Os médicos devem adotar uma abordagem mais cautelosa ao prescrever medicamentos antipsicóticos para pacientes com demência, conforme apontado por especialistas em um novo estudo. O uso desses medicamentos pode expor os pacientes a uma série de problemas de saúde, mais graves do que se pensava anteriormente.
Medicamentos antipsicóticos podem ser recomendados para pessoas com demência que desenvolvem comportamento agressivo e psicose. No entanto, geralmente são prescritos apenas após outras opções de tratamento, como antidepressivos, medicamentos contra demência ou anticonvulsivantes, terem sido tentadas.
Um estudo recente, publicado no The BMJ, analisou dados de 174.000 consultas de adultos mais velhos na Inglaterra, diagnosticados com demência entre 1998 e 2018. Dentre os participantes, 35.339 receberam prescrição de antipsicóticos durante o estudo, sendo a maioria mulheres. Seus registros médicos foram comparados com os de pacientes com demência que não utilizaram esses medicamentos.
Pesquisadores das Universidades de Manchester, Nottingham, Edimburgo e Dundee descobriram que pacientes com demência que estavam em uso atual de antipsicóticos tinham um risco duas vezes maior de desenvolver pneumonia em comparação com aqueles que não os utilizavam. Além disso, apresentaram 61% mais risco de ter um acidente vascular cerebral e 43% mais risco de fraturar um osso.
Outros impactos negativos associados ao uso de antipsicóticos em pacientes com demência incluem um risco 28% maior de ataque cardíaco, 27% maior de insuficiência cardíaca, 72% mais risco de lesão renal e 62% mais risco de desenvolver um coágulo sanguíneo.
Os especialistas ressaltam que os riscos parecem ser mais elevados durante a primeira semana de tratamento. No entanto, o estudo é observacional, o que não permite estabelecer relações de causa e efeito definitivas.
O Dr. Darren Ashcroft, da Universidade de Manchester, destacou a importância de avaliar criteriosamente os benefícios do tratamento antipsicótico em relação aos riscos. Ele enfatizou a necessidade de revisar regularmente os planos de tratamento em todos os ambientes de saúde e cuidados.
Comentando o estudo, a Dra. Sheona Scales da Alzheimer’s Research UK apontou que a agitação e confusão associadas à demência representam desafios significativos para os pacientes e seus cuidadores. Ela ressaltou que embora os antipsicóticos possam ser úteis em casos graves, os riscos agora identificados são preocupantes.
Diante das evidências apresentadas, especialistas como Charles Marshall e Tom Russ destacaram a importância de reduzir a prescrição de antipsicóticos para pacientes com demência. É crucial explorar outras opções terapêuticas antes de recorrer a esses medicamentos, a fim de minimizar os riscos e prejuízos à saúde dos pacientes.
As descobertas deste estudo reforçam a necessidade de cautela na prescrição de antipsicóticos para pessoas com demência. A segurança e o bem-estar dos pacientes devem ser priorizados, considerando os potenciais impactos adversos associados a esses medicamentos.