AComo o som da guerra continua a ecoar em todo o Médio Oriente, com conflitos em vários países despertando temores de um conflito mais amplo, os mercenários do Grupo Wagner da Rússia estão mais uma vez em ação.
Oito meses após a falha da marcha de Wagner em Moscou; seis meses após Yevgeny Prigozhin e seus comandantes superiores terem sido destruídos nos céus em retaliação a Vladimir Putin, os combatentes estão sendo chamados de volta às armas com a bênção do Kremlin.
A solidez nevada da Ucrânia foi substituída pelas areias e savanas da África. Há uma nova bandeira sob a qual lutar – África Corps, um nome que faz eco ao Afrika Korps alemão do Marechal Erwin Rommel, que participou de uma importante campanha contra as forças britânicas e aliadas na Líbia na Segunda Guerra Mundial.
O ataque do Hamas a Israel há três meses provocou combates terrestres, aéreos e marítimos em toda a região, resultando na continuação da carnificina em Gaza e em ataques com mísseis e assassinatos seletivos no Golfo, Iêmen, Líbano, Síria, Iraque, Irã e até no Paquistão.
Nesse cenário cada vez mais incendiário, o antigo Grupo Wagner está consolidando sua presença na Líbia e no Sudão, parte de uma região altamente volátil, além de reforçar sua presença nos estados africanos onde substituiu as forças ocidentais que se retiraram.
Diz-se que muitos ex-combatentes do Wagner manifestaram interesse em ingressar no Corpo. Sergey, um combatente que serviu com Wagner na Síria e na Ucrânia antes de partir pouco antes da tentativa de golpe, disse: “Eles parecem pessoas sérias, bem organizadas, e por isso muitos homens estão considerando a oferta.
“Eles estão usando uma boa psicologia. Eles destacam que muitos soldados têm muita dificuldade em se adaptar novamente à vida civil: sabemos, claro, que é esse o caso. Eles alertam sobre o que aconteceu com alguns que serviram no Afeganistão, na Chechênia. Eles se envolveram em bebidas e drogas, acabaram na prisão e seus casamentos terminaram. Voltar ao serviço é uma forma de evitar isso.”
“Tem muita gente que sente falta de estar com o Wagner”, acrescentou. “No início era um grupo especial. Não como aconteceu na Ucrânia com os presidiários e outros inúteis recrutados, mas como era no início, formado por soldados profissionais, muitos deles das Forças Especiais. Mas o Corpo da África também é um nome especial na guerra, não é? Um nome histórico.”
Moscovo está empenhado em aproveitar as oportunidades que a crise apresenta, capitalizando a atual instabilidade, dizem autoridades ocidentais que têm observado as atividades russas no Norte de África e no Sahel. Há um foco renovado em uma instalação naval russa planejada em Porto Sudão, no Mar Vermelho, onde os Houthis estão em conflito com navios de guerra dos EUA e do Reino Unido que protegem uma rota comercial global crucial. Wagner realizou os trabalhos iniciais do projeto portuário. O grupo há muito estabelece ligações com o Sudão, fornecendo, acredita-se, armas a ambos os lados da atual guerra civil e enriquecendo com o envolvimento no comércio ilícito de ouro.
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