A Apple está enfrentando uma ação judicial movida por dois funcionários que alegam que a empresa paga mulheres sistematicamente menos em comparação com seus colegas do sexo masculino. O processo, apresentado no tribunal estadual de São Francisco, afirma que as práticas de contratação e avaliação de desempenho da gigante da tecnologia contribuem para essa disparidade salarial.
Segundo o processo, mais de 12 mil funcionários atuais e ex-funcionários da Apple poderiam se qualificar como parte da ação coletiva. Uma das demandantes, Justina Jong, afirmou ter se sentido motivada a participar da ação quando descobriu que um colega estava recebendo um salário substancialmente maior pelo mesmo trabalho. Jong encontrou o formulário fiscal W2 do colega deixado em uma impressora e viu que ele ganhava quase US$ 10 mil a mais do que ela.
A ação alega que as discrepâncias salariais começam no processo de contratação. Antes de 2018, a Apple supostamente solicitava informações sobre salários anteriores dos candidatos para definir os níveis salariais. Após uma lei estadual proibir essa prática, a empresa passou a pedir aos candidatos que compartilhassem suas expectativas salariais como referência. Ambos os sistemas, de acordo com a ação, resultam em salários mais baixos para as mulheres.
Os advogados dos demandantes argumentam que, se a empresa paga menos às mulheres, não pode se justificar dizendo que elas estavam dispostas a aceitar menos dinheiro. A Apple, por sua vez, afirma que alcançou a igualdade salarial desde 2017, mas o processo continua em andamento.
Além das disparidades salariais, a ação também alega que o sistema de avaliação de desempenho da Apple é tendencioso, dando aos homens pontuações inflacionadas em métricas subjetivas, como trabalho em equipe e liderança. Em 2022, funcionárias da empresa relataram casos de abuso sexual e intimidação, recebendo uma resposta considerada apática do departamento de Recursos Humanos.
O movimento #AppleToo, lançado no ano anterior, visava aumentar a conscientização sobre a discriminação, racismo e sexismo na empresa, inspirado pelo movimento #MeToo. A Apple não é a primeira grande empresa de tecnologia a enfrentar ações relacionadas à igualdade de gênero e remuneração. Em 2022, o Google concordou em pagar US$ 118 milhões para resolver uma ação coletiva por discriminação salarial contra mulheres. E este ano, a Oracle concordou em pagar US$ 25 milhões para resolver seu próprio caso de igualdade de remuneração.
Essas ações legais destacam questões significativas relacionadas à igualdade de remuneração, discriminação de gênero e cultura organizacional nas empresas de tecnologia, levantando questões importantes sobre práticas de recrutamento, avaliação de desempenho e ambiente de trabalho. A transparência e a equidade salarial estão cada vez mais em foco, e as empresas enfrentam pressão para abordar e corrigir disparidades salariais e culturais dentro de suas organizações.