Fenaban e a Campanha de Reajuste dos Bancários: Uma Luta por Valorização Salarial
Recentemente, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) voltou à mesa de negociação, tendo como foco a décima rodada da Campanha Salarial de 2024. Desde o início do processo, a proposta da Fenaban parece acentuar a insatisfação entre os trabalhadores do setor bancário, que se mobilizam em busca de um aumento justo que considere não apenas a inflação, mas também a valorização real de seus salários.
Propostas em Debate e Consequências
Na mesa de negociação desta terça-feira, 27 de setembro, a Fenaban apresentou uma proposta que, a princípio, oferecia 90% da inflação com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). De acordo com estimativas, isso significaria uma perda salarial de 0,38% para os trabalhadores. Considerando o cenário econômico atual e o crescimento das receitas bancárias, a proposta foi prontamente rechaçada pelo Comando dos Bancários.
Ofertas Rebaixadas
A situação se agravou com a apresentação de uma proposta ainda mais desfavorável: os 90% do INPC seriam efetivamente pagos apenas a partir de janeiro de 2025. Em um contexto onde os lucros dos bancos atingiram altos recordes, a ideia de que os trabalhadores aceitariam uma negociação que não contempla suas necessidades acentuou a indignação e a mobilização entre os bancários.
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, enfatizou que a proposta final da Fenaban implicaria uma perda de R$ 1,2 bilhão para os trabalhadores. Isso inclui não apenas o salário, mas também a segunda parcela do 13º, vale-alimentação, vale-refeição e a antecipação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). "Essa proposta é um desrespeito, especialmente na véspera do Dia dos Bancários, um momento que deveria celebrar a contribuição da categoria para os altos lucros do setor", afirma Ribeiro.
A Disparidade de Lucros
Enquanto a proposta da Fenaban reflete uma tentativa de cortar custos com os trabalhadores, dados recentes revelam que os altos executivos do setor financeiro continuam a acumular remunerações significativas. Um estudo da Vila Nova Partners destaca que, entre 83 empresas listadas na Bovespa, o setor financeiro apresenta os maiores salários, com valores que chegam até R$ 67 milhões por ano para alguns executivos.
Uma Indústria em Alta
No entanto, a Fenaban defendeu suas propostas indicando que a indústria bancária enfrenta dificuldades devido a altas despesas com pessoal e intensa concorrência. Entretanto, esses argumentos foram contestados pelo Comando dos Bancários, que apresentou dados que revelam um cenário muito mais favorável para os bancos. De acordo com os balanços do 1º trimestre de 2024, as receitas dos bancos são 15 vezes maiores que as das cooperativas e 123 vezes superiores às instituições de pagamento.
O Processo de Mobilização dos Bancários
A insatisfação com as propostas apresentadas pela Fenaban culminou na organização de mobilizações por parte dos bancários. Uma greve nacional foi convocada para o dia 28 de setembro, com o intuito de expressar a indignação da categoria e exigir condições mais justas.
Assembleia e Participação
O Sindicato dos Bancários convocou uma assembleia para o dia 4 de setembro, além de uma plenária para o dia 28. A mobilização é vista como essencial para que os trabalhadores expressem sua frustração e façam ouvir suas vozes durante as negociações. "É crucial que todos participem e registrem sua indignação diante das propostas rebaixadas dos bancos", convocou Neiva Ribeiro.
Histórico das Mesas de Negociação
A Campanha Salarial deste ano se caracteriza por intensas negociações que envolveram diversas mesas de debate. Abaixo, um resumo do que foi discutido até o momento:
- Primeira Mesa: Empregos
- Segunda Mesa: Cláusulas sociais – foco em teletrabalho, tecnologia e jornada de 4 dias
- Terceira Mesa: Igualdade de oportunidades
- Quarta Mesa: PCDs, neurodivergentes e segurança bancária
- Quinta Mesa: Saúde e condições de trabalho
- Sexta Mesa: Debate inicial sobre cláusulas econômicas
- Sétima Mesa: Continuação das cláusulas econômicas
- Oitava Mesa: Propostas de retiradas de direitos
- Nona Mesa: Propostas de reajuste abaixo da inflação
Olhando para o Futuro
As expectativas são altas para a nova rodada de negociações que está agendada. O Comando dos Bancários se mantém em São Paulo até sexta-feira, aguardando que a Fenaban apresente uma proposta mais justa que preveja um aumento real. A resposta da Fenaban a essas demandas será crucial não apenas para os bancários, mas também para a imagem do setor financeiro no Brasil.
A Importância da Valorização dos Trabalhadores
A luta por salários justos é uma questão que transcende o simples aspecto financeiro. O reconhecimento do valor do trabalho e a valorização da profissão bancária são fundamentais para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo. À medida que o setor se moderniza e adota novas tecnologias, é imperativo que os bancos não apenas mantenham, mas também ampliem a força de trabalho, investindo em capacitação e valorizando os seus colaboradores.
Conclusão
A pressão sobre a Fenaban está crescente, e a resposta que a entidade dará nas próximas reuniões será determinante para a consolidação dos direitos dos trabalhadores do setor bancário. Além de uma demanda por resultados justos e dignos, a mobilização dos bancários reflete um desejo por respeito e valorização em uma indústria que, apesar das suas alegações de dificuldades, continua a apresentar lucros exorbitantes.
Em um cenário onde é possível observar notáveis desigualdades, a luta dos trabalhadores bancários se torna ainda mais relevante, não apenas para a categoria, mas para a sociedade em geral. Acompanhar de perto as negociações e apoiar os trabalhadores nesse processo é vital para que se conquiste uma realidade mais justa. A verdadeira força está na união da categoria e em sua capacidade de se organizar e lutar por seus direitos.