Chile elege José Antonio Kast e intensifica giro à direita na América do Sul
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José Antonio Kast, candidato de direita, vence eleição no Chile com foco em segurança e imigração; resultado reforça tendência conservadora no subcontinente e reconfigura mapa político regional.
O Chile vive uma mudança política histórica após a eleição presidencial de José Antonio Kast, que obteve cerca de 58% dos votos válidos e derrotou a candidata de esquerda Jeannette Jara no segundo turno realizado em 14 de dezembro de 2025. A vitória do líder do Partido Republicano marca o que muitos analistas definem como o retorno de uma agenda política de direita mais conservadora no país e representa um reflexo de tendências semelhantes em outras partes da América do Sul.
Kast, um político veterano e figura conhecida no cenário chileno, construiu sua campanha em torno de temas que hoje dominam o debate público: criminalidade, imigração irregular e segurança pública. Esses temas ganharam peso entre eleitores preocupados com a sensação de insegurança e o aumento de fluxos migratórios na região.

Plataforma de Kast: lei, ordem e controvérsias
A plataforma apresentada por Kast foi descrita como bastante centrada em “lei e ordem” e endurecimento de políticas migratórias, inspirada em modelos mais restritivos adotados em outros países. Suas principais propostas incluíam:
- Combate intenso ao crime organizado e fortalecimento das forças de segurança, com presença militar e policial nas áreas mais afetadas;
- Controle rígido da imigração irregular, com deportação de imigrantes sem documentação e reforço das fronteiras;
- Redução do tamanho do Estado e corte de gastos públicos, como parte de um plano de ajuste fiscal que busca diminuir burocracia e incentivar o crescimento econômico;
- Propostas econômicas de estímulo ao setor privado, incluindo possíveis reduções de impostos e reformas trabalhistas mais flexíveis, embora com detalhes ainda a serem definidos.
Essa agenda tem semelhanças com plataformas de líderes de direita em outros países, combinando medidas de segurança rígidas com políticas pró-mercado e menor intervenção estatal, um enfoque que atrai eleitores mais conservadores e aqueles frustrados com desafios socioeconômicos.
Além de segurança e economia, Kast também expressou posições conservadoras em temas sociais, como oposição ao aborto e políticas de expansão de direitos civis, o que reforçou a percepção de que seu governo poderia refletir uma guinada ideológica mais ampla.

O contexto da eleição e a derrota da esquerda
A disputa presidencial chilena de 2025 entre Kast e a ex-ministra Jeannette Jara, apoiada pela coalizão de esquerda, simbolizou a polarização política do país. Jara, que venceu o primeiro turno em novembro, apresentou uma plataforma mais focada em políticas sociais, reformas trabalhistas e regulação estatal.
No entanto, muitos eleitores foram convencidos de que a prioridade deveria ser enfrentar diretamente questões como segurança pública e imigração, ressaltando um descontentamento com a administração anterior e com a percepção de que a economia e a ordem social exigiam respostas mais duras.
A vitória de Kast também ocorre em um contexto de alta participação eleitoral, graças ao retorno do voto obrigatório, o que ampliou o alcance da eleição entre diferentes faixas da população chilena.
Impacto regional: um mapa político em transformação
O resultado no Chile tem reverberações além de suas fronteiras. A eleição de Kast se soma a um movimento mais amplo de liderança de direita ou centro-direita em outros países da América do Sul, como Argentina, Bolívia, Equador e El Salvador, embora cada contexto tenha suas nuances.
Com esse resultado, o equilíbrio político no continente pode sofrer alterações importantes em 2026, influenciando desde políticas econômicas até estratégias de cooperação internacional, especialmente em temas como segurança regional, migração e comércio.
Enquanto isso, governos de diferentes espectros ideológicos reagiram à vitória chilena de maneiras contrastantes: líderes alinhados ideologicamente com Kast celebraram o resultado, enquanto outros como o presidente colombiano Gustavo Petro criticaram veementemente a ascensão de um governo mais conservador no Chile.
Desafios pela frente
Apesar da vitória expressiva, Kast enfrentará desafios significativos no seu mandato, como a necessidade de negociar com um Congresso dividido, que pode dificultar a implementação de propostas mais radicais, especialmente em áreas sociais e econômicas.
Além disso, a forte polarização interna e as expectativas de mudanças rápidas podem colocar pressão sobre seu governo já nos primeiros meses, exigindo equilíbrio entre promessas de campanha e realidade legislativa e social.

A eleição de José Antonio Kast representa um marco no cenário político chileno e sul-americano. Sua plataforma centrada em segurança, imigração e reformas econômicas conquistou a maioria dos eleitores, dando à direita chilena um papel mais assertivo na geopolítica continental. À medida que o novo presidente começar seu mandato em março de 2026, as implicações dessa virada estarão sob observação não apenas em Santiago, mas em toda a América do Sul — um continente em rápida transformação política.
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