Entregar um celular ou tablet a uma criança quando ela faz birra pode prejudicar sua capacidade de controlar suas emoções, sugere uma nova pesquisa.
De acordo com o estudo, se os pais usam regularmente dispositivos digitais para acalmar seus filhos, essas crianças podem ter problemas de regulação emocional, o que pode levar a problemas de controle da raiva mais tarde na vida.
As crianças aprendem muito sobre autorregulação – respostas afetivas, mentais e comportamentais a determinadas situações – durante os primeiros anos de vida, e isso é feito principalmente através do relacionamento com os pais, dizem os pesquisadores.
A Dra. Veronika Konok, primeira autora do estudo e pesquisadora da Universidade Eotvos Lorand, na Hungria, disse: “Os acessos de raiva não podem ser curados por dispositivos digitais.
“As crianças precisam aprender a administrar suas emoções negativas por si mesmas.
“Eles precisam da ajuda dos pais durante esse processo de aprendizagem, não da ajuda de um dispositivo digital.”
Ela acrescentou: “Aqui mostramos que se os pais oferecem regularmente um dispositivo digital aos filhos para acalmá-los ou para impedir uma birra, a criança não aprenderá a regular suas emoções.
“Isso leva a problemas mais graves de regulação emocional, especificamente problemas de controle da raiva, mais tarde na vida.”
Nos últimos anos, tornou-se mais comum dar às crianças dispositivos digitais para controlar suas respostas às emoções, especialmente se forem negativas, dizem os pesquisadores.
Em 2020, os pesquisadores realizaram uma avaliação dos pais de mais de 300 crianças com idades entre dois e cinco anos e acompanharam um ano depois.
Os pais preencheram um questionário que avaliou o uso da mídia por crianças e pais.
De acordo com as descobertas, quando os pais usaram a tecnologia para controlar as emoções dos filhos com mais frequência, as crianças mostraram menos habilidades de gestão da raiva e da frustração um ano depois.
As crianças que receberam dispositivos com mais frequência, pois vivenciaram emoções negativas, também mostraram menos capacidade de escolher uma resposta deliberada em vez de uma automática.
O estudo, publicado na Frontiers in Child and Adolescent Psychiatry, também descobriu que habilidades mais precárias de controle da raiva no início significavam que as crianças recebiam dispositivos digitais com mais frequência como ferramenta de controle.
“Não é surpreendente que os pais apliquem com mais frequência a regulação emocional digital se os seus filhos têm problemas de regulação emocional, mas os nossos resultados destacam que esta estratégia pode levar ao agravamento de um problema pré-existente”, disse o Dr. Konok.
Os investigadores sugerem que os especialistas em saúde poderiam fornecer informações sobre como os pais podem ajudar os seus filhos a gerir as suas emoções sem lhes dar tablets ou smartphones.
A autora sênior, Professora Caroline Fitzpatrick, pesquisadora da Universidade de Sherbrooke, Canadá, acrescentou: “Frequentemente vemos pais usando tablets ou smartphones para desviar a atenção da criança quando ela está chateada.
“As crianças são fascinadas por conteúdo digital, então esta é uma maneira fácil de acabar com as birras e é muito eficaz a curto prazo.”
Ela continuou: “Se aumentar a conscientização das pessoas sobre os dispositivos digitais como ferramentas inadequadas para curar acessos de raiva, a saúde mental e o bem-estar das crianças serão beneficiados”.
Vivemos em uma era digital onde dispositivos como smartphones e tablets estão sempre ao nosso alcance. Isso inclui as nossas crianças, que, muitas vezes, acabam usando esses dispositivos como uma forma de distração ou, em muitos casos, como um método para conter birras. No entanto, uma recente pesquisa levada a cabo por um grupo de cientistas revelou que essa prática pode trazer danos invisíveis ao desenvolvimento emocional das crianças.
Conduzida pela Universidade Eotvos Lorand, na Hungria, a pesquisa liderada pela Dra. Veronika Konok observou como crianças de dois a cinco anos que são frequentemente acalmadas com o auxílio de dispositivos digitais podem enfrentar dificuldades significativas no controle de emoções, especialmente no que diz respeito ao gerenciamento da raiva.
