Um médico palestino faleceu em uma prisão israelense depois de passar mais de quatro meses sob custódia, de acordo com uma associação de prisioneiros palestinos.
Adnan Al-Bursh era chefe de ortopedia do Hospital Al Shifa, a maior instituição médica em Gaza.
Ele foi detido juntamente com outros 10 profissionais de saúde pelas forças israelenses enquanto tratavam pacientes no Hospital Al-Awada, no norte de Gaza, uma região que foi completamente destruída pelos incessantes ataques de mísseis de Israel.
A Sociedade dos Prisioneiros Palestinos classificou a morte como um “assassinato”, alegando que fazia parte de “um processo sistemático de ataques contra médicos e o sistema de saúde em Gaza”.
O corpo de Al-Bursh ainda não foi liberado pelas autoridades israelenses.
Um porta-voz militar israelense afirmou que o serviço penitenciário declarou a morte de Al-Bursh em 19 de abril, após tê-lo detido por razões de segurança nacional na prisão de Ofer. O porta-voz não comentou a causa da morte.
O sobrinho do cirurgião falecido, Mohammad Al-Bursh, relatou que ficou sabendo da morte de seu tio por volta das 13h (horário local) da quinta-feira através da associação de prisioneiros.
“Eu não sabia como dar a notícia para a esposa dele e para o meu pai. É difícil lidar com informações como essa… Estamos chocados, mais do que qualquer um possa imaginar. Estamos sofrendo”, disse ele à CNN.
Os colegas do cirurgião falecido o descreveram como “compassivo” e “heróico”. Suhail Matar chamou seu colega de “um pilar” para todos os departamentos ortopédicos de todos os hospitais de Gaza.
“É raro encontrar alguém como ele na vida, pois este médico trabalhou dedicadamente durante toda a sua vida e sempre se esforçou ao máximo, às custas de si mesmo”, afirmou o Dr. Matar à BBC Árabe.
O diretor do Hospital Al-Shifa, Marwan Abu Saada, destacou que a notícia da morte de Al-Bursh foi “extremamente dolorosa para a alma humana”.
Diversos grupos médicos, incluindo a Organização Mundial da Saúde, pediram o fim dos ataques contra profissionais de saúde em Gaza, onde já foram registradas mais de 200 mortes no conflito, de acordo com a Insecurity Insight, um grupo de pesquisa que coleta e analisa dados sobre ataques a trabalhadores humanitários ao redor do mundo.
O Ministério da Saúde palestino informou que Al-Bursh estava entre os 496 trabalhadores da saúde mortos por Israel desde 7 de outubro. Além disso, 1.500 pessoas ficaram feridas e 309 foram presas.
Israel acusou o Hamas de utilizar hospitais para propósitos militares e alegou que suas operações contra esses locais eram justificadas pela presença de combatentes. Tanto o Hamas quanto a equipe médica negam tais acusações.
Mais de 34.600 palestinos foram mortos durante os meses de ataques de Israel à Faixa de Gaza. O conflito teve início quando militantes do Hamas mataram 1.200 pessoas e sequestraram outras 253 em outubro, sendo que 133 delas ainda estão mantidas em cativeiro em Gaza.