O Ring da Amazon está interrompendo um programa que permitia à polícia obter facilmente imagens da câmera da campainha de seus clientes.
A empresa ainda permitirá que a polícia acesse algumas imagens, e poderá fazê-lo sem o consentimento dos proprietários.
Mas a empresa disse que encerrará o suporte para uma ferramenta específica que permite que departamentos de polícia e outros obtenham vídeos gravados com câmeras Ring Doorbell.
As câmeras de campainha inteligentes pretendem ser uma forma de as pessoas verem quem está em suas casas sem precisar abrir a porta e se comunicarem com elas de longe. Mas provaram ser uma ferramenta útil de vigilância, dado o seu acesso a partes íntimas das casas das pessoas.
Em uma postagem no blog na quarta-feira, Ring disse que encerrará a ferramenta “Solicitação de Assistência”, que permite que departamentos de polícia e outros órgãos de segurança pública solicitem e recebam vídeos capturados pelas câmeras da campainha por meio do aplicativo Ring’s Neighbors.
A empresa não informou o motivo da mudança, que entrará em vigor a partir desta semana.
Eric Kuhn, chefe do Neighbours, disse no anúncio que as agências de aplicação da lei ainda poderão fazer postagens públicas no aplicativo Neighbours. A polícia e outras agências também podem usar o aplicativo para “compartilhar dicas úteis de segurança, atualizações e eventos comunitários”, disse Kuhn.
A atualização é a última restrição que Ring fez à atividade policial no aplicativo Neighbours, após preocupações levantadas por vigilantes da privacidade sobre o relacionamento da empresa com os departamentos de polícia de todo o país.
Os críticos sublinharam que a proliferação destas relações – e a capacidade dos utilizadores de denunciar o que consideram comportamento suspeito – pode transformar os bairros num local de vigilância constante e levar a mais casos de discriminação racial.
Em uma tentativa de aumentar a transparência, a Ring mudou sua política em 2021 para tornar as solicitações policiais publicamente visíveis por meio de seu aplicativo Neighbours. Anteriormente, as agências de aplicação da lei podiam enviar e-mails privados aos proprietários do Ring que moravam perto de uma área de investigação ativa solicitando imagens de vídeo.
“Agora, esperamos que o Ring fique totalmente fora do negócio de fornecer solicitações policiais casuais e sem mandado de filmagens para seus usuários”, disse Matthew Guariglia, analista sênior de política do grupo de direitos digitais Electronic Frontier Foundation, em um comunicado na quarta-feira.
As agências de aplicação da lei ainda podem acessar vídeos usando um mandado de busca. Ring também mantém o direito de compartilhar imagens sem o consentimento do usuário em circunstâncias limitadas.
Em meados de 2022, a Ring divulgou que entregou 11 vídeos à polícia sem avisar os usuários naquele ano devido a circunstâncias “exigintes ou emergenciais”, uma das categorias que permitem o compartilhamento de vídeos sem a permissão dos proprietários. No entanto, Guariglia, da Electronic Frontier Foundation, disse que o grupo continua cético quanto à capacidade da polícia e da empresa de determinar o que é ou não uma emergência.
No verão passado, a Ring concordou em pagar US$ 5,8 milhões para chegar a um acordo com a Comissão Federal de Comércio sobre alegações de que a empresa permitia que funcionários e prestadores de serviços acessassem vídeos de usuários. Além disso, a agência disse que o Ring tinha práticas de segurança inadequadas, o que permitia que hackers controlassem contas e câmeras de consumidores. A empresa discorda dessas afirmações.
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