Protesto em Londres: Ações da BHP Billiton e os Atuais Atingidos pela Tragédia de Mariana
O rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, Minas Gerais, em 2015, foi um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil, resultando em amplas consequências sociais e ecológicas. Recentemente, o sentimento de indignação e luta por justiça voltou à tona, com protestos em frente à sede da BHP Billiton, em Londres, onde os atingidos por essa tragédia clamaram por reconhecimento e responsabilização. Este artigo explora a crise gerada pelo desastre e os desdobramentos judiciais que se seguem, refletindo sobre o impacto na vida das comunidades afetadas e o papel das empresas envolvidas.
O Desastre e suas Consequências
Contexto do Desastre
O rompimento da Barragem do Fundão ocorreu em 5 de novembro de 2015, despejando cerca de 45 milhões de metros cúbicos de resíduos de mineração no Rio Doce. Este evento trágico não apenas causou a morte de 19 pessoas, mas também afetou aproximadamente 700 mil indivíduos em 46 cidades ao longo do rio, afetando gravemente o ecossistema local e as comunidades que dependem dele.
Atingidos pela Tragédia
As consequências do rompimento foram devastadoras. A contaminação se estendeu por 675 km dos rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, levando à morte de 11 toneladas de peixes e destruindo 800 hectares de floresta tropical. As comunidades afetadas, incluindo indígenas, quilombolas e famílias que perderam entes queridos, sentem a dor de uma perda irreparável e buscam justiça.
Protestos e Indignações em Londres
A Manifestações na Sede da BHP
Na manhã do dia 23 de outubro de 2024, um grupo de atingidos se reuniu em frente à sede da BHP em Londres, protestando contra as alegações da multinacional de que não possui responsabilidades pelo desastre. Representantes legais da BHP argumentam que a Samarco, operadora da barragem, é apenas um investimento, sem vínculo direto com suas operações.
A Voz das Comunidades
Entre os presentes, o cacique Baiara, da aldeia Pataxó, declarou: "A água é vital para nós. Não podemos mais pescar e realizar nossos rituais. Dinheiro nenhum pode compensar o que perdemos". Essa declaração sintetiza a profunda conexão das comunidades com suas terras e recursos hídricos, e a forma como o desastre afetou suas tradições e modos de vida.
As Alegações da BHP e o Processo Judicial
O Processo na Justiça Inglesa
O escritório Pogust Goodhead, que representa os atingidos, acionou a BHP na justiça inglesa, reivindicando R$ 248 bilhões (44 bilhões de dólares) em indenizações. Até o momento, pouco se resolveu, e a BHP continua a sustentar que sua participação na Samarco não configura responsabilidade pelas operações.
Linha do Tempo do Processo Judicial
- 22 de julho de 2020: Começam as audiências no Reino Unido sobre a responsabilidade da BHP pelo desastre.
- 9 de novembro de 2020: Juiz da corte de Manchester nega pedidos de indenização.
- 27 de julho de 2021: Recurso dos afetados é aceito, resultando em novo julgamento sobre a BHP.
- 8 de julho de 2022: Atingidos têm o direito de processar a BHP no Reino Unido reconhecido.
- 15 de outubro de 2024: A BHP reafirma que não esteve envolvida na segurança da barragem.
Esses pontos assinalam a complexidade do processo judicial e a luta contínua por justiça por parte das comunidades afetadas.
A Responsabilidade das Empresas
O Papel da BHP e da Samarco
A BHP, em parceria com a Vale, controla a Samarco, cujo processo e operações têm suscitado críticas e questionamentos. A afirmação da BHP de que a Samarco é apenas um investimento levanta questões sobre a responsabilização de empresas multinacionais em casos de desastres ambientais.
Criticas às Empresas Multinacionais
As reivindicações da BHP para minimizar sua responsabilidade são vistas como uma tentativa de esquivar-se de sua parte na tragédia. A luta dos atingidos por reconhecimento e reparação destaca a necessidade de responsabilidade corporativa e transparência nas operações de empresas que operam em países vulneráveis.
Impacto nas Comunidades Atingidas
Destruição Cultural e Social
As comunidades, especialmente os povos indígenas, sentem não apenas os impactos econômicos, mas também a interrupção de suas práticas culturais. O cacique Baiara e outros líderes comunitários destacaram que a contaminação das águas significa também a perda de algo maior: "Nosso rio se acabou. Era a nossa alimentação e nossa cultura".
Busca por Justiça
As manifestações em Londres são parte de um movimento maior que busca justiça e responsabilização para aqueles que foram afetados pela tragédia. O desejo das comunidades de serem ouvidas e reconhecidas pelos tribunais é central para sua luta, que vai além da compensação financeira.
Conclusão
O caso da BHP e a tragédia em Mariana revelam as tensões entre grandes corporações e comunidades locais. As vozes das pessoas afetadas, agora elevadas em um protesto internacional, exigem mais do que indenizações financeiras; elas clamam por justiça, respeito e reparação pelos danos irreparáveis que sofreram. À medida que o processo judicial continua, a luta por um futuro mais justo e sustentável para essas comunidades deve permanecer no centro do debate, não apenas em tribunais, mas na consciência coletiva.
Links Importantes
- Portal G7 – Para mais notícias e atualizações.
- Pogust Goodhead – Escritório que representa os atingidos.
Este artigo destaca a importância da justiça social e ambiental, e a necessidade de as empresas serem responsabilizadas por suas ações, especialmente em contextos que afetam diretamente a vida de pessoas e comunidades vulneráveis.