências externas (tarifas, recessão global) pode gerar repatriação de capitais.
Para entender melhor esse mecanismo, veja nosso guia completo sobre como funciona o carry trade.
4. Influência das tarifas norte-americanas
Diferentemente dos fundamentos locais, as tarifas de importação impostas pelos EUA têm se mostrado mais determinantes na oscilação do dólar frente ao real. Setores exportadores e importadores reajustam preços e estoques, impactando o balanço de pagamentos e, consequentemente, a taxa de câmbio. Até que haja mais clareza sobre as negociações comerciais, a volatilidade deve permanecer elevada.
5. Indicadores e eventos na agenda
Nos próximos dias, fique de olho em:
- Discurso de Isabel Schnabel (BCE): apesar de ser do Banco Central Europeu, pode influenciar o humor global.
- IGP-DI e IPP (Brasil): medidos às 8h e 9h local, sinalizam a pressão de custos e atacado.
- Pedidos de seguro-desemprego (EUA): divulgados às 9h30, avaliam a saúde do mercado de trabalho norte-americano.
Esses dados podem reforçar ou suavizar expectativas de política monetária, gerando movimentos de curto prazo no câmbio.
6. Ouro como porto seguro
Quando o Fed manteve as taxas, o ouro recebeu novos aportes de investidores em busca de segurança. Segundo Mauriciano Cavalcante, economista da Ourominas:
- Taxas altas por mais tempo exercem pressão sobre o ouro, mas as incertezas comerciais e dados fracos dos EUA e da China têm estimulado a compra do metal.
- Fluxos para ativos de segurança tendem a aumentar em crises, beneficiando o ouro como diversificador de portfólio.
Saiba mais sobre as tendências do ouro em nossa análise completa de investimento em ativos de refúgio.
7. Conclusão e recomendações
Diante das decisões recentes:
- Para o investidor conservador: avalie aplicações em renda fixa local, aproveitando o carry, mas mantenha parte do portfólio dolarizada.
- Para o trader de curto prazo: monitore o calendário de dados e discursos, ajustando posições rapidamente.
- Para o gestor de portfólio: considere o ouro como hedge contra volatilidade e riscos geopolíticos.
O câmbio segue sob influência mista: fundamentos domésticos fortalecem o real, enquanto tarifas e incertezas externas sustentam o dólar.
Sobre os especialistas
Elson Gusmão
Diretor de Operações da Ourominas, com formação em Gestão Financeira (2016) e mais de oito anos no mercado de câmbio e ouro. Analisa diariamente as cotações e os impactos de decisões de política monetária.
Mauriciano Cavalcante
Economista da Ourominas, bacharel em Negócios Internacionais e Comércio Exterior. É responsável por comentários sobre ouro e tendências macroeconômicas, relacionando-as ao mercado cambial e de commodities.
Sobre a Ourominas
A Ourominas é referência no mercado brasileiro de câmbio e ouro, com certificações ISO 9001, 14001 e 45001, além do selo Great Place to Work (GPTW). Oferece soluções para exportação, investimentos e câmbio, combinando tecnologia, agilidade e assessoria especializada para pessoas físicas e jurídicas.
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