Esperança de Vida Após Diagnóstico de Demência: Um Estudo Abrangente
A demência é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e o entendimento sobre a expectativa de vida após o diagnóstico é crucial, tanto para pacientes quanto para seus familiares e cuidadores. Um novo estudo publicado no BMJ traz à tona dados importantes sobre a sobrevivência de pessoas diagnosticadas com demência, revelando como a idade, o tipo de demência e a localização geográfica influenciam a expectativa de vida.
O Estudo em Foco
Entre 1984 e 2024, pesquisadores do Centro Médico da Universidade Erasmus MC, na Holanda, revisaram 235 estudos que examinaram a sobrevivência de mais de 5,5 milhões de indivíduos diagnosticados com demência. Os dados coletados, juntamente com 79 estudos sobre admissão em lares de idosos que envolveram 352.990 pessoas, fornecem um panorama abrangente sobre a expectativa de vida em diferentes contextos.
Taxa Média de Sobrevivência
Os resultados indicam que a expectativa de vida média após o diagnóstico de demência varia significativamente. Em média, as pessoas diagnosticadas com demência podem esperar viver entre dois e nove anos, mas essa duração é influenciada principalmente pela idade no momento do diagnóstico. Por exemplo:
- Homens Diagnosticados aos 65 Anos: A expectativa de vida é de aproximadamente 5,7 anos.
- Homens Diagnosticados aos 85 Anos: A expectativa de vida cai para cerca de 2,2 anos.
- Mulheres Diagnosticadas aos 65 Anos: Elas podem esperar viver até 8,9 anos após o diagnóstico.
- Mulheres Diagnosticadas aos 85 Anos: A sobreviva média é de 4,5 anos.
Esses dados revelam uma tendência importante: as mulheres, em média, têm uma expectativa de vida mais longa após o diagnóstico de demência, embora sejam frequentemente diagnosticadas mais tarde na vida, o que pode afetar a duração da sua sobrevivência.
Tipos de Demência e Expectativa de Vida
Os pesquisadores também destacaram que o tipo específico de demência pode influenciar a sobrevida. As pessoas que sofrem de doença de Alzheimer, por exemplo, parecem viver, em média, 1,4 anos a mais do que aqueles diagnosticados com outras formas de demência, como demência vascular ou demência frontotemporal.
Influência Geográfica
Além das variáveis de idade e tipo de demência, o estudo revelou diferenças geográficas significativas na expectativa de vida após o diagnóstico. As pessoas na Ásia, por exemplo, podem viver, em média, 1,4 anos a mais do que aquelas na Europa ou nos Estados Unidos, refletindo as disparidades nos sistemas de saúde, estilos de vida e fatores culturais.
Transição para Lares de Idosos
Outro aspecto relevante do estudo é a análise do tempo que os pacientes diagnosticados com demência esperam viver em casa antes da admissão em lares de idosos. A pesquisa identificou que:
- Tempo Médio em Casa: Os pacientes costumam viver em casa por cerca de 3,3 anos após o diagnóstico.
- Mudanças para Longe dos Lares: Aproximadamente 13% dos pacientes se mudaram para uma casa de repouso no ano seguinte após o diagnóstico. Esse número subiu para 57% após cinco anos.
Essas estatísticas são preocupantes, mostrando que muitos pacientes e suas famílias enfrentam a difícil decisão de transitar para um lar de idosos durante um período relativamente curto após o diagnóstico.
Implicações do Diagnóstico
O Dr. Alex Osborne, chefe de políticas da Alzheimer’s Society, enfatiza a importância do diagnóstico precoce, que pode proporcionar acesso a cuidados essenciais e tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida e a longevidade dos pacientes. De acordo com ele:
"Um terço das pessoas que vivem com demência em Inglaterra não possui diagnóstico, e isso precisa mudar."
Isso destaca a necessidade de um esforço contínuo para aumentar as taxas de diagnóstico e garantir que mais pessoas tenham acesso a tratamento e suporte.
Críticas à Políticas de Saúde
A pesquisa sobre a expectativa de vida de pessoas diagnosticadas com demência não ocorre em um vácuo, mas em um contexto de políticas de saúde em constante evolução. Recentemente, o Secretário de Saúde e Assistência Social, Wes Streeting, enfrentou críticas por não estipular prazos claros para a reforma dos serviços de saúde destinados ao tratamento de pacientes com demência.
Uma Reforma Necessária
Sir Andrew Dilnot, um economista notável que tem trabalhado em reformas na política de cuidado a longo prazo, expressou preocupação com a falta de uma abordagem assertiva à assistência social. Em suas declarações, ele ressalta que a reforma deve ser uma prioridade, dada a crescente população de idosos:
"Três anos para produzir um relatório final é um período de tempo inadequado."
Isso enfatiza a urgência de uma revisão e reformulação das políticas de saúde pública relacionadas ao cuidado de pessoas com demência.
Conclusão
O entendimento sobre a expectativa de vida após o diagnóstico de demência é vital para pacientes e famílias. Os dados apresentados neste estudo não apenas iluminam as variáveis que afetam a sobrevivência, mas também ressaltam a necessidade de um diagnóstico precoce e de intervenções adequadas.
Esta análise serve como um apelo a profissionais de saúde, formuladores de políticas e a sociedade em geral para que prestem atenção a esse crescente desafio de saúde pública. A mudança nas políticas não pode esperar, e é fundamental que ações concretas sejam tomadas para melhorar o futuro daqueles que são afetados por essa condição debilitante.
Recursos Adicionais
- Alzheimer’s Society
- BMJ (British Medical Journal)
- Imagens utilizadas neste artigo são provenientes de sites de domínio público ou com licença de uso gratuito.
Esta cobertura tem o objetivo de informar e sensibilizar sobre uma questão de grande relevância social, e a busca por soluções eficazes deve ser uma prioridade coletiva para o bem-estar de todos os que enfrentam esta difícil realidade.