Após Datafolha, Boulos diz não aceitar ‘agressor de mulher’ na prefeitura
A recente pesquisa Datafolha revelou que, a dez dias do segundo turno das eleições em São Paulo, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, se encontra 18 pontos percentuais atrás do atual prefeito, Ricardo Nunes. Esse cenário tem gerado um clima de intensa disputa e estratégia entre os candidatos, especialmente no que tange ao eleitorado feminino, questão que Boulos está buscando explorar. Em um de seus mais recentes pronunciamentos, ele afirmou que não aceitará na prefeitura alguém que tenha sido um "agressor de mulher", uma declaração que visa não apenas criticar seu adversário, mas também galvanizar apoio em um contexto onde questões de gênero estão cada vez mais em evidência na política.
O Contexto da Eleição
A Pesquisa Datafolha
Como noticiado, a pesquisa Datafolha aponta que Nunes lidera com 51% das intenções de voto, enquanto Boulos conta com 33%. Esse resultado reflete uma tendência preocupante para o candidato do PSOL, que precisa reverter essa situação em um curto período de tempo. Uma das motivação para suas declarações contundentes nas últimas semanas tem sido exatamente essa busca por um reposicionamento no cenário eleitoral.
A Disputa pelo Eleitorado Feminino
De acordo com a pesquisa, a diferença no eleitorado feminino caiu de 18 para 8 pontos percentuais. Nunes possui 47% das intenções de voto entre mulheres, enquanto Boulos está com 39%. Essa breve recuperação é significativa, considerando que o eleitorado feminino tem um papel crucial na definição do resultado das eleições. Boulos tem apostado em propostas voltadas para o empreendedorismo feminino e na inclusão de políticas que apoiem mães de crianças autistas, sugeridas pelo mandato da deputada Tabata Amaral (PSB).
A Retórica de Boulos
O "Despejo" de Nunes
Em um discurso inflamado, Boulos se referiu a um “despejo” que deseja fazer de Nunes da prefeitura, declarando: "Tem um despejo que eu quero fazer. Eu lutei a minha vida toda contra despejo de família sem teto. Mas um despejo eu vou fazer questão de fazer". Essa frase, além de provocar reações no público, ressalta sua trajetória de liderança no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e busca estabelecer uma conexão emocional com os eleitores. O uso dessas metáforas reforça não apenas a sua luta social, mas também posiciona Nunes como o "opressor" que precisa ser removido da administração pública.
Acusações e Denúncias
Boulos tem mudado sua abordagem comparada ao primeiro turno, onde predominou um tom mais conciliador. Agora, ele associa Nunes a uma série de denúncias de corrupção e ao crime organizado, utilizando também acusação de violência doméstica como parte de seu arsenal retórico. Essa estratégia reflete uma busca por motivar eleitores que desejam uma mudança radical no atual cenário político, e que, possivelmente, se sentiram atraídos por discursos semelhantes de outros candidatos.
Desafios e Oportunidades
A Resposta dos Eleitores
O questionamento e as acusações feitas por Boulos, alinhadas a suas propostas focadas na inclusão e no empreendedorismo feminino, representam uma tentativa de captar o interesse de um eleitorado que clama por mudança. Aquele eleitor que se identificou com a retórica mais forte e indignada de concorrentes como Pablo Marçal (PRTB) pode também ver Boulos como uma opção viável e próxima de suas demandas.
A Necessidade de Envolver o Eleitorado
Um dos maiores desafios enfrentados por Boulos é melhorar sua imagem entre as mulheres e as famílias, especialmente em um contexto onde a violência de gênero e suas implicações sociais são constantemente debatidas. Para isso, ele amplia seu diálogo, abordando questões de saúde mental, apoio às famílias e necessidades específicas que as mulheres enfrentam em suas rotinas diárias.
Conclusão
À medida que se aproxima o dia da votação, Guilherme Boulos tenta, por meio de uma retórica ardente e propostas direcionadas, recuperar o terreno perdido na corrida eleitoral para a prefeitura de São Paulo. Embora a pesquisa Datafolha mostre um cenário desafiador, a política é notoriamente imprevisível. A tentativa de mobilizar o eleitorado feminino e associar Nunes a questões de violência e corrupção pode ser uma estratégia arriscada, mas necessária em sua busca pela mudança. As próximas semanas serão cruciais para determinar se sua abordagem irá ressoar com os eleitores e se conseguirá, de fato, fazer o "despejo" prometido na gestão atual.
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