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O órgão de fiscalização da publicidade do Reino Unido, a Advertising Standards Agency (ASA), tomou a decisão de remover centenas de anúncios de clínicas de cirurgia estética no exterior e de vacinas para perda de peso. Essa medida foi tomada devido ao risco que esses anúncios representavam, principalmente por mirarem em transformações chamadas de “múmias”. A situação foi detalhada em um artigo do jornal O Independente.
A ASA está atualmente removendo cerca de 100 anúncios inseguros ou enganosos por dia de medicamentos vendidos apenas com receita médica. A maior parte dessas ações é direcionada a promoções de Botox e vacinas para perda de peso, que têm atraído um grande número de consumidores devido a práticas de publicidade questionáveis.
Desde fevereiro deste ano, a autoridade tem intensificado a remoção de anúncios de cirurgias estéticas, especialmente de clínicas no exterior que tentam atrair pacientes do Reino Unido. Jessica Tye, gerente de operações de investigação da ASA, comentou para o O Independente: “Eles estão veiculando anúncios de cirurgia plástica no exterior, principalmente para clínicas na Turquia, mas não exclusivamente… O Instagram e o Facebook parecem ser um grande espaço para as clínicas usarem, para atrair pessoas.”
Tye explicou que essas clínicas utilizam alegações ou imagens que exploram as inseguranças corporais das pessoas. Muitas vezes, as cirurgias oferecidas envolvem pacotes complexos, como o de “transformações de múmias”, que combinam cirurgia de mama e lipoaspiração.
“É uma operação muito séria, então é muito importante que os anúncios dessas clínicas não incentivem as pessoas a tomarem decisões precipitadas”, ressaltou Tye. Além disso, ela destacou que as promoções frequentemente contêm referências a “ofertas promocionais” e incentivos para “agir agora” para economizar dinheiro. Segundo Tye, “Isso não é aceitável quando as pessoas precisam de tempo e espaço para realmente pensar se isso é a coisa certa para elas.”
Os anúncios também têm a característica de utilizar personagens gráficos e palavras alegres para sugerir que os procedimentos cirúrgicos são “basicamente, férias com alguma cirurgia”. Este tipo de abordagem trivializa a gravidade dos procedimentos e pode induzir o público a decisões inadequadas.
Um caso que exemplifica bem esses problemas foi o de um influenciador do TikTok que falava sobre cirurgia estética sem limitar a idade do público que poderia ver as postagens, o que levou a uma intervenção da ASA. Esse tipo de promoção imprudente é uma preocupação crescente, pois muitos jovens são influenciados pelas redes sociais.
Na semana passada, médicos no conselho geral anual da Associação Médica Britânica levantaram preocupações sobre o Serviço Nacional de Saúde (NHS) ser sobrecarregado devido às complicações relacionadas ao aumento do turismo cirúrgico. Esse fenômeno resulta em pacientes buscando procedimentos estéticos no exterior e retornando ao Reino Unido com complicações, exigindo tratamento adicional.
No mês passado, o diretor médico do NHS, Stephen Powis, fez um alerta contra o uso de injeções para perda de peso, tratando especialmente daqueles que desejam estar “prontos para a praia”. Segundo ele, essas práticas podem ser perigosas e devem ser desencorajadas.
A ASA, com o uso de uma nova ferramenta de inteligência artificial, conseguiu intensificar a remoção de anúncios perigosos. Essa ferramenta escaneia milhares de anúncios online e auxilia na identificação de conteúdos impróprios que promovem medicamentos vendidos somente com receita médica. Como resultado, o órgão regulador tem removido 100 anúncios por dia.
Tye comentou sobre a seriedade da situação, “Levamos isso muito a sério, embora nossa área de atuação seja publicidade, sabemos que há uma preocupação real de outras pessoas sobre os danos que podem ocorrer às pessoas ao tomar esses produtos.” Ela acrescentou que não é aceitável anunciar uma vacina para perda de peso, embora a promoção de consultas médicas o seja.
Além disso, na semana passada, a ASA tomou medidas contra anúncios que faziam alegações enganosas sobre suplementos que, supostamente, poderiam ajudar nos sintomas da menopausa. Essa ação faz parte de um projeto contra promoções de medicamentos prescritos, que muitas vezes fazem alegações não comprovadas sobre seus benefícios.
Outro problema identificado pela ASA está relacionado a anúncios que aparecem em sites voltados para crianças. Essa prática pode expor um público jovem a produtos e serviços inadequados, aumentando a necessidade de medidas regulatórias rigorosas.
O trabalho da ASA é crucial para garantir que o público britânico não seja ludibriado por anúncios enganosos e potencialmente perigosos. A crescente eficácia da agência também reflete nas políticas mais rigorosas de plataformas como Instagram e Facebook, que são amplamente utilizadas por essas clínicas para promover seus serviços.
É essencial que os consumidores fiquem atentos e questionem a validade das alegações feitas em anúncios, especialmente quando se trata de intervenções de saúde. Os anúncios devem ser informativos e verificados, e os consumidores devem ser encorajados a fazer escolhas informadas.
O jornalismo desempenha um papel fundamental na exposição dessas práticas enganosas e na defesa dos direitos dos consumidores. O apelo ao apoio ao jornalismo independente é um reconhecimento do valor que essas reportagens trazem para uma sociedade informada e crítica.
Paralelamente, médicos e especialistas em saúde devem continuar seus esforços para educar o público sobre os riscos associados a procedimentos médicos inadequadamente promovidos. Promover um ambiente de saúde seguro e informado é uma responsabilidade compartilhada por todos os setores envolvidos.
A ASA continua a monitorar e agir contra anúncios enganosos para proteger o público contra práticas publicitárias imprudentes. A colaboração entre reguladores, profissionais de saúde e jornalistas é vital para manter a integridade e a segurança no setor de saúde e bem-estar.
Com o apoio da sociedade, o esforço para regulamentar e controlar a publicidade de produtos e serviços de saúde pode avançar, assegurando que todos tenham acesso a informações precisas e seguras. A importância de uma abordagem cautelosa e informada não pode ser subestimada em um mundo onde a publicidade está cada vez mais voltada para o digital e as redes sociais.