A fome no norte de Gaza atingiu níveis alarmantes, com cerca de 70% da população enfrentando escassez de alimentos, de acordo com um relatório da ONU. A situação é tão crítica que é prevista uma “grande aceleração da morte” se um cessar-fogo imediato não for alcançado e se a ajuda humanitária não for aumentada.
O relatório da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC) alerta que quase três quartos das pessoas em partes do norte da Faixa de Gaza estão no nível mais grave de escassez de alimentos, ultrapassando em muito o limite da fome de 20%. Estima-se que a fome afetará as pessoas nessas regiões entre agora e maio, com residentes morrendo de fome e crianças menores de quatro anos em risco. No total, 1,1 milhão de palestinos em Gaza enfrentam uma escassez catastrófica de alimentos, quase o dobro dos níveis relatados no último relatório em dezembro. Há também um risco de fome no centro e no sul de Gaza até julho.
O relatório enfatiza a necessidade urgente de um cessar-fogo e de aumentar o acesso humanitário e comercial a toda a população de Gaza. A falta de acesso para entrega de ajuda humanitária teve um impacto significativo, levando a acusações de que Israel está provocando uma fome deliberada. Isso gerou críticas de autoridades internacionais, organizações de ajuda e grupos de direitos humanos.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chamou a situação de “desastre inteiramente provocado pelo homem” e pediu a Israel para permitir o acesso de bens humanitários a Gaza. Ele se juntou a outros líderes internacionais condenando o uso da fome como arma de guerra.
A Oxfam descreve a rápida deterioração em direção à fome generalizada em Gaza como sem precedentes. O Programa Alimentar Mundial da ONU alertou que é crucial agir rapidamente para evitar uma catástrofe humanitária.
Médicos que atendem os doentes e famintos em Gaza destacam a situação crítica das crianças, mulheres grávidas e lactantes. Muitas mulheres estão sendo internadas em unidades de terapia intensiva devido à desnutrição. A escassez de alimentos levou muitas famílias a recorrer a meios extremos para sobreviver, como pular refeições e reduzir a alimentação das crianças.
Israel nega bloquear o fornecimento de suprimentos em Gaza, mas organizações internacionais e agências da ONU afirmam que o acesso humanitário está sendo obstruído. As autoridades israelenses refutam essas acusações, embora haja relatos de atrasos e rejeições de ajuda humanitária.
As negociações para um cessar-fogo no conflito em Gaza continuam, mas estão enfrentando obstáculos. A comunidade internacional pede ações imediatas para evitar uma crise humanitária sem precedentes na região.