Boulos e Nunes: O Papel da Gestão Municipal no Apagão de São Paulo
Recentes debates entre político e prefeito em São Paulo trouxeram à tona questões urgentes sobre a gestão de energia e a responsabilidade das autoridades locais. Em um cenário marcado por apagões e problemas relacionados à infraestrutura urbana, as falas de Guilherme Boulos, do PSOL, e Ricardo Nunes, do MDB, geraram um importante questionamento: quem realmente se omitiu diante das falhas que assolaram a cidade?
O Que Aconteceu no Apagão?
Os apagões em São Paulo não são problemas novos, mas as recentes ocorrências têm sido intensificadas por questões climáticas, como temporais que resultaram na queda de árvores e danos na rede elétrica. Nessa maré tempestuosa, as críticas de Boulos a Nunes refletiram a insatisfação popular e a pressão política para que a prefeitura assumisse um papel mais ativo na resolução de crises energéticas.
Boulos Acusa Nunes de Negligência
Durante um recente debate na Band, Guilherme Boulos não poupou críticas ao prefeito Nunes. Ele acusou a administração atual de ser negligente, especialmente em relação às quedas de árvores que atingiram a rede elétrica durante os temporais. Para Boulos, a falta de respostas rápidas aos pedidos de poda de árvores é um indicativo da ineficiência da gestão municipal.
Boulos prometeu que, se eleito, asseguraria que os pedidos feitos por meio da Central 156 fossem atendidos em um prazo de, no máximo, um mês. Atualmente, essa espera pode demorar até 120 dias, o que, segundo ele, é inaceitável diante da urgência que a população vive.
A Resposta de Ricardo Nunes
Em resposta às críticas, o prefeito Ricardo Nunes mencionou que a responsabilidade pela manutenção da rede elétrica e pela poda de árvores que se aproximam de fios energizados não recai exclusivamente sobre a prefeitura, mas sobre a Enel, a concessionária de energia da cidade. Ele argumentou que muitas das quedas de árvores estão ligadas à falta de resposta da empresa em relação aos pedidos de manutenção e poda da vegetação.
Um Chamado por Mudanças na Legislação
Além das críticas, Nunes também usou da tribuna para se posicionar em favor de uma mudança na legislação que dá maior jurisdição às prefeituras sobre as concessionárias de energia. Ele apresentou uma proposta de lei ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que visa permitir que os municípios escolham suas concessionárias e fiscalizem os contratos.
Nunes destacou que, sem essas mudanças, a prefeitura fica "de mãos atadas" em situações críticas como apagões, onde a intervenção imediata se faz necessária.
A Polêmica da Responsabilidade
A troca de farpas entre Boulos e Nunes não se limitou a acusações. Em um momento chave do debate, Nunes citou que buscou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para discutir a rescisão do contrato com a Enel, apenas para ser informado de que essa ação não competia à administração municipal.
Em contrapartida, Boulos lembrou que a responsabilidade pela gestão da Enel e pela manutenção da infraestrutura elétrica envolve não apenas o governo federal, mas também a ação da Aneel e o controle da fiscalização. Essa complexa teia de responsabilidades sinaliza a necessidade de um diálogo mais intenso entre as diferentes esferas de governo.
Podas de Árvores: Um Problema Urgente
Um dos pontos de maior tensão nas discussões foi o número alarmante de pedidos de poda de árvores na capital paulista. Segundo o boletim mais recente, existem cerca de 6.000 pedidos abertos na Central 156, evidenciando uma crise na gestão urbana que precisa ser urgentemente abordada.
A Relação entre Enel e a Prefeitura
Ricardo Nunes enfatizou que a responsabilidade pela poda em áreas onde as árvores se encontram próximas à fiação elétrica recai sobre a Enel. Isso levanta questionamentos sobre a eficiência de comunicação e colaboração entre a prefeitura e a concessionária, em um cenário onde árvores caídas e interrupções no fornecimento de energia se tornam recurrentes.
Conclusão: Um Chamado à Ação
Diante dos apagões constantes e da degradação da infraestrutura urbana, a resposta de Nunes à crítica de Boulos evidencia a falta de um plano integrado que una os esforços de gestão elétrica com as necessidades urbanas de manutenção. A realidade é que tanto a administração municipal quanto a orientação federal precisam redefinir suas responsabilidades e agir de maneira proativa.
É imprescindível que a cidade de São Paulo encontre soluções inovadoras para a gestão de sua infraestrutura elétrica e que haja um comprometimento mútuo entre as autoridades competentes e as concessionárias. Esse é um desafio que não pode espera e clama por ações imediatas, para que a população não pague o preço por omissões que podem e devem ser evitadas.