Os pesquisadores deram um passo significativo na descoberta de uma das principais causas da doença inflamatória intestinal (DII) e na identificação de medicamentos existentes que podem ser eficazes no tratamento da doença.
A DII abrange doenças como a doença de Crohn e a colite ulcerosa, que estão se tornando mais comuns, afetando mais de meio milhão de pessoas no Reino Unido em 2022. No entanto, os tratamentos atuais não são eficazes para todos os pacientes e há dificuldades em desenvolver novos medicamentos devido à falta de compreensão sobre as causas da DII.
Em um estudo conduzido pelo Instituto Francis Crick, em colaboração com a UCL e o Imperial College London, os pesquisadores identificaram uma seção de DNA que está ativa em certas células do sistema imunológico, conhecidas por causar inflamação nos intestinos. Embora não haja medicamentos específicos para bloquear essa seção de DNA, os pesquisadores acreditam que medicamentos prescritos para outras condições não inflamatórias podem ser eficazes.
Durante os testes, um desses medicamentos demonstrou reduzir a inflamação nas células do sistema imunológico, bem como em amostras intestinais de pacientes com DII. No entanto, o medicamento apresentou efeitos colaterais em outros órgãos, levando os pesquisadores a buscarem formas de entregá-lo diretamente às células imunitárias.
Lauren Golightly, uma paciente de 27 anos diagnosticada com doença de Crohn em 2018, descreveu o impacto significativo que a doença teve em sua vida. Ela passou por várias internações hospitalares, tentativas de diferentes medicamentos e até uma cirurgia para uma bolsa de estoma temporária. A incerteza em torno da DII é uma das maiores dificuldades enfrentadas por quem vive com a condição.
A descoberta da seção de DNA ativa em células imunes inflamatórias oferece um novo alvo potencial para tratamento da DII. James Lee, líder do grupo de Mecanismos Genéticos de Doenças do Instituto Crick e gastroenterologista consultor, destacou a importância de encontrar melhores tratamentos para a DII, uma condição que pode causar sintomas graves e impactar negativamente a vida diária dos pacientes.
Christina Stankey, uma estudante de doutorado envolvida na pesquisa, ressaltou a complexidade da DII e outras condições autoimunes, enfatizando a importância de identificar vias terapêuticas eficazes. A pesquisa contou com a participação de voluntários do NIHR BioResource, que contribuíram com amostras de sangue para o estudo.
Publicado na revista Nature, o estudo foi financiado pela Crohn’s and Colitis UK, pelo Wellcome Trust, pelo Medical Research Council e pelo Cancer Research UK. A colaboração entre acadêmicos do Reino Unido e da Europa foi fundamental para o progresso na compreensão e no tratamento da DII.
Em resumo, a descoberta da seção de DNA ativa em células do sistema imunológico pode representar um avanço significativo no tratamento da doença inflamatória intestinal, oferecendo novas perspectivas para o desenvolvimento de terapias mais eficazes e direcionadas. O caminho traçado pelos pesquisadores mostra o potencial de aproveitar medicamentos existentes para combater a DII e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por essa condição debilitante.