A habilidade de autorregular-se, ou seja, responder afetivamente, mentalmente e comportamentalmente a diversas situações, é desenvolvida de maneira mais intensa durante os primeiros anos de vida de uma criança. E o papel crucial para esse aprendizado vem, predominantemente, da interação com os pais e cuidadores. Segundo a Dra. Konok, a prática de usar aparelhos digitais para acalmar as crianças pode, na verdade, minar esse processo de aprendizado essencial.
“Os acessos de raiva não podem ser curados por dispositivos digitais”, enfatiza Konok. “As crianças precisam aprender a gerenciar suas emoções negativas sozinhas. Elas necessitam da ajuda dos pais nesse processo de aprendizado, e não da ajuda de um aparelho digital.”
Os resultados dessa pesquisa apontam para um círculo vicioso: quanto mais os dispositivos são usados para conter birras e acessos de raiva, mais as crianças se tornam dependentes deles, incapazes de desenvolver mecanismos próprios de autorregulação. Isso pode acarretar, no longo prazo, problemas significativos de controle da raiva.
Nos últimos anos, com a rápida evolução tecnológica, os dispositivos digitais passaram a ser ferramentas comuns no cotidiano, inclusive na criação dos filhos. É frequente ver pais entregando um tablet ou smartphone para seus filhos em momentos de stress ou frustração da criança. Este estudo em questão foi realizado em 2020 e contou com a participação de mais de 300 crianças e seus pais. A avaliação dos pais revelou um padrão preocupante: o uso da tecnologia para regular as emoções das crianças estava diretamente ligado a um declínio nas habilidades dessas mesmas crianças de administrar a raiva e a frustração ao longo do tempo.
Além disso, foi notado que as crianças que tinham maior exposição a dispositivos eletrônicos em momentos de emoções negativas demonstravam uma menor habilidade em escolher uma resposta deliberada em vez de uma automática quando confrontadas com essas emoções.
Publicado na prestigiada revista “Frontiers in Child and Adolescent Psychiatry”, o estudo também ressaltou que crianças com problemas iniciais de controle da raiva tendiam a receber dispositivos digitais com mais frequência como forma de contê-las. “Não é surpreendente que os pais apliquem com mais frequência a regulação emocional digital quando seus filhos têm problemas de regulação emocional”, nota Konok. “Mas nossos resultados destacam que essa estratégia pode levar ao agravamento de um problema pré-existente.”
Diante desses achados, os pesquisadores sugerem que especialistas em saúde e bem-estar infantil poderiam fornecer melhores orientações aos pais sobre como ajudar seus filhos a gerir suas emoções sem recorrer a tablets e smartphones. A professora Caroline Fitzpatrick, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade de Sherbrooke, no Canadá, reforça essa ideia:
“Muitas vezes vemos pais usando tablets ou smartphones para desviar a atenção da criança quando ela está chateada. As crianças são fascinadas pelo conteúdo digital, então essa é uma maneira fácil de acabar com as birras e é muito eficaz a curto prazo.”
Contudo, Fitzpatrick alerta: “Se aumentarmos a conscientização sobre os dispositivos digitais como ferramentas inadequadas para curar acessos de raiva, a saúde mental e o bem-estar das crianças serão grandemente beneficiados”.
Este estudo traz à tona a necessidade de se repensar o papel dos dispositivos digitais na criação dos filhos e reforça a importância das interações humanas no desenvolvimento emocional saudável. Como pais e cuidadores, é essencial estarmos atentos às necessidades emocionais das crianças e buscarmos métodos mais saudáveis e eficazes para ajudá-las a lidar com suas emoções.
Em suma, o uso excessivo de dispositivos digitais como forma de managemento emocional pode estar criando gerações de crianças menos preparadas para enfrentar os desafios emocionais da vida. A capacidade de uma criança de regular suas emoções pode ter um impacto profundo em seu futuro, influenciando tudo, desde suas relações pessoais até seu sucesso acadêmico e profissional.
Abordar essa questão com a atenção que merece implica fornecer apoio e orientação adequada aos pais, promovendo métodos positivos e interações reais que ajudem as crianças a aprender e crescer emocionalmente. Afinal, a chave para um desenvolvimento saudável está nas mãos daqueles que zelam pelo bem-estar infantil – e isso vai muito além do simples toque de uma tela.