Os pesquisadores conseguiram eliminar o HIV das células em laboratório, aumentando as esperanças de cura.
Utilizando a ferramenta de edição genética conhecida como Crispr-Cas, que ganhou o Prêmio Nobel em 2020, os cientistas conseguiram atingir o DNA do HIV, removendo todos os vestígios do vírus das células infectadas.
Essencialmente funcionando como uma tesoura, a tecnologia pode cortar o DNA em pontos específicos, permitindo a remoção de genes indesejados ou a introdução de novo material genético nas células.
Os autores do estudo afirmaram que seu objetivo é desenvolver um regime Crispr-Cas robusto e seguro, buscando uma ‘cura para o HIV para todos’ que possa inativar diversas cepas de HIV em vários contextos celulares.
Os cientistas, liderados pela Dra. Elena Herrera-Carrillo e parte de sua equipe (Yuanling Bao, Zhenghao Yu e Pascal Kroon) da Amsterdam UMC, na Holanda, afirmaram ter desenvolvido um ataque eficiente ao vírus em várias células e locais onde ele possa estar escondido.
Eles acrescentaram: “Essas descobertas representam um avanço fundamental no desenvolvimento de uma estratégia de cura.”
O HIV pode infectar diferentes tipos de células e tecidos do corpo, e por isso os pesquisadores estão em busca de uma forma de atacar o vírus onde quer que ele apareça.
No novo estudo, apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, os pesquisadores focaram em partes do vírus que permanecem iguais em todas as cepas conhecidas de HIV.
Eles afirmam que a abordagem visa fornecer uma terapia de amplo espectro capaz de combater eficazmente várias variantes do HIV.
Segundo os pesquisadores, seu trabalho é uma prova de conceito e não se tornará uma cura para o HIV imediatamente.
Eles afirmam que os próximos passos envolvem a otimização da via de entrega para atingir a maioria das células reservatório do HIV.
A esperança é elaborar uma estratégia para tornar este sistema o mais seguro possível para futuras aplicações clínicas e alcançar o equilíbrio certo entre eficácia e segurança.
“Somente então poderemos considerar ensaios clínicos de ‘cura’ em humanos para desativar o reservatório do HIV.
“Embora estas descobertas preliminares sejam muito encorajadoras, é prematuro declarar que existe uma cura funcional do HIV no horizonte”, afirmam os pesquisadores.