Um cinema no centro de Londres gerou polêmica ao cancelar a exibição de um filme escrito por inteligência artificial (IA) depois de reações públicas negativas. O Prince Charles Cinema, localizado no Soho, tinha programado a estreia mundial de “O Último Roteirista”, escrito pelo ChatGPT, para o domingo.
No entanto, devido às preocupações levantadas pelo público em relação ao uso da IA no lugar de um escritor humano, o cinema anunciou a interrupção da exibição em um comunicado divulgado no Instagram. O cinema explicou que a decisão de cancelar a exibição foi tomada após receber um feedback negativo sobre a escolha de utilizar a IA para a criação do roteiro do filme.
O filme, criado por Peter Luisi, foi divulgado como o primeiro longa-metragem escrito inteiramente por IA. A história acompanha um roteirista renomado chamado Jack, que tem sua vida virada de cabeça para baixo ao se deparar com um avançado sistema de escrita de roteiros baseado em IA. Inicialmente cético, Jack logo percebe que a IA consegue igualar e até superar suas habilidades, demonstrando uma compreensão profunda das emoções humanas.
Diante do dilema entre o orgulho e o medo da obsolescência, Jack se depara com a oportunidade de colaborar com a IA para escrever um filme exclusivo. Os criadores do filme afirmaram em seu site que a intenção era explorar a capacidade da inteligência artificial de criar um longa-metragem inteiro e avaliar a qualidade do resultado quando produzido por uma equipe profissional.
A utilização da IA nas artes tem sido tema de intensos debates, especialmente após a greve do sindicato de atores dos EUA, Sag-Aftra, no ano passado, que paralisou Hollywood devido a uma série de questões, incluindo a falta de regulamentação no uso da IA. A indústria do entretenimento enfrenta desafios relacionados à proteção dos direitos autorais, especialmente diante de programas como o ChatGPT, que dependem fortemente de material protegido por direitos autorais para seu funcionamento.
O impacto da IA no setor artístico e a necessidade de garantir uma compensação justa para os artistas cujo trabalho é utilizado por sistemas de IA têm sido objeto de debates políticos, com deputados pedindo intervenções governamentais para assegurar que os criadores recebam uma remuneração justa pelo uso de seu trabalho por parte dos sistemas de IA. Este debate demonstra a crescente necessidade de regulamentação e proteção dos direitos autorais no contexto da produção de conteúdo gerado por IA.
Em suma, o cancelamento da exibição de “O Último Roteirista” evidencia as controvérsias e desafios associados ao uso da inteligência artificial no processo criativo, levantando questões éticas e legais que demandam atenção e discussão por parte da indústria do entretenimento e das autoridades governamentais. A interseção entre a arte e a tecnologia continua a desafiar as normas estabelecidas, exigindo novas abordagens e regulamentações para garantir um ambiente justo e equitativo para todos os envolvidos.