Um engenheiro civil sugeriu que a implosão fatal do submersível Titan no ano passado pode ter ocorrido devido a uma “microdeformação” em seu casco de fibra de carbono.
O empresário de águas profundas Stockton Rush e seus quatro tripulantes pagantes perderam a vida em junho passado, quando o submarino colapsou sob pressão enquanto se dirigia para explorar os destroços do RMS Titanic.
Especialistas já haviam alertado há anos que o novo – e barato – design do casco composto da nave poderia ser vulnerável a pequenas imperfeições que se acumulam devido ao uso repetido.
Agora, pesquisadores da Universidade de Houston e da Universidade de Minnesota estão empenhados em prevenir desastres futuros, prevendo estatisticamente a resistência à flambagem de materiais semelhantes.
O estudo não mencionou o Titan especificamente, mas seu autor principal, Roberto Ballarini, citou a destruição do submarino como um exemplo claro do que pode dar errado.
“O material usado para o casco do Titan era um compósito de fibra de carbono. É bem sabido que sob carga de compressão as fibras em tais compósitos são suscetíveis a microdeformações,” disse o sr. Ballarini, professor de engenharia civil em Houston.
O estudo, publicado no mês passado na revista acadêmica revisada por pares Anais da Academia Nacional de Ciências (PNAS), buscou utilizar simulações de computador para criar um modelo matemático que previsse como e quando pequenos defeitos poderiam levar a falhas catastróficas.
Diferentemente da maioria dos submarinos de águas profundas, feitos de metal forte como o titânio, o casco do Titan era composto por um cilindro de fibra de carbono mais fraco, coberto em cada extremidade por duas cúpulas de titânio.
Rush, fundador e diretor da fabricante de submersíveis OceanGate, admitiu que “quebrou algumas regras” ao usar esse material, mas defendeu a decisão, argumentando que o baixo custo e leveza da fibra de carbono tornariam a exploração em águas profundas mais comercialmente viável.
No entanto, o ex-diretor de operações marítimas da OceanGate temia que pequenas falhas no casco pudessem se transformar em “grandes rasgos” devido às repetidas mudanças de pressão, causando falhas repentinas.
O projetista de submarinos John Ramsay afirmou mais tarde ao New Yorker que a fibra de carbono é intrinsecamente difícil de testar sob pressão, o que significa que cada viagem acarretaria um nível de risco desconhecido.
A OceanGate encerrou todas as operações e não foi possível entrar em contato para comentar.