A Flórida aprovou recentemente uma nova lei que permitirá que algumas cesarianas sejam realizadas fora do ambiente hospitalar, mais especificamente em “centros de parto avançados”. No entanto, médicos e profissionais de saúde estão expressando sérias preocupações em relação aos potenciais riscos de segurança que essa medida pode acarretar para os pacientes.
O governador Ron DeSantis assinou a legislação em março como parte do pacote legislativo “Viva Saudável” da Flórida, com o objetivo de expandir o acesso aos cuidados de saúde maternos no estado. A ideia por trás da lei é permitir que cesarianas planejadas e de baixo risco sejam realizadas em centros especializados, especialmente em áreas onde os hospitais fecharam suas maternidades, resultando em “desertos de cuidados de maternidade”.
No entanto, muitos profissionais médicos levantaram preocupações em relação aos potenciais impactos negativos dessa nova abordagem de parto. Mary Mayhew, CEO da Florida Hospital Association, afirmou que o modelo proposto pode comprometer os esforços coletivos para melhorar a saúde materna e infantil, argumentando que os hospitais tradicionais são mais adequados para fornecer qualidade e segurança no trabalho de parto.
Dados recentes sobre a mortalidade materna na Flórida revelam uma taxa preocupante de 40,2 por 100.000 nascimentos em 2022, quase o dobro da média nacional de 22,3 por 100.000 nascimentos. Além disso, a taxa de cesariana do estado foi de 35,9 por cento em 2022, ligeiramente acima da média nacional de 32 por cento, o que levanta ainda mais preocupações sobre a segurança e o acesso aos cuidados de maternidade.
De acordo com a nova lei, os centros de parto avançados devem cumprir uma série de requisitos, como ter um obstetra certificado e um anestesista certificado como diretores médicos, celebrar um acordo com um serviço de banco de sangue de emergência e seguir as regras da agência de saúde do estado. Além disso, os centros devem ter um obstetra com privilégios de admissão em um “hospital próximo”, embora a proximidade exata não seja especificada.
Os centros de parto avançados também estão autorizados a realizar partos vaginais entre 37 e 41 semanas de gestação e partos vaginais em pacientes que já tiveram cesarianas. Pacientes com gestações de alto risco não são elegíveis para cesarianas nesses centros e podem ser encaminhadas para hospitais devido a possíveis complicações.
No entanto, mesmo para pacientes de baixo risco, existem preocupações de que surjam complicações inesperadas que necessitem de cuidados emergenciais que apenas um hospital pode fornecer. O Dr. Cole Greves, presidente da seção da Flórida do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, ressaltou a importância de garantir um nível adequado de segurança para os pacientes, independentemente do local de realização da cesariana.
Até o momento, nenhum centro de parto avançado foi inaugurado na Flórida, mas a Women’s Care Enterprises está explorando essa opção e se envolvendo nas discussões sobre as regulamentações necessárias para sua abertura. A tendência de centros de parto independentes está crescendo nos Estados Unidos, oferecendo uma alternativa entre o parto domiciliar e o parto hospitalar para gestantes de baixo risco.
Em resumo, a nova lei na Flórida que permite cesarianas fora do ambiente hospitalar levantou questões importantes sobre a segurança e a qualidade dos cuidados de maternidade. Embora o objetivo seja expandir o acesso aos serviços de saúde materna, os profissionais médicos e os defensores da saúde estão pedindo uma abordagem cautelosa para garantir a proteção e o bem-estar das gestantes e de seus bebês. É fundamental encontrar um equilíbrio entre a conveniência e a segurança, priorizando sempre o cuidado e a saúde das mães e dos recém-nascidos.