A Ucrânia está recrutando prisioneiros condenados para o seu exército que está lutando contra a invasão russa, enquanto o regime de Volodymyr Zelensky luta para reabastecer a mão-de-obra na linha de frente.
Diante da intensificação da ofensiva russa, Kiev está ficando sem mão-de-obra e materiais para continuar a guerra após mais de dois anos, distribuindo seus soldados da linha de frente, exaustos e em menor quantidade.
Para compensar parte dessa escassez, o parlamento ucraniano aprovou na quarta-feira um projeto de lei para recrutar vários milhares de novos soldados de um grupo de até 20 mil condenados. A assinatura do Sr. Zelensky ainda é necessária para que se torne lei.
No entanto, nem todos os prisioneiros serão autorizados a se alistar.
Condenados por crimes graves, como estupro, violência sexual, assassinato premeditado de duas ou mais pessoas, terrorismo, tráfico de drogas e traição, não serão autorizados a trocar suas sentenças por uma oportunidade de ajudar Kiev a repelir a ofensiva russa. Nem os condenados por crimes contra a segurança nacional e corrupção grave, afirmou o legislador ucraniano Oleksiy Honcharenko.
“Não é segredo que o recurso à mobilização de nossa energia é enorme e, portanto, devemos usar todas as oportunidades disponíveis para combater a agressão armada”, dizia uma nota anexada ao projeto de lei.
“Alguns desses indivíduos são cidadãos motivados e patrióticos que estão prontos para se redimir perante a sociedade no campo de batalha”, acrescenta a nota, referindo-se aos condenados.
Líderes militares ucranianos citaram a falta de mão-de-obra e a escassez de munições, especialmente projéteis de artilharia, como as principais razões para a Rússia ter recuperado a iniciativa na linha de frente nos últimos meses.
Honcharenko afirmou que um condenado que deseje se alistar no exército deverá apresentar um recurso por escrito ao chefe da prisão e receberá liberdade condicional se for inocentado por um tribunal. “Isso deve acontecer apenas por vontade própria do condenado”, disse o legislador. “Os prisioneiros não são obrigados a se mobilizar.”
O regime de Zelensky recorreu, por vezes, a formas coercivas para aumentar a mobilização, à medida que os ucranianos tentavam evitar o recrutamento, inclusive fugindo do país em grande número.
Em dezembro, Zelensky descreveu a mobilização como uma “questão delicada”, enquanto citava a proposta do exército de mobilizar mais 450 mil a 500 mil pessoas para combater as forças russas. As forças armadas da Ucrânia estão consideravelmente desarmadas e em menor quantidade em relação às forças russas.
Em uma tentativa de fortalecer ainda mais suas forças armadas, Kiev reduziu no mês passado a idade de mobilização militar de 27 para 25 anos. O regime de Zelensky também revisou as regras que regem a mobilização de civis para o serviço militar.
Enquanto isso, na linha de frente, os russos estão avançando no leste e a Ucrânia se prepara para uma grande ofensiva no final desta primavera ou no verão.
Para manter a linha, segundo analistas, Kiev precisa de um influxo significativo de armas do Ocidente e de mais soldados para reabastecer suas fileiras.