O governo da Bolívia cortou relações diplomáticas com Israel na terça-feira, acusando o país de cometer “crimes contra a humanidade” e apelando ao fim da ofensiva militar israelita contra militantes do Hamas na Faixa de Gaza.
As autoridades bolivianas citaram o número de vítimas palestinianas em Gaza que resultaram da última guerra entre Israel e o Hamas, mas não fizeram qualquer menção ao ataque do Hamas a Israel no início do conflito.
“A Bolívia decidiu romper relações diplomáticas com o Estado de Israel em repúdio e condenação da ofensiva militar israelense agressiva e desproporcional que ocorre na Faixa de Gaza”, disse Freddy Mamani, vice-ministro das Relações Exteriores da Bolívia, em entrevista coletiva.
María Nela Prada, ministra da Presidência e ministra das Relações Exteriores em exercício, acusou Israel de “cometer crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza contra o povo palestino”.
Ela continuou a apelar a Israel para “cessar os ataques na Faixa de Gaza que já resultaram em milhares de vítimas civis e no deslocamento forçado de palestinos”.
A Bolívia também “rejeita o tratamento hostil israelense aos atores internacionais que fornecem ajuda humanitária na Faixa de Gaza”, disse Prada, acrescentando que a Bolívia enviará ajuda à Faixa de Gaza, embora não tenha detalhado o que isso poderia implicar.
Nem Prada nem Mamani mencionaram o ataque do Hamas a Israel, continuando com um padrão para o governo boliviano que nunca condenou o ataque de 7 de Outubro em que mais de 1.400 pessoas foram mortas em Israel.
Em 7 de Outubro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bolívia disse apenas que tinha “profunda preocupação com os acontecimentos violentos que ocorreram na Faixa de Gaza entre Israel e a Palestina”. Em 18 de Outubro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros condenou os ataques israelitas e enfatizou “a nossa solidariedade e apoio inabalável ao povo palestiniano”.
O Ministério da Saúde de Gaza afirma que mais de 8.500 palestinos foram mortos na guerra.
O governo desta nação andina de 12 milhões de habitantes, agora liderado pelo presidente esquerdista Luis Arce, há muito que critica Israel e já cortou relações diplomáticas em 2009 por causa dos combates envolvendo Gaza. As relações diplomáticas foram restabelecidas em 2020.
Arce expressou sua solidariedade ao povo palestino após uma reunião na segunda-feira com o embaixador palestino na Bolívia, Mahmoud Elalwani.
“Não podemos ficar calados e continuar a permitir o sofrimento do povo palestiniano, especialmente das crianças, que têm o direito de viver em paz. Condenamos os crimes de guerra cometidos em Gaza”, escreveu Arce nas redes sociais após a reunião.
O influente ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, que já foi aliado de Arce, mas se voltou contra ele, comemorou a decisão do governo de romper relações, embora tenha dito que não foi longe o suficiente.
“A Bolívia deve declarar o Estado de Israel como um Estado terrorista e apresentar uma queixa ao Tribunal Penal Internacional”, escreveu Morales nas redes sociais.
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