O candidato populista amigo da Rússia, Peter Pellegrini, saiu vitorioso das eleições presidenciais na Eslováquia, fortalecendo a possibilidade do governo retirar o apoio militar à Ucrânia.
Pellegrini, de 48 anos, representante do governo de esquerda nacionalista eslovaco e próximo aliado do primeiro-ministro populista Robert Fico, derrotou Ivan Korcok, que era mais alinhado com o Ocidente, com 53% dos votos.
Apesar de o presidente ter poucos poderes executivos na Eslováquia, o resultado das eleições reforçará a influência do primeiro-ministro pró-Rússia sobre o país.
Como presidente, Pellegrini poderá vetar leis, contestá-las judicialmente e nomear juízes – ações que podem desempenhar um papel crucial no destino das reformas lideradas por Fico.
Fico, que venceu as eleições parlamentares em setembro, em um país com cerca de 5,4 milhões de habitantes, tem uma agenda pró-Rússia e anti-americana.
Sua coalizão, que inclui um partido liderado por Pellegrini, já suspendeu o envio de armas da Eslováquia para a Ucrânia, e Fico também criticou a influência ocidental na região, que segundo ele, tem levado os países eslavos a se confrontarem.
O primeiro-ministro pró-Rússia também iniciou reformas no sistema legal e na mídia, levantando preocupações sobre o enfraquecimento do Estado de direito.
No entanto, Pellegrini se apresentou como mais moderado em comparação com o primeiro-ministro.
Nas eleições, ele acusou seu adversário, Sr. Korcok – um ex-embaixador nos EUA e Alemanha, e também ex-enviado da OTAN – de ser um defensor da guerra que poderia enviar soldados eslovacos para lutar na Ucrânia. O presidente não tem autoridade para controlar o envio de tropas.
Antes da votação, Pellegrini afirmou à AFP que a UE e a OTAN estavam divididas entre os que defendem a continuação da guerra [entre Rússia e Ucrânia] a todo custo e os que exigem o início de negociações de paz.
“Farei todo o possível para que a Eslováquia permaneça sempre do lado da paz e não da guerra”, afirmou Pellegrini.
No sábado, ele declarou que sua eleição não representaria uma mudança significativa na política externa.
“Não se trata da direção futura da política externa. Garanto que, assim como o outro candidato, continuaremos sendo um membro forte da UE e da OTAN”, acrescentou o presidente eleito.
Korcok admitiu a derrota, mas acusou Pellegrini de vencer espalhando o medo.
“Uma campanha pode ser vencida tornando o oponente um candidato pró-guerra. Não vou esquecer disso. O fator decisivo foi a alta participação; respeito isso, mas foi o medo que decidiu… disseminar o medo e o ódio”, afirmou ele, segundo a Reuters.